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Monitor de Secas registra março com melhora nas condições de seca nos 12 estados monitorados
Em março deste ano aconteceram chuvas acima da média no Nordeste, com acumulados superiores a 100mm em relação à média em grande parte dos estados nordestinos. No Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins as chuvas variaram de normal a um pouco acima da média histórica para o mês. Como resultado das precipitações, os 12 estados acompanhados pelo Monitor de Secas tiveram redução da gravidade e/ou das áreas com seca.
Por outro lado, em alguns pontos do noroeste e centro do Maranhão, sudeste do Piauí, litoral e Zona da Mata de Pernambuco, além do litoral sul da Bahia foram registradas chuvas abaixo do esperado para o mês. O mesmo aconteceu em março no centro de Tocantins, Triângulo Mineiro e sul de Minas Gerais.
Com as chuvas de março, o Monitor de Secas registrou uma redução das áreas com seca no Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins. No caso do Espírito Santo, o estado não registra nenhuma área com seca. Também houve a redução da gravidade das secas que acontecem em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins.
O Monitor de Secas tem uma presença cada vez mais nacional, abrangendo os nove estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins. Os próximos estados a se juntarem ao Monitor serão Goiás e Rio de Janeiro, que já estão em fase de testes e treinamento de pessoal. Esta ferramenta realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores de seca e nos impactos causados pelo fenômeno em curto e/ou longo prazos. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes nos últimos 1 a 6 meses. Para secas acima de 12 meses, os impactos são de longo prazo.
O Monitor vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessado tanto no site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS.
Situação por estado
Alagoas
Em Alagoas os acumulados de chuva em março variaram de normal a acima da média histórica, tendo ocorrido chuvas superiores à média em mais de 100mm em algumas localidades. Com base nos indicadores de curto e longo prazo, houve redução da severidade da área de seca no Sertão Alagoano (oeste do estado), que passou de grave para moderada. Também houve uma redução da área com seca moderada no Agreste (centro do estado), que agora apresenta seca fraca. Assim, Alagoas deixou de registrar seca grave. Os impactos permanecem como de curto prazo no leste e de longo prazo no restante do território.
Bahia
Na Bahia, os volumes de chuva em março superaram a média histórica em praticamente todo o território, com precipitações acima de 100mm em relação à média no centro-norte, centro-sul, Vale do São Francisco e parte do extremo oeste baiano. De forma geral, apenas em alguns pontos do sul baiano foram observadas precipitações abaixo da média. Com base nos indicadores curto e longo prazo, houve uma significativa redução da área de seca grave na faixa central do estado, que agora apresenta seca moderada. A área total com seca na Bahia se manteve semelhante à registrada pelo Monitor em fevereiro. Os impactos agora são de curto e longo prazo na faixa leste e de longo prazo no restante da Bahia.
Ceará
No Ceará, os totais mensais de chuvas variaram de normal a acima da normalidade em quase todo o estado, com exceção da faixa centro-norte, onde ocorreram precipitações abaixo da média. Esta condição com predomínio de anomalias positivas de chuva, somado à melhora nos indicadores de curto e longo prazo, contribuíram para a redução da severidade da seca, que agora apresenta apenas condição de seca fraca, com impactos de longo prazo. Além de ter deixado de registrar áreas com seca moderada, o Ceará teve uma redução na área com o fenômeno.
Espírito Santo
No Espírito Santo o mês de março também foi marcado por chuvas acima da média. Com base nos indicadores, houve a extinção da pequena área de seca fraca no extremo norte. Com isso, o estado é o único dos 12 acompanhados pelo Monitor de Secas que não registra o fenômeno em seu território. Desde que entrou no Mapa do Monitor, em abril de 2019, esta é a primeira vez que o Espírito Santo está sem áreas de seca.
Maranhão
No Maranhão, o acumulado de chuva em março ficou acima da média em grande parte do estado, com exceção do oeste maranhense, onde foram observadas precipitações abaixo da média. Ainda assim, devido às chuvas ocorridas nos últimos quatro meses, houve a melhora dos indicadores de curto e longo prazo e um recuo da área com seca fraca em parte do oeste e sul maranhense e diminuição no grau de severidade da seca, que passou de moderada a fraca em parte do sul e leste do estado. Com isso, o Maranhão deixou de ter áreas com seca moderada e redução da área com o fenômeno.
Minas Gerais
Em Minas Gerais foram observados valores de chuvas acima da média, exceto no Triângulo Mineiro e no sul e sudoeste de Minas, que ainda possuem áreas com seca grave. Com base nos indicadores, houve o fim da seca fraca na faixa oeste do estado entre o Triângulo Mineiro e o noroeste. Outro destaque foi a regressão da seca grave para seca moderada no norte e no noroeste de Minas, enquanto no extremo nordeste do estado (Jequitinhonha), próximo à divisa com a Bahia, houve piora na condição de seca, passando de moderada para grave. Os impactos associados à seca em Minas Gerais sofreram alterações no norte do estado, passando a ser apenas de longo prazo. Em comparação a fevereiro, houve a redução das áreas com seca e a gravidade do fenômeno no estado.
