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Chuvas abaixo da média e/ou temperaturas acima do normal contribuíram para piora no Nordeste e Sudeste, enquanto chuvas acima da normalidade melhoraram condição da seca no Sul.
Monitor de Secas registra abrandamento da seca no Sul e aumento da área e da severidade do fenômeno no Nordeste e Sudeste em janeiro
Em janeiro deste ano, as áreas com seca tiveram aumento em nove das 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor de Secas em comparação a dezembro de 2020: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro. Já em 13 unidades da Federação, 100% de seus territórios registraram seca no último mês: Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. O Piauí se manteve com cerca de 92% de sua área com seca em relação ao mês anterior. A redução de áreas com o fenômeno aconteceu somente no Maranhão.
Em termos de severidade do fenômeno, 12 estados tiveram o agravamento da seca entre dezembro e janeiro: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Em outras quatro unidades da Federação, o grau de severidade da seca se manteve: Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Rio de Janeiro. Por outro lado, em quatro estados aconteceu uma atenuação da seca: Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
No Nordeste, devido às chuvas abaixo da média e ao aumento das temperaturas em janeiro, houve leve piora na condição de seca, marcada pelo aumento das áreas com seca fraca e/ou moderada em parte do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia. A porção de seca grave no norte de Sergipe também se expandiu, passando a influenciar parte do território alagoano. Por outro lado, houve uma pequena redução da área com seca moderada no Maranhão, devido à ocorrência de chuvas acima da normalidade.
Já no Sudeste houve piora do cenário, com o agravamento da seca em áreas de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. O Monitor também identificou o aumento de áreas com seca fraca em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Tanto as precipitações abaixo da normalidade quanto as temperaturas acima da média contribuíram para esse cenário. Apenas no sudoeste de São Paulo ocorreu melhora, com suavização da seca, devido às precipitações acima da média.
No Sul a atenuação da severidade da seca aconteceu nos três estados, devido às chuvas acima da normalidade nos últimos meses. Pelo mesmo motivo, houve mudança na linha de impactos, deixando grande parte do Paraná e Santa Catarina sob impactos somente de longo prazo.
Nas demais áreas cobertas pelo Monitor, em decorrência das precipitações abaixo da média, a seca grave avançou em Tocantins assim como a seca fraca passou a existir em 100% do Distrito Federal. Em contrapartida, ocorreu abrandamento do fenômeno em boa parte de Mato Grosso do Sul, devidos aos acumulados de chuvas acima da média.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor agora abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, os quatro do Sudeste, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. O processo de expansão continuará em 2021 até alcançar todas as 27 unidades da Federação.
Situação por unidade da Federação
Alagoas
Em Alagoas houve uma piora da seca no Sertão, marcada pelo agravamento do fenômeno, que passou da categoria moderada para grave, severidade que não era registrada desde fevereiro de 2020 e que foi identificada em 6,71% do território alagoano. Também aconteceu a expansão da área com seca moderada no estado, que passou de 14,12% para 16,99% entre dezembro e janeiro. A piora das condições se deve às anomalias negativas de precipitação observadas e ao aumento nas temperaturas em janeiro. Desde outubro de 2020, há seca em 100% do território. Os impactos permanecem de curto prazo no Litoral e no Agreste e de curto e longo prazo no Sertão.
Bahia
Na Bahia, houve uma pequena expansão da área com seca moderada no sudoeste do estado e o avanço da seca fraca no centro e sul, em decorrência de chuvas abaixo da média no último trimestre. Em comparação a dezembro, o território baiano registrou um aumento da área com seca fraca (de 31,33% para 40,3%). Apesar disso, o estado teve a maior área livre de seca no Brasil em janeiro (42,53%). Além disso, não houve alteração nas linhas de impacto.
Ceará
No Ceará, devido às chuvas abaixo da média no último trimestre, a seca fraca avançou em direção ao litoral e se agravou na área central e no extremo sul, passando à categoria de moderada em 29,19% do estado. Este grau de severidade não ocorria desde fevereiro de 2020, quando 57,97% do território enfrentou o fenômeno. A área total com seca subiu de 83,17% para 90,82% do Ceará entre dezembro e janeiro – esta é a maior área com o fenômeno no estado desde dezembro de 2019 (92,05%). Permanecem os impactos de curto e longo prazo na porção central do estado e de curto prazo nas demais áreas.
Distrito Federal
No Distrito Federal, devido às chuvas abaixo da média, houve avanço da seca fraca para o leste. Com isso, a área com o fenômeno saltou de 41,65% para 100% do território do DF entre dezembro e janeiro – a última vez que todo o Distrito Federal teve seca aconteceu em setembro de 2020. Os impactos são somente de curto prazo e o DF teve a seca mais branda do Centro-Oeste em janeiro.
Espírito Santo
No Espírito Santo as chuvas abaixo da média contribuíram para o avanço da seca fraca na divisa com Minas Gerais e houve o agravamento da seca na porção nordeste, que passou de fraca para moderada. O Monitor identificou o aumento da área com seca, entre dezembro e janeiro, que passou de 97,34% para 100% do território capixaba, o que não acontecia desde abril de 2019 – mês de entrada do estado no Mapa do Monitor. Outra mudança registrada foi o retorno da seca moderada em 20,07% do Espírito Santo, grau de severidade que não acontecia desde dezembro de 2019. Os impactos continuam de curto prazo.
