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Distrito Federal e 15 estados registraram piora na condição de seca em relação a agosto. Paraná e Santa Catarina seguiram estáveis, enquanto o Rio Grande do Sul foi o único a apresentar melhora.
Monitor de Secas indica aumento e/ou agravamento da seca em setembro no Brasil
O Mapa do Monitor de Secas de setembro está disponível e indica o aumento das áreas com seca em 14 das 19 unidades da Federação acompanhadas: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. A redução de áreas com o fenômeno aconteceu somente no Rio Grande do Sul. Três estados que passam por forte seca permaneceram com 100% de seus territórios com o fenômeno em setembro: Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. A Bahia se manteve no patamar de 68% de sua área com seca.
Em termos de severidade do fenômeno, o Distrito Federal e 11 estados tiveram o agravamento da seca entre agosto e setembro: Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Tocantins. Em outros seis estados, o grau de severidade da seca se manteve: Ceará, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Nesse quesito, o Rio Grande do Sul foi o único estado do Mapa do Monitor a ter melhora na severidade do fenômeno.
A situação de seca mais severa registrada em setembro – seca extrema – aconteceu em Mato Grosso do Sul (24,08% de seu território), Paraná (8,6%) e Minas Gerais (2,92%). Já o estado que registrou as melhores condições foi o Rio Grande o Norte, que teve a menor área com seca (33,54%) e somente na intensidade fraca.
Setembro é climatologicamente seco em grande parte do Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Tocantins. As chuvas são inferiores a 30mm na maior parte dos estados nordestinos, norte de Minas Gerais, nordeste de Goiás, leste de Tocantins, Distrito Federal e centro-norte de Mato Grosso do Sul. Já no Sul e em alguns pontos do litoral de Pernambuco, Alagoas e Bahia; os volumes médios mensais de chuvas oscilam entre 120mm e 250mm.
Os maiores volumes de precipitação registrados em setembro de 2020, com valores acima de 150 mm, ocorreram em parte do Rio Grande do Sul, no sul e planalto catarinense, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e em alguns pontos no leste da Bahia. Por outro lado, houve ausência de precipitação ou acumulados inferiores a 30 mm em grande parte dos estados onde setembro é considerado um dos meses mais secos do ano.
As maiores anomalias de chuvas abaixo da média aconteceram em grande parte do Paraná e de Santa Catarina, além do noroeste e norte do Rio Grande do Sul. Em contrapartida, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o extremo sul catarinense e boa parte do Rio Grande do Sul (leste e região central) tiveram os maiores registros de precipitações acima da média. Nas demais áreas, as chuvas ficaram próximas da média de setembro.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor agora abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. O processo de expansão continuará até alcançar todas as 27 unidades da Federação.
Situação por unidade da Federação
Alagoas
Em Alagoas, houve a expansão da área de seca fraca no litoral norte, devido às chuvas abaixo da média nos últimos meses no leste do estado, com piora nos indicadores de curto prazo. Já em parte do Sertão e Agreste, em função das temperaturas acima da média ao longo do último trimestre, houve uma expansão da área de seca fraca, bem como o agravamento para uma condição de seca moderada em parte do Sertão do São Francisco. Os impactos são de curto prazo na faixa leste e de curto e longo prazo nas demais áreas. Na comparação entre agosto e setembro, a área com seca subiu de 57,31% para 77,28% do território alagoano – maior percentual desde maio de 2020, quando a seca chegou a 82,18% de Alagoas. A severidade do fenômeno também aumentou com o retorno da seca moderada (6,15%), o que não acontecia desde abril deste ano.
Bahia
Na Bahia, devido à piora nos indicadores de curto prazo, muito em função da temperatura acima da média, houve intensificação de áreas com seca no oeste do estado, que passaram à categoria de seca moderada. As demais áreas permaneceram com seca variando de fraca a grave. Também houve modificação da linha de impactos, que avançou para leste, onde são de longo prazo. No extremo sul baiano, os impactos são apenas de curto prazo, enquanto nas demais áreas eles são de curto e longo prazo. Entre agosto e setembro, a área com seca na Bahia permaneceu estável no patamar de 68% – menor desde agosto de 2015 (61,7%). Já a severidade do fenômeno aumentou com a elevação do território com seca moderada de 17,85% para 21,87% do estado.
Ceará
No Ceará, houve uma expansão da área de seca fraca no centro e no sul do estado. Os impactos são de curto e longo prazo na região central e de curto prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro aconteceu um forte aumento da área com seca fraca no território cearense, saltando de 40,29% para 62,32%. Esta é a maior área com seca desde fevereiro deste ano, quando 68,3% do estado registrou o fenômeno.
Distrito Federal
No Distrito Federal, a ausência de chuva nos últimos meses, combinada com as temperaturas acima da média em setembro, deixou os indicadores de seca negativos. Com isso, o Mapa do Monitor registra seca fraca em 100% do DF em setembro, sendo que esta é a primeira vez que o fenômeno é identificado no Distrito Federal desde sua entrada no Mapa em junho deste ano. Ainda assim, o DF teve a melhor condição de seca do Centro-Oeste em setembro.