Paraíba
Na Paraíba, as chuvas ficaram acima da média em todo o estado, o que contribuiu para uma melhora na condição de seca em algumas localidades, como no Sertão (noroeste do estado), onde a seca passou de moderada para fraca. No Planalto da Borborema e parte do Agreste (região central), também houve redução no grau de severidade da seca, passando de grave para moderada. Os impactos de curto prazo permanecem no leste. No restante do estado, predominam os de longo prazo. Assim, a Paraíba teve a redução da gravidade do fenômeno com o fim das áreas com seca grave e o surgimento de regiões com seca fraca. Todo o território paraibano segue registrando seca.
Pernambuco
Em Pernambuco, de forma geral, predominaram chuvas acima da média em março, exceto em parte da mesorregião da Zona da Mata (região leste), onde ocorreram precipitações abaixo da média. Em algumas localidades do Sertão e Agreste, os desvios positivos foram de mais de 300mm acima da normalidade, o que refletiu em uma melhora nos indicadores de seca de curto e longo prazo e no índice de saúde da vegetação. Nessa área houve diminuição da intensidade da seca, que passou de grave a moderada. Na porção noroeste do estado (divisa com Piauí, Ceará e Paraíba) a seca regrediu de moderada para fraca. Os impactos permanecem de curto prazo no leste do estado. Nas demais áreas são de longo prazo. Pernambuco permanece com seca em todo seu território, mas com intensidade menor devido ao fim das áreas com seca grave e o surgimento de áreas com seca fraca.
Piauí
No Piauí, a chuva ocorrida oscilou entre a normalidade e valores ligeiramente acima do esperado para este mês em praticamente todo o estado. Apenas no sudeste piauiense foram observadas chuvas em torno de 50mm abaixo da média. Os maiores volumes de chuva ocorreram no norte e centro-norte, onde os acumulados chegaram a ultrapassar 450mm, registrando um desvio positivo médio de 150mm. Tal condição favoreceu uma melhora nos indicadores de seca, tanto de curto como de longo prazo, bem como no índice de saúde da vegetação. Assim, houve uma redução da área de seca fraca no centro-norte e diminuição de seca grave para moderada e de seca moderada para fraca em parte do sudeste e sudoeste piauiense. Em relação aos tipos de impactos associados à seca, restam apenas os de longo prazo. O Piauí, assim, teve uma redução da gravidade da seca e das áreas com o fenômeno.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, os volumes de chuva observados em março oscilaram de normal a ligeiramente acima da média em quase todo o estado, com exceção de alguns pontos no Seridó Ocidental, onde ocorreram precipitações abaixo da média. Houve uma melhora nos indicadores de curto e longo prazo, o que refletiu na atenuação no grau de severidade de seca no Seridó Oriental, que passou de grave para moderada, bem como na redução de seca moderada para seca fraca na grande faixa que cobre o centro e oeste potiguar. Com relação aos impactos, apenas no litoral sul permanecem os impactos de curto prazo. Nas demais áreas do território potiguar restam apenas impactos de longo prazo. Em suma, o Rio Grande do Norte teve redução da área com seca e a diminuição da gravidade do fenômeno, que deixou de ser predominantemente de seca moderada e passou a ser sobretudo de seca fraca.
Sergipe
Em Sergipe os totais mensais de chuvas registrados em março foram acima da média histórica. Com base nos indicadores de curto e longo prazo, houve diminuição na severidade de seca no Sertão Sergipano (oeste do estado), que passou de grave para moderada, bem como uma redução na severidade da seca em parte do Agreste e leste sergipano, que passou de moderada para fraca. Os impactos permanecem de curto prazo apenas na faixa leste. No restante do estado, são de longo prazo. Basicamente Sergipe permanece com seca em todo seu território, mas com o fim das áreas com seca grave. A severidade do fenômeno também diminuiu em comparação a fevereiro, pois a seca deixou de ser predominantemente moderada e passou a ser sobretudo fraca em Sergipe.
Tocantins
No Tocantins, os acumulados de chuva em março variaram de normal a abaixo da normalidade no oeste e centro-sul, enquanto que as maiores anomalias de precipitações acima da média foram observadas no norte do estado. Com base nos indicadores e nos desvios positivos de precipitação, houve recuo da condição de seca grave para seca moderada entre o Jalapão (leste do estado), Porto Nacional (centro) e Miracema do Tocantins (centro-oeste). Além disso, no noroeste (divisa com o Pará) houve diminuição na severidade da seca, que passou de moderada para fraca. Outro destaque foi a extinção da área de seca fraca na divisa com o Maranhão. Nas demais áreas, por não ter ocorrido uma melhora satisfatória dos indicadores, o cenário de seca permanece inalterado. Quanto aos impactos associados, na maior parte do Tocantins estes passaram a ser de longo prazo, enquanto no oeste do estado permanecem sendo de curto e longo prazos. Ou seja, Tocantins teve redução da área com seca e a diminuição da severidade do fenômeno.
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 12 estados a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por este tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para a inclusão de estados de outras regiões. Em novembro de 2018 e em junho de 2019, Minas Gerais e Espírito Santo foram incorporados.
O Monitor de Secas foi concebido com base o no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação do mapa final. A metodologia utilizada no processo faz com que o mapa do Monitor indique uma seca relativa, ou seja, as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.