Goiás
Em Goiás, entre dezembro e janeiro, ocorreu expansão da área com seca grave na porção central e norte do estado, além do avanço da seca moderada na parte nordeste e leste, em consequência da piora nos indicadores de seca. Em janeiro, Goiás voltou à marca de 100% do seu território coberto com seca, o que não acontecia desde setembro de 2020. Além disso, aconteceu um aumento das áreas com seca grave (de 47,28% para 55,09%) e Goiás teve a maior área com seca extrema no Centro-Oeste em janeiro (6,41%). Os impactos são de curto prazo no leste e nordeste e de curto e longo prazo nas demais áreas.
Maranhão
No Maranhão, houve recuo da seca fraca no norte e redução das áreas com seca moderada no centro e no oeste do estado, resultante da melhora nos indicadores de seca. Os impactos da seca são de curto e longo prazo no centro e sul, bem como de curto prazo no restante do estado. Entre as 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor, somente o Maranhão registrou redução da área com seca, que passou de 77,79% para 74,09% em comparação a dezembro. Esta é a menor área com registro do fenômeno no estado desde julho de 2020 (53,65%). Além disso, houve uma redução da área com seca moderada de 27,62% para 18,24% no mesmo período.
Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, em razão das chuvas acima da média e da melhora nos indicadores, aconteceu a atenuação da seca com o recuo das áreas com seca extrema (de 12,12% para 5,37%). Também houve a redução das porções com seca grave (de 64,91% para 37,34%) e o consequente aumento da seca moderada (de 22,97% para 50,17%) em grande parte do estado entre dezembro e janeiro. Além disso, o estado registrou seca fraca (7,12%) pela primeira desde sua entrada no Mapa do Monitor em julho de 2020 – desde então a seca é identificada em 100% do território sul-mato-grossense. Os impactos são longo prazo no sul e sudeste e de curto e longo prazo nas demais áreas do estado.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, em decorrência de chuvas abaixo da normalidade, houve avanço da seca grave – no oeste do estado – e da seca fraca no leste e noroeste. Também aconteceu o agravamento da seca no noroeste mineiro, que passou de fraca para moderada. Entre dezembro e janeiro, o Monitor registrou um forte aumento da área total com seca de 70,65% para 95,04% – maior território com o fenômeno desde dezembro de 2019 (96,72%). No período aconteceu uma elevação das áreas com seca grave (de 11,21% para 16,21%), seca moderada (de 15,83% para 18,39%) e seca fraca (de 43,65% para 60,44%). Os impactos são de longo prazo no nordeste do estado; de curto e longo prazo em porções ao norte, oeste e sul; e de curto prazo nas demais áreas.
Paraíba
Na Paraíba, houve avanço da seca fraca na área central e avanço da seca moderada para oeste, em razão das chuvas abaixo da média e das temperaturas acima do esperado. Entre dezembro e janeiro o Monitor identificou o aumento da área total com seca de 82,66% para 100% – maior percentual desde março de 2020, quando toda a Paraíba também passou pelo fenômeno. Além disso, houve uma elevação da área com seca moderada em janeiro, que subiu de 36,61% para 46,06% do território paraibano. Os impactos da seca permanecem de curto e longo prazo na porção central e de curto prazo no restante do estado.
Paraná
No Paraná, em decorrência das chuvas acima da média e da melhora nos indicadores, houve o abrandamento da seca em grande parte do estado. No sudoeste a seca passou de extrema para grave, enquanto que no noroeste e na porção central a seca passou de grave para moderada. Entre dezembro e janeiro o Monitor registrou o fim das áreas com seca extrema (queda de 4,79% para 0%) pela primeira vez desde a entrada do Paraná no Mapa do Monitor em agosto de 2020. Também aconteceu uma forte redução da área com seca grave (de 92,93% para 39,78%) no período. Em janeiro o território paranaense teve as menores áreas com seca grave e seca extrema desde agosto de 2020. Os impactos são de curto e longo prazo em uma porção ao norte e no extremo sul, e de longo prazo no restante do estado.
Pernambuco
Em Pernambuco, ocorreu aumento das áreas com seca fraca e moderada, devido à combinação de chuvas abaixo da normalidade e temperaturas acima da média no último trimestre. Segundo o Monitor, entre dezembro e janeiro houve um forte aumento da área com seca (de 76,26% para 100%) com elevação da área com seca moderada (de 9,13% para 36,67%). Desde março de 2020, esta é a primeira vez que o estado tem 100% de seu território com seca. Permanecem os impactos de curto e longo prazo no Sertão do São Francisco e nordeste do estado, e de curto prazo nas demais áreas.