Espírito Santo
No Espírito Santo, as chuvas acumuladas no trimestre ficaram abaixo da média, o que refletiu na piora dos indicadores de seca. Isso motivou a pequena expansão da área de seca fraca no sul capixaba. Os impactos permanecem de curto prazo. Entre agosto e setembro, a área com seca fraca aumentou no estado de 46,86% para 52,29%. Esta é a melhor situação do fenômeno no Sudeste em setembro.
Goiás
Em Goiás, a ocorrência de chuva abaixo do esperado e de temperaturas acima da média levou à piora dos indicadores de curto prazo. Por isso, houve expansão da área com seca fraca no leste goiano e a intensificação da condição de seca em parte do norte, centro e sul do estado. Com isso, aconteceu o aumento de um grau na categoria de seca em relação ao mês anterior. Os impactos permanecem de curto e longo prazo. Desde sua entrada no Mapa do Monitor em junho deste ano, em setembro Goiás registrou pela primeira vez 100% de seu território com seca. Além disso, a severidade do fenômeno aumentou com a ampliação das áreas com seca grave, que subiram de 40,39% para 49,34% entre agosto e setembro.
Maranhão
No Maranhão, em decorrência das altas temperaturas observadas no último mês e da piora nos indicadores de curto prazo, houve uma expansão da área de seca fraca para o noroeste e norte do estado. Além disso, o Monitor identificou a intensificação da seca no oeste, leste e extremo sul maranhense, que passou de fraca a moderada. Os impactos são de curto e longo prazo no centro do Maranhão e de curto prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, o estado teve o aumento de sua área com seca de 87,68% para 95,18% – esta é a maior área com seca desde janeiro de 2018, quando 100% do território maranhense teve seca. Além disso, a intensidade do fenômeno se agravou com a ampliação da área com seca moderada de praticamente zero (0,11%) para 23,77% do Maranhão.
Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, os desvios negativos de precipitação trimestral nas faixas norte e central resultaram no agravamento da situação de seca segundo os indicadores de curto prazo. Assim, no centro-norte do estado houve expansão da área com seca grave, assim como o agravamento da situação de seca no noroeste, que passou para a categoria de seca extrema – a segunda mais intensa na escala do Monitor. Os impactos continuam de longo prazo no sul e sudeste e de curto e longo prazo nas demais áreas do estado. Desde que entrou no Mapa do Monitor, em julho, Mato Grosso do Sul registra 100% do território com seca. Entre agosto e setembro, aconteceu um forte aumento da área com seca extrema, que saltou de 1,28% para 24,08% do território sul-mato-grossense. Este é o maior percentual de seca extrema do Mapa do Monitor de setembro e o estado tem a pior situação de seca do País no último mês.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, devido às temperaturas acima da média e às chuvas abaixo da normalidade em grande parte do estado, principalmente no centro-sul, houve piora nos indicadores de curto prazo. Por isso, as áreas de seca fraca se expandiram no noroeste e porção central de Minas, bem como aconteceu o aumento no grau de severidade da seca em parte do oeste e centro-sul. Os impactos passaram a ser de curto e longo prazo no norte do estado e permanecem de curto prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, a área total com seca em Minas Gerais subiu de 68,02% para 81,68% – maior parcela do território mineiro com o fenômeno desde dezembro de 2019 (96,72%). Em termos de severidade, a seca se agravou com a ampliação da área com seca grave, que passou de 5,09% para 12,2% do estado. Minas tem a pior situação do Sudeste em setembro por ser o único com partes de seu território com seca grave e seca extrema.
Paraíba
Na Paraíba, houve aumento das áreas com seca fraca e moderada na faixa centro-leste paraibana, onde os impactos são de curto e longo prazo. No extremo oeste do estado, também houve ligeiro aumento da área de seca fraca, onde predominam impactos de curto prazo. Entre agosto e setembro, área com seca na Paraíba saltou de 46,03% para 61,07% – maior porção com o fenômeno desde abril deste ano (75,22%). Além disso, o Monitor registrou o aumento da severidade da seca em território paraibano com a elevação da área com seca moderada de 7,67% para 16,43%.
Paraná
O Paraná registrou chuvas abaixo da normalidade em quase todo o estado. No entanto, não houve piora significativa nos indicadores de seca. Sendo assim, não houve alteração no traçado e os impactos permanecem de longo prazo na porção centro-oeste e de curto e longo prazo no restante do estado. Assim como em agosto, o Paraná registrou seca em 100% de seu território em setembro. Nos últimos dois meses, a severidade do fenômeno se mantém nos seguintes patamares: seca extrema (8,6%), seca grave (61,17%) e seca moderada (30,23%). Com isso, o Paraná registrou a pior condição de seca do Sul em setembro.
Pernambuco
Em Pernambuco, houve expansão da área de seca fraca no litoral sul e no Sertão, além da intensificação da seca em parte do Agreste, junto à divisa com a Paraíba, que agora é classificada como moderada. Os impactos do fenômeno são de curto e longo prazo no Sertão do São Francisco e nordeste pernambucano e apenas de curto prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, Pernambuco registrou o aumento da área total com seca de 54,29% para 70,27% - maior percentual desde abril deste ano (78,58%). Além disso, a severidade do fenômeno aumentou levemente com o retorno da categoria de seca moderada em 2,27% do estado.
Piauí
No Piauí, devido à piora nos indicadores de curto prazo, houve uma expansão da seca fraca para o norte e sua intensificação no extremo sul do estado, onde passou à categoria de seca moderada. Os impactos continuam de curto e longo prazo no centro e sul do estado e apenas de curto prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, a área com seca subiu de 79,29% para 92,11% no Piauí – maior percentual desde novembro de 2014 (99,94%). Em termos de severidade do fenômeno, houve a intensificação da seca com o aumento das áreas com seca moderada de 19,16% para 22,5% do estado. Além disso, o Piauí teve a pior condição de seca do Nordeste em setembro devido ao maior percentual de área com seca grave: 7,19%.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, embora tenham ocorrido chuvas acima da média na faixa litorânea, os indicadores não refletiram melhora suficiente para amenizar a situação de seca observada no estado. Os impactos permanecem de curto prazo. Entre agosto e setembro houve um leve aumento das áreas com seca, atingindo 100% do estado – primeira vez que isso acontece desde a entrada do Rio no Mapa do Monitor em maio deste ano. Em termos de severidade, o território fluminense registra uma estabilidade com cerca de 28% de seca moderada e o restante das áreas com seca fraca.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, houve um aumento da área de seca fraca na região central do estado. Os impactos são de curto e longo prazo em parte do Seridó e Borborema. Nas demais áreas, são de curto prazo. Entre agosto e setembro, aconteceu um aumento significativo da área com seca fraca no território potiguar, passando de 14,57% para 33,54% – maior percentual desde maio deste ano (42,56%). Apesar da expansão do fenômeno, o Rio Grande do Norte registrou a melhor condição de seca do Brasil no Mapa do Monitor de setembro.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, as chuvas acima da média no setor centro-leste do estado favoreceram a melhora nos indicadores de curto prazo, contribuindo para o recuo da área com seca fraca e a ampliação da área sem seca relativa no estado. Nesse mesmo setor, ocorreu a diminuição na área com seca moderada, que regrediu para seca fraca. Por outro lado, chuvas abaixo da normalidade no centro-sul do estado favoreceram a expansão da seca moderada nessa área. A linha que corta o Rio Grande do Sul na região central delimita impactos de longo prazo ao norte e de curto e longo prazo ao sul. Entre agosto e setembro, o estado foi o único com redução das áreas com seca, que caíram levemente de 89,56% para 86,68%. Em termos de severidade, também houve recuo com a diminuição das áreas com seca moderada de 27,47% para 20,49%. Com isso, o estado teve a melhor condição de seca do Sul em setembro.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, a chuva acima da média no sul do estado foi favorável à melhora nos indicadores de curto prazo sobre a região. Desse modo, os impactos da seca são de longo prazo no sul, centro e oeste do estado. Nas demais áreas, permanecem impactos de curto e longo prazo. Entre agosto e setembro, Santa Catarina registrou seca em 100% de seu território, sendo que a severidade do fenômeno permanece nos seguintes percentuais: seca fraca (1,56%), seca moderada (51,96%) e seca grave (46,48%).
Sergipe
Em Sergipe, ocorreu expansão da área de seca fraca no leste do estado, devido às chuvas abaixo da média nos últimos meses, que levaram à piora nos indicadores de curto prazo. Já no centro-oeste sergipano, houve intensificação da seca no Alto e parte do Médio Sertão, passando à categoria de seca moderada. Os impactos são de curto prazo no leste de Sergipe e de curto e longo prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, o estado teve um aumento significativo da área total com seca, que passou de 68,33% para 85,4%. Em termos de severidade do fenômeno, também houve sua intensificação com o retorno da categoria de seca moderada (19,13%), o que não acontecia desde maio deste ano.
Tocantins
Em Tocantins, ocorreram chuvas ligeiramente abaixo da média. Somadas às temperaturas acima da média, as precipitações resultaram na piora nos indicadores de curto prazo. Com isso, houve expansão da seca fraca no sudeste do estado e intensificação de um grau na categoria de seca no extremo norte, leste e centro-sul. Os impactos são de curto prazo no sudeste do estado e de curto e longo prazo nas demais áreas. Entre agosto e setembro, Tocantins registrou o aumento de 94,38% para 100% de seu território com seca – percentual que não era atingido desde fevereiro deste ano. Em termos de severidade, a seca se intensificou com a ampliação da área com seca grave de 10,95% para 16,79%.
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 18 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por esse tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para incluir outras regiões.
O primeiro estado de fora do Nordeste a entrar no Mapa do Monitor foi Minas Gerais em novembro de 2018. No ano seguinte o Espírito Santo aderiu em maio e Tocantins entrou em dezembro. Em 2020, passaram a integrar o Mapa: Rio de Janeiro (maio), Goiás (junho), Distrito Federal (junho), Mato Grosso do Sul (julho), Paraná (agosto), Rio Grande do Sul (agosto) e Santa Catarina (agosto).
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno.