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Boletim sobre El Niño informa sobre o fim do fenômeno climático e a alta probabilidade de La Niña em 2024
Enchentes de maio são citadas pelo 8º Painel El Niño 2023-2024 - Foto: Ricardo Stuckert/Banco de Imagens ANA
A 8ª edição do boletim Painel El Niño 2023-2024 – que atualiza mensalmente as informações sobre o monitoramento, previsões e impactos do fenômeno climático El Niño no Brasil – está disponível no site da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Conforme a publicação, a maioria dos modelos climáticos apontam para a condição de neutralidade da temperatura da superfície do Oceano Pacífico e, com isso, o El Niño deixou de ser registrado em junho de 2024 pela primeira vez desde junho de 2023. Em função dessa mudança de cenário, essa é a última versão do boletim.
Além disso, o 8º Painel El Niño cita as projeções do Instituto para Clima e Sociedade (IRI na sigla em inglês), segundo as quais existe uma probabilidade de 69% para formação do fenômeno climático La Niña a partir do 3º trimestre (julho a setembro) deste ano. O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacífico e alteração nos padrões de circulação atmosférica em todo o planeta, o que também produz efeitos no clima em todas as regiões do País. Ao contrário do El Niño, o La Niña é um fenômeno que consiste no resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico e é responsável tanto por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil quanto por secas no Sul.
O boletim é produzido pela ANA em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD).
De acordo com o 8º Painel El Niño, na região Sul ocorreram eventos de inundação com magnitude excepcional em maio, o que caracterizou o maior desastre por inundação no Rio Grande do Sul. Por outro lado, no Sudeste já existem estações em situação de estiagem na bacia hidrográfica do rio Doce (MG/ES). Já no rio Paraíba do Sul (SP/MG/RJ), apesar da situação de normalidade, as vazões estão em queda. Na bacia do rio Paraguai (MT/MS), formadora do Pantanal, ainda persiste situação de seca na principal estação de monitoramento, em Porto Murtinho (MS), ao sul da bacia.
Na região Norte as vazões estão em elevação nos afluentes do rio Amazonas ao noroeste da maior bacia hidrográfica do planeta, e em queda nos afluentes ao sul. Após um período de elevação das vazões na bacia do rio Acre (AC/AM), as vazões estão em níveis normais, mas com um viés de queda e tendência para a situação de estiagem. Na bacia do rio Branco (RR) houve a reversão da condição de estiagem para de normalidade com viés de subida do nível registrado nas estações de monitoramento nesse curso d’água. A bacia do rio Madeira (RO/AM) está em período de queda das vazões e com níveis próximos ou abaixo do mínimo histórico.
O destaque do 8º Painel El Niño para o Nordeste vai para a bacia do rio São Francisco (MG/GO/DF/BA/PE/AL/SE), que apresenta a maioria das estações em situação de estiagem, caracterizando o período seco na região. No caso do Centro-Oeste, com o período seco, a maioria das estações está em situação de estiagem na bacia do rio Tocantins (GO/DF/TO/MA/PA) e aquelas em condição de normalidade estão em recessão.
O boletim também traz avaliações sobre o comportamento dos principais rios e reservatórios durante todo o período de El Niño. Nos rios Madeira, Tocantins, Xingu e São Francisco, entre junho de 2023 e junho de 2024, as vazões naturais dos aproveitamentos hidrelétricos ficaram abaixo da média de longo termo (MLT) em todo o período. O armazenamento nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 78,4% em 1º de junho de 2024, com aumento de apenas 0,01% em relação ao início de maio e 10,9% abaixo do valor armazenado em junho de 2023. Outro ponto informado pelo boletim é que o volume equivalente dos reservatórios da região Nordeste teve um aumento de seu armazenamento de 9% desde o fim de abril, atingindo 59% em 1º de junho de 2024 - aproximadamente 7% a mais do que em junho de 2023, início da caracterização do El Niño em 2023.
No período de influência do El Niño, entre junho de 2023 e abril de 2024, o Monitor de Secas mostrou a mudança da situação de seca em todo o País. No Norte, as áreas com seca aumentaram e a gravidade da seca passou de fraca a extrema em algumas regiões, enquanto no Sul as áreas com seca moderada a extrema desapareceram gradualmente. Na região Nordeste ocorreram áreas com seca grave, que retrocederam a partir de março deste ano.
De março para abril de 2024, o Monitor de Secas indicou redução da gravidade de seca em diversas áreas, como no sudoeste do Amazonas; noroeste e norte de Mato Grosso; interior do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Alagoas; além do sul da Bahia. Porém, persiste a situação de seca extrema em áreas no interior do Amazonas e oeste de Mato Grosso, assim como o quadro de seca grave em Roraima, interior do Amazonas, sul de Rondônia, norte e sul de Mato Grosso e interior de Tocantins.
O Painel El Niño 2023-2024 começou a ser disponibilizado mensalmente desde setembro do ano passado no site da ANA (https://www.gov.br/ana/pt-br/sala-de-situacao/todos-os-boletins-mensais-1/todos-os-boletins-mensais/todos-os-boletins-mensais) com as informações mais atualizadas acerca do fenômeno para, assim, apoiar os órgãos federais, estaduais e distritais na tomada de decisões. O documento é resultado do trabalho realizado em parceria pelos órgãos nacionais responsáveis pelo monitoramento, regulação do uso das águas, gestão de riscos e previsão do clima e tempo.
Plano de Contingência
Tendo em vista os impactos do El Niño sobre os recursos hídricos e usos múltiplos das águas, a ANA elaborou um Plano de Contingência, aprovado pela Diretoria Colegiada em junho de 2023. As medidas que já foram implementadas são a instalação as Salas de Crise das Regiões Norte e Nordeste. Além disso, foi dada continuidade à Sala de Crise da Região Sul. As reuniões envolvem a participação de diversas instituições envolvidas na gestão de recursos hídricos e riscos de desastres e são transmitidas ao vivo pelo canal da ANA no YouTube.
Assessoria Especial de Comunicação Social (ASCOM)
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
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