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Rio Javaés (TO) recebe primeira estação do Brasil para monitoramento remoto de captações de água em rios da União
O rio Javaés, que banha Goiás e Tocantins, é o primeiro de domínio da União (interestadual ou transfronteiriço) do Brasil a contar com uma estação telemétrica para o monitoramento remoto de captações de suas águas. O equipamento foi instalado na captação da Fazenda Dois Rios, em Lagoa da Confusão (TO), como parte do projeto Monitoramento Remoto das Captações no Rio Javaés, realizado em parceria pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pelo Instituto de Atenção às Cidades da Universidade Federal do Tocantins (IAC/UFT).
Com o monitoramento automático das vazões, a ANA poderá acompanhar diretamente da sua sede, em Brasília, as 25 captações do rio Javaés ao longo de 19 pontos, pertencentes a 14 empreendimentos, podendo acompanhar em tempo real se os usuários de água estão cumprindo a regra operativa especial que vigora desde 2013 em virtude da escassez hídrica na região: a Resolução ANA nº 1.483/2013, que contém o marco regulatório da bacia. Além disso, os usuários poderão monitorar suas próprias captações e o cumprimento da regra operativa para evitar sanções.
Em seu trabalho, o IAC/UFT desenvolveu a ferramenta Gestão de Alto Nível (GAN), que realiza a medição, telemetria (medição a distância) e disponibilização de dados de vazões e volumes consumidos pelas captações de água. A GAN será instalada em todas as captações da bacia do Javaés e poderá ser aplicada em outras regiões com conflitos pelo uso da água pelo Brasil.
Com a instalação da estação piloto no rio Javaés, em operação desde 10 de setembro, a ANA testa a tecnologia em um rio de domínio da União pela primeira vez. Após essa fase de testes, a previsão é que todas as 25 bombas de captação dos usuários do rio Javaés recebam as estações até o fim de 2020 com a aplicação da GAN.
“A instalação da estação piloto no rio Javaés é um marco para a fiscalização dos usos da água no Brasil. Com esse sistema pretende-se monitorar, em tempo real e remotamente, as vazões e volumes de água captados pelos usuários outorgados, o que, associado com as informações de nível do curso d’água, poderá permitir uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos. Além disso, os usuários, cientes dos níveis de disponibilidade de água e de demanda, tornam-se mais conscientes e participativos na gestão em prol da segurança hídrica”, afirmou o superintendente de Fiscalização da ANA, Alan Vaz Lopes.
O coordenador geral do projeto e presidente do IAC/UFT, Felipe Marques, destacou que: “o objetivo principal da solução é reduzir as incertezas sobre a disponibilidade e a demanda dos recursos hídricos. O GAN é a primeira plataforma que unifica o monitoramento da disponibilidade e da demanda hídrica. Com essa tecnologia é possível monitorar remotamente e em tempo real o nível e a vazão dos cursos d’água e a vazão e o volume das captações. E com essas informações disponíveis fica mais preciso o diagnóstico de problemas, as ações corretivas também ficam mais objetivas e os resultados tendem a aparecer naturalmente.”
O coordenador técnico, Dr. Ary Henrique (IAC/UFT) explicou que “a parceria com a ANA tem sido desafiadora, uma vez que a cooperação dos especialistas da ANA e da UFT leva essa tecnologia para outro patamar. Quando se trabalha com inovação e tecnologia não existem limites. A sociedade tem interesse e ao se conhecer melhor a situação dos recursos hídricos poderá contribuir de formas que a gente ainda nem imagina.”
A tecnologia desenvolvida pelo IAC/UFT já está implantada em todas as 94 bombas da bacia do rio Formoso (TO), que é estadual. As informações de vazão e consumo são disponibilizadas em tempo real por meio do site https://gan.iacuft.org.br. O sistema também conta com o aplicativo GAN – Gestão de Alto Nível para dispositivos móveis, disponível na App Store e Google Play.
Para o usuário Anilton Bardini da Fazenda Dois Rios, que já conhece o sistema de monitoramento GAN, pois também capta no rio Formoso, “a tecnologia é bem-vinda e todos os usuários têm consciência que as informações são importantes para garantir uma melhor gestão da água em benefício de todos. Nós produtores precisamos de segurança quanto ao uso da água e esse monitoramento das captações associado às regras semafóricas do nível d’água nos leva a um uso mais responsável, que dá mais tranquilidade a todos”, concluiu.