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ANA institui Sala de Crise do Paranapanema para avaliar condições da bacia
Hidrelétrica Jurumirim e rio Paranapanema em Piraju (SP) - Foto: Raylton Alves / Banco de Imagens ANA
Na tarde desta sexta-feira, 1º de março, a Agência Nacional de Águas (ANA) realizou a primeira reunião da Sala de Crise do Paranapanema para discutir a situação da bacia hidrográfica do rio Paranapanema, que faz divisa entre Paraná e São Paulo. A região passa por um período desfavorável em termos de chuvas e afluências neste período chuvoso 2018/2019. Atualmente a ANA tem salas de crise para discutir as situações dos rios São Francisco, Tocantins, Madeira e da hidrovia Tietê-Paraná.
Durante o encontro de hoje, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou cenários de operação da usina hidrelétrica (UHE) Jurumirim com a liberação de 60m³/s e de 100m³/s, sendo que o reservatório da usina acumulava 14,46% de seu volume útil em 28 de fevereiro. Há um ano, na mesma data, a hidrelétrica estava com 77,13%. A defluência mínima de Jurumirim, segundo o Contrato de Concessão nº 76/1999, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), é de 147m³/s.
Na reunião ficou pactuado que a empresa CTG Brasil, que opera a UHE Jurumirim, encaminhará documento para a ANEEL solicitando a flexibilização temporária da vazão mínima defluente da usina abaixo dos 147m³/s. A medida visa a estabilizar o sistema formado pelos reservatórios Jurumirim, Capivara e Chavantes, que vem registrando a redução dos volumes acumulados nos reservatórios.
Os reservatórios do Paranapanema estão com o nível de armazenamento mais baixo dos últimos 19 anos para esta época do ano, abaixo de 18%. No caso de Jurumirim, desde 2000 o menor volume útil registrado para 28 de fevereiro foi no próprio ano 2000, quando o percentual chegou a 29,81%, muito acima dos 14,46% registrados ontem. Para Chavantes, que registrava 18,91% ontem, o menor volume anterior dos últimos 19 anos para o dia 28 de fevereiro havia acontecido em 2015, quanto o reservatório chegou a 26,72%.
Outra decisão tomada diz respeito aos boletins diários sobre a situação hidrológica do rio Paranapanema, que serão publicados em dias úteis na página da Sala de Situação no site da ANA a partir da próxima semana.
Bacia do Paranapanema
O rio Paranapanema nasce na Serra Agudos Grandes, em Capão Bonito (SP) e percorre 929 km até desaguar no rio Paraná. O curso d’água é usado pra abastecimento, irrigação, navegação, geração de energia elétrica, criação de peixes, lazer, entre outros usos. Mais do que uma divisa entre Paraná e São Paulo, o rio Paranapanema é um eixo de integração entre duas regiões homogêneas em termos de identidade social, cultural e econômica.
A bacia do Paranapanema abrange o sul de São Paulo e o norte do Paraná com uma área de 106.554,534km², 247 municípios (115 em São Paulo e 132 no Paraná) e população de mais de 4,7 milhões de habitantes. Do Produto Interno Bruto (PIB) total dos municípios da bacia (R$ 76,5 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2011), aproximadamente 24% (R$ 18,3 bilhões) referem-se às atividades industriais, 13% (R$ 10,1 bilhões) à agropecuária e 63% (R$ 48,1 bilhões) aos serviços.
UHE Jurumirim
A usina hidrelétrica Jurumirim começou a operar em 1962 perto dos municípios de Piraju (SP) e Cerqueira César (SP) para regularização do rio Paranapanema e abastecimento de energia para a região do Médio Paranapanema. Com potência instalada de 100,9MW, este aproveitamento hidrelétrico possui um reservatório com capacidade para acumular 7,2 trilhões de litros d’água e abrange uma área inundada de 449km². A empresa CTG Brasil opera a usina e sua concessão vai até 2029.