Piauí
No Piauí, a ocorrência de chuvas abaixo da média em janeiro contribuiu para o agravamento da seca numa pequena área no leste do estado, na divisa com Pernambuco, onde a seca passou de fraca para moderada. De acordo com o Monitor, entre dezembro e janeiro o estado se manteve com uma área total de seca de aproximadamente 92%, com um aumento da seca moderada (de 10,64% para 15,48%). Os impactos continuam de curto e longo prazo no centro e sul, e de curto prazo nas demais áreas.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, entre dezembro e janeiro, houve avanço da seca fraca no norte e surgimento de seca fraca no sul do estado, em razão das chuvas abaixo da média e da piora nos indicadores. O Monitor identificou um forte aumento da área com seca de 21,88% para 65% – maior área com seca desde setembro de 2020 (100%). Além disso, houve um forte aumento da área com seca fraca, que passou de 15,32% para 58,44%. Por outro lado, em janeiro o Rio de Janeiro teve a maior área sem seca do Sudeste: 35%. Os impactos da seca são apenas de curto prazo.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, houve avanço da seca moderada para oeste, devido às precipitações abaixo da média no último trimestre. Tanto em dezembro quanto janeiro, o estado registrou seca em 100% de seu território. Além disso, o Monitor registrou um forte aumento da área com seca moderada entre dezembro e janeiro, que subiu de 23,62% para 49,94%. Os impactos permanecem de curto e longo prazo em parte do Seridó e Borborema, e de curto prazo nas demais áreas.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, chuvas acima da normalidade permitiram o abrandamento da seca em boa parte do estado, marcado pela diminuição das áreas com seca extrema e grave. Desde outubro 100% do território gaúcho registrou seca. Entre dezembro e janeiro, o Monitor identificou a redução da área com seca extrema (de 7,71% para 1,97%) e seca grave (de 78,87% para 69,7%). No entanto, o Rio Grande do Sul teve a seca mais severa do Sul em janeiro. Os impactos são de longo prazo em uma área no norte do estado e de curto e longo prazo nas demais áreas.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, em decorrência das chuvas acima da média, ocorreu atenuação da seca na maior parte do estado. No oeste, passou de extrema para grave; na porção central, passou de grave para moderada; e no leste a severidade da seca regrediu até duas categorias a partir do recuo das secas grave e moderada. Desde agosto de 2020, mês de entrada de Santa Catarina no Mapa do Monitor, o estado tem 100% de seu território com o fenômeno. Entre dezembro e janeiro aconteceu o fim da porção com seca extrema (de 13,39% para 0%) e redução da área com seca grave (de 56,26% para 32,17%). Os impactos agora são de curto e longo prazo no oeste e de longo prazo nas demais áreas.
São Paulo
Em São Paulo houve um avanço da seca grave na porção central do estado em consequência das chuvas abaixo da média e da piora nos indicadores. Em contrapartida, houve atenuação da seca no sudoeste paulista, onde passou de grave para moderada. Desde novembro de 2020, entrada de São Paulo no Mapa do Monitor, 100% de seu território registra seca. Entre dezembro e janeiro houve uma elevação da área com seca grave (de 32,56% para 43,41%). Além disso, São Paulo teve a maior área com seca extrema no Brasil no Mapa do Monitor de janeiro (11,53%). Os impactos são de curto prazo no Vale do Paraíba; de longo prazo no sudoeste e sudeste; e de curto e longo prazo no restante do estado.
Sergipe
Em Sergipe, houve expansão da área com seca grave entre dezembro e janeiro, como resultado da combinação de chuvas abaixo da normalidade e temperaturas acima da média nos últimos meses. Já no litoral, devido às precipitações acima da média, a seca suavizou, passando de moderada para fraca. Desde outubro 100% do território sergipano passa por seca. Entre dezembro e janeiro o Monitor identificou o aumento da área com seca grave (de 11,29% para 22,43%). Esta é a maior área com seca grave desde janeiro de 2020 (24,09%) e o percentual é o maior entre os estados do Nordeste em janeiro deste ano. Os impactos continuam de curto prazo no sul e leste, e de curto e longo prazo no restante do estado.
Tocantins
Em Tocantins ocorreu um avanço da seca grave na região central e no sudeste do estado, em razão das chuvas abaixo da média e da piora nos indicadores de seca. Desde setembro 100% do território tocantinense passa por seca. Entre dezembro e janeiro o Monitor registrou um forte aumento de área com seca grave (de 27,58% para 48,9%), sendo a maior área com seca grave desde a entrada de Tocantins no Mapa do Monitor em dezembro de 2019. Os impactos permanecem de curto prazo no sudeste, e de curto e longo prazo nas demais áreas.
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 19 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por esse tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para incluir outras regiões.
O primeiro estado de fora do Nordeste a entrar no Mapa do Monitor foi Minas Gerais em novembro de 2018. No ano seguinte o Espírito Santo aderiu em maio e Tocantins entrou em dezembro. Em 2020, passaram a integrar o Mapa: Rio de Janeiro (maio), Goiás (junho), Distrito Federal (junho), Mato Grosso do Sul (julho), Paraná (agosto), Rio Grande do Sul (agosto), Santa Catarina (agosto) e São Paulo (novembro).
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno.