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ANA aprimora base técnica sobre evaporação de água de reservatórios no Brasil
Vertedouro do açude Orós (CE) - Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA
Nesta segunda-feira, 8 de novembro, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) lançam o estudo Evaporação Líquida de Reservatórios Artificiais no Brasil . Resultado do trabalho conjunto da ANA e da UFPR nos últimos dois anos, a publicação traz um novo modelo para estimar a evaporação de água de todos os cerca de 175 mil reservatórios artificiais brasileiros entre 2001 e 2019.
Nesse sentido, a evaporação consumiu somente em 2019 um total de 885 mil litros de água por segundo ou 27,9 trilhões de litros por ano numa superfície média de 39,95 mil quilômetros quadrados de espelhos d’água. Em termos de evaporação média no País entre 2001 e 2019, as taxas variaram entre 20 e 29 litros por segundo por km² de superfície. No período 2001-2019, as maiores vazões anuais de evaporação líquida no Brasil, superiores a 1.000m³/s foram verificadas em 2007 (1.072m³/s), 2012 (1.070m³/s), 2005 (1.056 m³/s) e 2002 (1.028 m³/s), conforme o gráfico a seguir.
Conceito aplicável somente a reservatórios artificiais, a evaporação líquida é resultante da diferença entre a evaporação da água do lago e a evapotranspiração real esperada para a mesma área, caso não existisse o reservatório. Portanto, esse cálculo contabiliza uma “perda” ou um “uso” de água adicional, em função da existência do reservatório, devido às condições ambientais locais e suas características de construção e operação.
Em 2019, 114 reservatórios apresentaram evaporação líquida superior a 500 litros por segundo e somaram vazão média anual de 666 metros cúbicos por segundo, o que equivale a 75% do total nacional, sendo que 32 deles não fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os 14 reservatórios com vazões acima de 10m³/s em 2019 são responsáveis por 51% do total de vazão consumida pela evaporação de água e possuem 38% da área de espelho d’água analisada.
As cinco maiores vazões de evaporação líquida concentram 32% do total nacional. São os casos dos reservatórios de Sobradinho (167,1m³/s) e Luiz Gonzaga (45,3m³/s), na Região Hidrográfica São Francisco; Porto Primavera (48,8m³/s) e Ilha Solteira (26m³/s), na Região Hidrográfica Paraná; e Tucuruí (27,1m³/s), na Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia.
O estudo também destaca a forte sazonalidade da evaporação líquida, já que os valores são menores e podem até mesmo se aproximar a zero entre janeiro e junho em determinadas regiões. Por outro lado, entre agosto e novembro, há uma forte tendência de aumento da evaporação líquida, superando significativamente a média anual e alcançando médias mensais superiores a 2.000 litros por segundo no País.
Mesmo reservatórios artificiais construídos e/ou operados por um setor específico, como os de hidrelétricas, geralmente beneficiam múltiplos usuários tanto no local do reservatório quanto em trechos influenciados pela sua operação na bacia hidrográfica ou mesmo fora dela. Com isso, os usuários beneficiados podem ser tantos os consuntivos, como uma indústria, quanto os não consuntivos, como a navegação, o turismo e o lazer. Por isso, não é possível atribuir a evaporação líquida a um setor específico.
A estimativa de evaporação líquida já faz parte das ações de planejamento e operação dos setores usuários, assim como da análise de viabilidade individual dos projetos. A incorporação dessa componente de forma mais clara no planejamento e na gestão de recursos hídricos colabora para a segurança hídrica dos usuários de água e da população. Isso porque a contabilidade ou balanço de água (que considera entradas e saídas do recurso) se torna mais precisa, apoiando as tomadas de decisão, seja para as situações de escassez de curto prazo ou para o planejamento de infraestruturas e de usos da água em longo prazo.
Assim, a incorporação da evaporação líquida será considerada na elaboração de instrumentos de planejamento, como o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), os Planos Decenais de Expansão de Energia, o Plano Nacional de Energia e o novo Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH 2022-2040) – instrumento-chave do novo ciclo de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Estudos sobre os principais usos da água no Brasil
Em 2021, apenas dois anos após o lançamento do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, a ANA atualiza de forma expressiva a base técnica associada às informações sobre irrigação, abastecimento de água e evaporação líquida; que somaram 82,5% da retirada total em 2019. Os resultados foram divulgados por meio do Atlas Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada ; do Atlas Águas: Segurança Hídrica do Abastecimento Urbano ; e da publicação Evaporação Líquida de Reservatórios Artificiais no Brasil. Além disso, foram agregados novos conteúdos sobre esses temas ao portal do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH): http://snirh.gov.br .