Notícias
Projeto estima número de pessoas infectadas com base em amostras de esgoto e apresenta monitoramento indireto da pandemia
Na oitava semana (de 1º a 5 de junho) de coleta de amostras de esgoto nos sistemas de esgotamento sanitário das bacias do ribeirão do Onça e do ribeirão do Arrudas houve novo crescimento no percentual de resultados positivos para o novo coronavírus, causador do COVID-19.
O Boletim de Acompanhamento nº 05/2020 do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, divulgado nesta sexta-feira, 12 de junho, aponta que em 100% das amostras da bacia do Onça foi detectado o vírus (ante 80% na quinta e sexta semanas de coletas). Na bacia do Arrudas, também foi registrado aumento da presença do vírus, que passou de 71% na semana anterior para os atuais 86%. Acesse o Boletim nº 05/2020 à esquerda em Itens Relacionados.
Neste quinto Boletim, o projeto realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) com o INCT ETEs Sustentáveis (UFMG) – em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) e com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) – traz uma novidade: fornecer dados sobre a pandemia que não se conseguem obter observando somente o número de casos confirmados de pacientes com COVID-19. Com isso, o projeto já atinge um de seus principais objetivos, que é apresentar o monitoramento indireto da pandemia.
Segundo os pesquisadores, a carga viral estimada a partir do monitoramento do esgoto indica que seja superior a 20 mil pessoas infectadas com o novo coronavírus, o equivalente a aproximadamente 0,6% de toda a população interligada aos sistemas de esgotamento e tratamento das bacias do Arrudas e do Onça. Atualmente, segundo dados da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, foram contabilizados 2,3 mil pacientes que testaram positivo para COVID-19 na região abrangida pelo estudo.
“Essa conclusão do estudo reforça a importância desse projeto, que permite monitorar indiretamente o vírus, dando ferramentas aos gestores e profissionais da saúde e da infectologia para sua tomada de decisão. Sabemos que a testagem em massa da população, considerando quem apresenta sintomas e quem não apresenta sintomas, ainda é algo distante de ser feito nas cidades brasileiras. Esse mapeamento vai além da testagem das pessoas que desenvolvem COVID-19 e apresentam sintomas. Inclui também os assintomáticos, além daqueles que tiveram sintomas leves e não recorreram ao sistema de saúde”, afirma Christianne Dias, diretora-presidente da ANA.
A pesquisa também trouxe dados sobre a incidência do vírus entre as sub-bacias de esgotamento das cidades pesquisadas. Nesta semana, em três regiões monitoradas na bacia do Onça, foram registados os maiores percentuais de população infectada, estimada entre 3% e 7% da população local.
“Os resultados e as estimativas com base no monitoramento do esgoto indicam tendência de aumento da população infectada pelo novo coronavírus em Belo Horizonte”, informam os pesquisadores.
Sobre o projeto-piloto
O projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de monitorar a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e Contagem, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça. Assim é possível gerar dados para a sociedade e ajudar gestores na tomada de decisão.
O trabalho, que terá duração inicial de dez meses, é fruto de Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre a ANA e o INCT ETE Sustentáveis/ UFMG. Com a continuidade dos estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus nas diferentes regiões analisadas para entender a prevalência e a dinâmica de circulação do vírus.
Os pesquisadores participantes no estudo reforçam que não há evidências da transmissão do vírus através das fezes (transmissão feco-oral) e que o objetivo da pesquisa é mapear os esgotos para indicar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos a partir do esgoto como uma ferramenta de aviso precoce para novos surtos, por exemplo.
Com os dados obtidos, será possível saber como está a ocorrência do novo coronavírus por região, o que pode direcionar a adoção ou não de medidas de relaxamento consciente do isolamento social. Também pode possibilitar avisos precoces dos riscos de aumento de incidência do COVID-19 de forma regionalizada, embasando a tomada de decisão pelos gestores públicos.
Futuramente os resultados preliminares da pesquisa serão divulgados na forma de mapas dinâmicos, que possibilitarão acompanhamento da evolução espacial e temporal da ocorrência do vírus.
Outras ações de comunicação do andamento dos trabalhos também estão em curso. No dia 22 de maio foi realizado o webinar COVID-19: Monitoramento do Esgoto como Ferramenta de Vigilância Epidemiológica. O vídeo com as palestras e as apresentações está disponível no canal da ANA no YouTube.
Sobre os parceiros do projeto-piloto
ANA
Criada pela Lei nº 9.984/2000, a ANA é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a Agência Nacional de Águas emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.
INCT ETEs Sustentáveis/UFMG
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.
IGAM
Criado em 1997, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) é vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Integra o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) na esfera federal. Na estadual, faz parte do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA). Entre as responsabilidades do IGAM estão a proteção, gestão e controle dos recursos hídricos; monitoramento da qualidade da água; autorização e acompanhamento de obras que interferem nos cursos d'água; emissão de alertas de tempestades; fiscalização, monitoramento e elaboração de relatórios técnicos.
COPASA
Criada pelo Estado de Minas Gerais, em 1963, com a denominação Companhia Mineira de Água e Esgoto (COMAG), em 1974, com a incorporação do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (DEMAE), teve o nome social alterado para Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA).
Com sede em Belo Horizonte, a Companhia é uma sociedade de economia mista, de capital aberto, controlada pelo Governo do Estado de Minas Gerais, que tem como objetivo planejar, projetar, executar, ampliar, remodelar, administrar e explorar serviços públicos de abastecimento de água e de esgoto, podendo atuar no Brasil e no exterior.
Atualmente, a COPASA detém a concessão do sistema de abastecimento de água de 641 municípios, sendo que destes, também, detém a concessão do sistema de esgotamento sanitário de 311 municípios mineiros.
SES-MG
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) é responsável pela gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Estado. Além disso, uma das metas da SES-MG é apoiar os municípios no processo de planejamento, fortalecimento e gestão do SUS para o desenvolvimento de políticas de saúde focadas no cidadão e em consonância com as especificidades regionais, com transparência e participação social. Para outras informações sobre saúde, acesse: www.saude.mg.gov.br.