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Monitor de Secas registra fevereiro sem seca extrema pela primeira vez desde 2015
Em fevereiro deste ano aconteceram chuvas acumuladas de mais de 200mm em Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, noroeste do Piauí, noroeste e sul do Ceará. Já no Espírito Santo e leste de Minas foram registrados menos de 100mm. Quanto mais ao leste nordestino, os volumes acumulados foram menores, chegando a 50mm em Alagoas, Bahia e Sergipe. No centro-sul de Minas e no nordeste do Maranhão, as chuvas ultrapassaram os 400mm em janeiro. Com as chuvas de fevereiro, a área com seca extrema entre a Bahia e Pernambuco passou a registrar seca grave, um grau abaixo. Assim, fevereiro de 2020 é o primeiro mês de fevereiro desde 2015 a não registrar nenhuma área com seca extrema desde o início do Monitor de Secas.
Com as chuvas de fevereiro, o Monitor de Secas registrou uma redução das áreas com seca na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Norte. Também houve a redução da gravidade das secas que acontecem na Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Em Alagoas a extensão e a gravidade da seca permanecem semelhantes à situação registrada pelo Monitor de Secas em janeiro.
O Monitor de Secas tem uma presença cada vez mais nacional, abrangendo os nove estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins. Os próximos estados a se juntarem ao Monitor serão Goiás e Rio de Janeiro, que já estão em fase de testes e treinamento de pessoal. Esta ferramenta realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores de seca e nos impactos causados pelo fenômeno em curto e/ou longo prazos.
O Monitor vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessado tanto no site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS.
Situação por estado
Alagoas
Em Alagoas, as chuvas de fevereiro não foram capazes de alterar a situação da seca entre janeiro e fevereiro deste ano. O território alagoano permanece com seca grave no oeste, seca moderada na região central do estado e seca fraca na faixa litorânea. Alagoas foi o único dos 12 estados acompanhados pelo Monitor de Secas que não teve melhora em fevereiro.
Bahia
A Bahia apresentou sua porção centro-sul com chuvas abaixo da média e uma faixa no extremo norte com precipitações acima da média, o que permitiu o aumento da área sem seca relativa. Com base nos indicadores de curto e longo prazo, a área com seca extrema na divisa com Pernambuco deixou de existir. A seca severa foi expandida em direção ao sul do Estado devido à piora nos indicadores de curto e longo prazo e devido à saúde da vegetação nessa região. Continuam presentes no estado os impactos de curto, longo e curto e longo prazo.
Ceará
O Ceará apresentou chuvas acima da média, exceto na região da Ibiapaba (oeste), em que a chuva ficou abaixo da média histórica. As regiões norte (incluindo a serra do Maciço de Baturité) e sul (Cariri cearense) tiveram precipitação acima de 230mm, sendo que a média nessas áreas é um pouco superior a 200mm. Na parte central do Ceará (sertão Central e Inhamuns) o acumulado de chuva chega aos 100mm e na faixa leste em torno de 125mm (região do Jaguaribe). O volume de chuva em fevereiro permitiu a extinção da área com seca severa no sudoeste do estado (parte do Sertão Central e Inhamuns) e região leste (Jaguaribe), assim como recuo tanto de seca fraca como a seca moderada. Os impactos são de longo prazo no centro-sul do Ceará.
Espírito Santo
O sul capixaba teve chuvas acima da média com cerca de 180mm, enquanto o litoral norte registrou precipitações abaixo do esperado para fevereiro, variando entre 20 e 110mm. Com base nos indicadores de curto e de longo prazo, houve um recuo da seca fraca no Espírito Santo, sendo que o fenômeno ainda está presente somente no extremo noroeste do estado na divisa com a Bahia e Minas Gerais.
Maranhão
O Maranhão apresenta média histórica de chuvas acima de 200mm em grande parcela do estado, com exceção da parte central e sul que tem acumulado inferior. As chuvas de fevereiro ficaram cerca de 40mm acima da média histórica e houve precipitações abaixo da medida no sudoeste do estado na divisa com Pará e Tocantins. Houve recuo da seca fraca no oeste e centro-leste maranhense, além de recuo da seca moderada em parte do sul. Os impactos agora são somente de longo prazo na região centro-sul do estado. Devido às chuvas dos últimos três meses e melhora dos indicadores de curto prazo, não há mais impactos de curto prazo no Maranhão.
Minas Gerais
Na maior parte do território de Minas Gerais houve chuvas acima da média, principalmente no centro-sul. As maiores precipitações ocorreram no sudeste, com volumes de próximos a 580mm e no sul de Minas, com precipitações superiores a 450mm, o que representa o dobro da média daquela região. No oeste (Triângulo Mineiro e oeste Mineiro), no sudeste (Zona da Mata) e na faixa central (parte da Central Mineira e da Região Metropolitana de Belo Horizonte), os volumes registrados estiveram entre 300 e 400mm. Por outro lado, no setor centro-norte, algumas áreas registraram a ocorrência de poucas chuvas, abaixo de 50mm, chegando a valores inferiores a 20mm no nordeste do estado.
