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Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram baixa carga do novo coronavírus em seus esgotos. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas, mas com tendência de queda
O Boletim de Acompanhamento nº 07/2021 da Rede Monitoramento COVID Esgotos , com dados até 16 de outubro, semana epidemiológica 41, identificou baixas cargas do novo coronavírus em quatro capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife. Porém, outras duas cidades se mantiveram com elevadas cargas virais: Rio de Janeiro e Brasília, sendo que a capital federal registrou elevadas cargas do novo coronavírus nas últimas semanas em seu esgoto, apesar da redução verificada entre as semanas 38 e 41. Veja as informações por cidade a seguir.
Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus nos esgotos nas bacias dos ribeirões Arrudas e Onça entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro) em comparação ao período das semanas 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro).
Entre as semanas 38 e 41, a menor carga viral foi registrada na semana 38: 5,4 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil pessoas. Já entre as semanas 35 e 37, a carga variou entre 23,7 e 34,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas, conforme o gráfico a seguir.
Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte
Especificamente na semana epidemiológica 40 (3 a 9 de outubro), o novo coronavírus foi detectado em baixa concentração (de 1 a 4 mil cópias por litro das amostras) somente nas duas estações de tratamento de esgotos de Belo Horizonte: ETE Arrudas e ETE Onça, o que está indicado em amarelo no mapa “c” a seguir. Nos demais pontos da rede de esgotamento monitorados, o vírus não foi detectado, o que está representado em verde no mesmo mapa abaixo. Entre as semanas 38 e 41, os pontos com média concentração viral, destacados em laranja, ficaram na faixa entre 4 mil e 25 mil cópias do vírus por litro.
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Belo Horizonte entre as semanas epidemiológicas 38 e 41
Dentre os seis pontos especiais de monitoramento na capital mineira, na semana 41, o novo coronavírus foi detectado somente no Aeroporto Internacional de Confins e no lar de idosos acompanhado pela Rede Monitoramento COVID Esgotos. Conforme a tabela a seguir, ambos os pontos monitorados tiveram concentrações consideradas baixas: na faixa entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras. Na semana anterior os seis pontos não tiveram registro da presença do novo coronavírus nas amostras coletadas. Acesse aqui o boletim temático lançado em outubro com a análise dos pontos especiais de monitoramento de BH .
Concentração do novo coronavírus no esgoto dos pontos especiais de monitoramento em Belo Horizonte
Brasília (DF)
Brasília apresentou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus em seus esgotos entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro). Nesse período a redução foi de aproximadamente 44%, caindo de 830 bilhões para 371,6 de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, considerando a soma das cargas das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que, juntas, atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal. Apesar da queda, a carga viral total da semana 41 permanece elevada.
Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal
Ainda entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, a concentração viral oscilou para cima em determinadas estações de tratamento de esgotos e para baixo em outras ETEs. Para a Rede Monitoramento COVID Esgotos, tal fenômeno sugere que a circulação do vírus não ocorreu de modo uniforme nas diferentes regiões do DF nesse período. Além disso, essa pode ser uma das explicações para a divergência entre a redução da carga total do vírus no esgoto do Distrito Federal, enquanto houve aumento do número de casos de COVID-19 registrados entre as semanas 38 e 40.
Como pode ser percebido nos mapas a seguir, todos os pontos de monitoramento no DF tiveram altas concentrações do novo coronavírus (acima de 25 mil cópias por litro) ou médias concentrações (de 4 mil a 25 mil cópias) entre as semanas 38 e 41, as quais estão indicadas respectivamente em vermelho e laranja nos mapas a seguir.
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas no DF entre as semanas epidemiológicas 38 e 41
Curitiba (PR)
Entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), Curitiba registrou algumas das menores cargas e concentrações do novo coronavírus em seu esgoto. No período a menor carga observada foi de 14,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 39 (26 de setembro a 2 de outubro) e a maior ocorreu na semana 38: 24,4 bilhões de cópias. Já na semana 41, houve um leve aumento para 21 bilhões de cópias por litro para cada 10 mil habitantes em relação à semana anterior. Somente a carga viral da semana epidemiológica 13 (28 de março a 3 de abril) foi menor que a mínima das últimas quatro semanas epidemiológicas: 10,3 bilhões de cópias do vírus.
Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba
Na semana epidemiológica 41, Curitiba teve um ponto de monitoramento em que não foi detectada a presença do novo coronavírus, a ETE Atuba Sul, indicado em verde no mapa “d” a seguir. Esta foi a primeira vez em que o vírus não foi detectado nesse ponto desde o início do monitoramento na capital paranaense em março. Também houve pontos com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro das amostras) e média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro), indicados respectivamente em amarelo e laranja nos mapas a seguir.
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Curitiba entre as semanas epidemiológicas 38 e 41
No ponto especial de monitoramento do Aeroporto Internacional Afonso Pena, o vírus não foi detectado nas semanas epidemiológicas 38 e 41. Já nas semanas 39 e 40, as concentrações medidas foram respectivamente de 7.720 cópias por litro, considerada média, e 107 cópias por litro, considerada baixa, conforme a tabela a seguir.
Concentração do novo coronavírus no esgoto do ponto especial de monitoramento em Curitiba
Fortaleza (CE)
Conforme os dados da Rede Monitoramento COVID Esgotos, nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a carga do novo coronavírus aumentou na Estação de Pré-Condicionamento, que recebe a maior parte do esgoto coletado em Fortaleza, em comparação às quatro semanas anteriores. Apesar do aumento da carga viral, que oscilou entre 1,92 bilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 41 e 9,63 bilhões de cópias na semana 38, a carga verificada ainda permanece baixa na capital cearense.
Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza
Na semana epidemiológica 41, a Rede Monitoramento COVID Esgotos detectou o novo coronavírus somente na Estação de Pré-Condicionamento e com uma baixa concentração viral (entre 1 e 4 mil cópias do vírus por litro), indicada em amarelo no mapa “d” a seguir. Entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, todos os pontos monitorados em Fortaleza não tiveram a presença do vírus detectada ou tiveram, no máximo, uma baixa concentração viral.
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados em Fortaleza entre as semanas epidemiológicas 38 e 41
Recife (PE)
Entre as semanas epidemiológicas 37 (de 12 a 18 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou em Recife baixas cargas virais, que variaram entre 3 bilhões (na semana 40) e 5,8 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas (na semana 38). Com isso, houve um leve aumento da carga viral em relação às semanas epidemiológicas anteriores. Ainda assim, Recife permanece com baixa carga viral em seu esgoto.
Evolução da carga viral no esgoto de Recife
Ainda no período entre a semana 37 e a 41, todos os pontos de monitoramento em Recife tiveram baixa concentração do novo coronavírus (entre 1 e 4 mil cópias por litro) ou mesmo a ausência do vírus, situações respectivamente indicadas em amarelo e verde nos mapas a seguir.
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Recife entre as semanas epidemiológicas 37 e 41
Rio de Janeiro (RJ)
Nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou que as cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro caíram e voltaram ao patamar observado no início deste ano. Entre as semanas 38 e 41, a carga viral na capital fluminense caiu de 516,6 bilhões para 61,65 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Esta é a menor carga desde a semana epidemiológica 3 de 2021 (17 a 23 de janeiro), quando foram registrados 45,49 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.
Nas semanas 38 a 41, a tendência geral de diminuição das concentrações e cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro, já apontada no Boletim de Acompanhamento nº 06/2021 , se manteve em todos os pontos monitorados.
Evolução da carga viral no esgoto do Rio de Janeiro
Em termos de concentração viral, o novo coronavírus não foi detectado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Pedra da Guaratiba na semana epidemiológica 39, assim como aconteceu na ETE Penha na semana 41. Também nesta semana, a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou a menor concentração viral da série histórica para o ponto de monitoramento ETE Deodoro: 650 cópias por litro das amostras.
Nos mapas a seguir é possível ver a melhora das concentrações virais entre as semanas 38 e 41, sendo que as áreas em verde indicam a não detecção do vírus. As porções em amarelo, laranja e vermelho representam respectivamente os pontos de monitoramento com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro), média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro) e alta concentração (acima de 25 mil cópias).
Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados no Rio de Janeiro entre as semanas epidemiológicas 38 e 41
Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos
A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril , acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19.
Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.
Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.
O último Boletim de Acompanhamento se soma aos boletins já publicados da Rede Monitoramento COVID Esgotos e aos 34 Boletins de Acompanhamento produzidos no contexto do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos , realizado com base em amostras de esgotos em Belo Horizonte e Contagem (MG). As lições aprendidas com o projeto-piloto são a base para os trabalhos da Rede.
A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.
Sobre os parceiros do projeto
ANA
Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020 , também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.
Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.
INCT ETEs Sustentáveis
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.