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Projeto Monitoramento COVID Esgotos apresenta estudo sobre métodos para coleta de amostras de esgoto e protocolo de segurança para esse tipo de coleta
De acordo com o Boletim Temático nº 5/2021 do projeto Monitoramento COVID Esgotos, foi verificada uma diferença na capacidade de detectar o novo coronavírus nas amostras de esgotos coletadas em Belo Horizonte pelos métodos simples e composto. Nesse sentido as amostras compostas, que utilizaram amostradores automáticos para coleta, tiveram concentrações 20% superiores do vírus em 66% do total de amostras, quando comparadas às amostras simples correspondentes, coletadas manualmente.
Enquanto as amostras compostas foram capazes de detectar o novo coronavírus com concentração acima do limite de detecção do método em 71% dos casos, nas amostras simples analisadas o percentual foi de 58%. Assim, o Boletim Temático conclui que a amostragem composta é mais recomendada quando for possível, mas que o método simples também pode ser utilizado quando o monitoramento do esgoto não tiver recursos disponíveis para a amostragem composta.
Para as menores sub-bacias investigadas – dos córregos Ressaca/ Sarandi (SBA-05) e dos córregos Mergulhão/ Tijuco (SOB-02) – a porcentagem de amostras compostas com concentração superior às simples foi ainda mais acentuada: 83% para o ponto SBA-05 e 75% para o SOB-02. Isso sugere que a amostragem composta é mais indicada e representativa para sub-bacias menores.
Considerando as três campanhas de amostragem realizadas pelo projeto, uma grande variação das concentrações virais foi observada, ao longo do tempo, tanto para as amostras simples quanto para as compostas. No entanto, a maior variação entre as três campanhas foi verificada para as amostras simples, quando comparadas às suas amostras compostas correspondentes coletadas na mesma hora.
Protocolo de segurança e proteção individual
Outra novidade do projeto Monitoramento COVID Esgotos é o lançamento do protocolo Segurança e Proteção Individual em Operações que Envolvam a Coleta e o Manuseio de Amostras de Esgoto. O material busca apresentar as principais diretrizes associadas à segurança e à proteção individual de trabalhadores do setor de saneamento envolvidos em atividades de coleta e manuseio de amostras de esgoto, considerando a realidade de países em desenvolvimento. As diretrizes propostas no protocolo se baseiam nas experiências geradas pelo projeto-piloto.
Sobre o projeto
O projeto Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de monitorar a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário de Belo Horizonte, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça. Assim, esse trabalho busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19.
Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto da capital mineira podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.
Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.
Sobre os parceiros do projeto
ANA
Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.
Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.
INCT ETEs Sustentáveis
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.