Com base nos indicadores, houve recuo da seca moderada no oeste (Triângulo Mineiro e noroeste de Minas) e no sul do estado. Também devido à melhoria de todos os indicadores, tanto de curto como de longo prazo, houve um recuo da seca fraca na faixa central e no leste do estado. Por outro lado, no nordeste ocorreu avanço da seca grave devido à piora nos indicadores e os baixos valores de precipitação ocorridos. Permanecem no estado os impactos de longo prazo e curto e longo prazo.
Paraíba
As chuvas em fevereiro na Paraíba seguiram o padrão da média histórica com maiores acumulados no oeste paraibano superior a 200mm e menores volumes no leste com predominância de 75mm. No centro-oeste houve chuvas acima da média com pontos com acumulado de 100 mm acima da média histórica e no centro-leste houve chuvas em torno da média histórica do mês. No oeste do estado a seca severa foi reduzida (Sertão, Alto Sertão Cariri/Curimataú) e a seca moderada avançou em direção ao litoral. Os impactos são de longo prazo no oeste paraibano, de curto e longo prazos na parte central do estado e de curto prazo no litoral.
Pernambuco
Assim como em janeiro, Pernambuco apresentou uma grande variabilidade pluviométrica em fevereiro, com variação de aproximadamente 20mm no litoral a 250mm no Sertão. A região litorânea registrou o maior desvio de chuvas abaixo da média. Com base nos indicadores de curto e longo prazo e na saúde da vegetação, houve diminuição da intensidade da seca grave no Sertão e permanecendo no Agreste. Na região de Petrolina, na divisa com a Bahia, a seca severa foi extinta com base nos indicadores de curto e longo prazo. Os impactos de curto e longo prazo continuam nas regiões de Petrolina e do Agreste (região central), os de curto prazo na região litorânea e os impactos de longo prazo em grande parte do Sertão de Pernambuco.
Piauí
No Piauí as chuvas se concentraram no norte do estado, onde foram registrados acumulados acima de 230mm. Nas demais áreas, houve precipitações de até 175mm. A chuva ocorrida foi em torno da normalidade em grande parte do estado. Já no sudeste piauiense, na divisa com Pernambuco e Bahia, as chuvas ficaram abaixo da média. A precipitação dos últimos três meses melhorou os indicadores tanto de curto como os de longo prazo, assim como a saúde da vegetação, o que foi suficiente para a extinção da seca grave da área central em direção ao Ceará. Os impactos de curto e longo prazos continuam nas regiões da Serra da Capivara, parte da Chapada das Mangueiras e sul da área do Vale dos Rios Piauí e Itaueiras. Em fevereiro, nas áreas onde antes havia impactos de curto prazo, foram observados apenas impactos relacionados ao longo prazo.
Rio Grande do Norte
No sudoeste do Rio Grande do Norte ocorreram chuvas até 120mm acima da média histórica para fevereiro, o que contribuiu para uma melhora nos indicadores de curto e longo prazo. Assim, houve a redução da área com seca grave no estado. A ocorrência de precipitações em torno da média histórica no litoral norte permitiu o recuo da seca fraca nessa região. Com relação aos impactos, o oeste do Rio Grande do Norte está com impactos de longo prazo, a parte central com impactos de curto e longo prazos e a faixa litorânea apresenta impactos de curto prazo.
Sergipe
Sergipe apresentou acumulados de chuvas dentro da sua média histórica, que é inferior a 50mm em fevereiro em grande parte do território sergipano. Com base nos indicadores de curto e longo prazo, houve recuo da seca grave no sudoeste do estado. Permanecem os impactos de curto prazo a leste e de curto e longo prazos a oeste.
Tocantins
Em Tocantins, a área mais ao sul da região central e o extremo norte do estado apresentaram chuvas com mais de 100mm abaixo da média, apesar do grande volume de precipitações. Na porção mais ao norte da região central houve chuvas perto de 90mm acima da média histórica, enquanto nas demais regiões do estado as chuvas ficaram perto da média. Com base nos indicadores, tanto de curto como de longo prazo, houve diminuição de seca grave na divisa com a Bahia, Piauí e Maranhão, assim como na região central do estado. Já na porção sul de Tocantins foi registrada a redução de seca moderada devido aos indicadores de curto prazo e precipitações acima da média. Em grande parte de Tocantins os impactos continuam de curto e longo prazo. No sul e extremo nordeste, os impactos são de longo prazo.
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 12 estados a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por este tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para a inclusão de estados de outras regiões. Em novembro de 2018 e em junho de 2019, Minas Gerais e Espírito Santo foram incorporados.
O Monitor de Secas foi concebido com base o no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação do mapa final. A metodologia utilizada no processo faz com que o mapa do Monitor indique uma seca relativa, ou seja, as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.