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Seminário do Ministério da Saúde aborda expansão da prevenção combinada
Com participação de profissionais de diversos estados do Brasil, o Ministério da Saúde promoveu o seminário “Caminhos para prevenção do HIV”, na última sexta-feira (30), em Brasília. A expansão e a inovação no acesso à prevenção combinada do HIV foram temas das mesas durante a tarde. O evento foi uma iniciativa do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/SVSA/MS).
A coordenadora-geral da Ação Mulheres pela Equidade (AME/DF), Damiana Neto, destacou a necessidade de que a oferta de prevenção combinada considere as interseccionalidades – a interação de fatores sociais que impactam a identidade e a relação das pessoas com a sociedade e o acesso a direitos – do povo brasileiro. “É importante entender que a interseccionalidade tem relação com territorialidade, com as pessoas que estão nos territórios”, alertou Damiana. Segundo ela, a elaboração de políticas públicas deve considerar a realidade vivida pela população.
Por sua vez, Marcello Lucena, médico do Ambulatório Trans de Florianópolis (SC), discorreu sobre as dificuldades que pessoas trans ainda enfrentam ao acessar serviços de saúde. O profissional informou que o medo de estigma e discriminação continua a ser uma barreira para essa população. Marcello Lucena também ofereceu um panorama sobre a atuação do ambulatório desde a sua criação, em 2015. De acordo com ele, a parceria com o projeto A Hora é Agora, em 2020, tem sido essencial para facilitar a oferta de profilaxias pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP), além dos demais insumos de prevenção combinada para as pessoas que procuram o ambulatório.
Ainda a respeito da importância do acolhimento seguro para o acesso à prevenção ao HIV, o educador comunitário do estudo ImPrEP (BA), Uilian Ferreira de Jesus, ressaltou a importância da mobilização de jovens gays na disseminação de informações sobre prevenção do HIV. “A juventude gay é uma ferramenta que preenche o espaço deixado pela sociedade, por pais e responsáveis por pessoas LGBTQIAPN+”, informou. A mesa foi moderada pelo diretor sociocultural do Grupo Arco-íris (RJ), Julio Moreira.
Inovação na oferta de prevenção combinada
A pesquisadora Gabriela Calazans, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP/SP), moderou a mesa “Como inovar no acesso à prevenção combinada do HIV”. Na ocasião, o médico de família e comunidade da Coordenação Municipal de HIV/Aids de Florianópolis (SC), Ronaldo Zonta, dialogou sobre estratégias para oferta de prevenção combinada com o uso de redes sociais e aplicativos. Segundo ele, por meio do projeto Home PrEP, as pessoas conseguem ter mais autonomia e podem realizar o autoteste para HIV em casa, de forma ágil e discreta, facilitando o acesso à profilaxia pré-exposição.
Na oportunidade, Adriano Queiroz da Silva, consultor técnico da Coordenadoria de IST/Aids de São Paulo (SP), abordou a TelePrEP e a disponibilização de medicamentos em máquinas de entrega de PrEP e PEP em estações de metrô. Ele também relatou a experiência de São Paulo com o canal SPrEP, acessado por meio do aplicativo e-saúdeSP. Segundo ele, desde junho de 2023 o canal já conta com mais de 2 milhões de acessos.
Já o pesquisador da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Marcuce Antonio Miranda dos Santos, articulou sobre meios de ampliação de acesso aos insumos de prevenção para comunidades remotas da Amazônia Legal. Ele informou sobre as dificuldades relacionadas à localização fronteiriça com outros países e a necessidade de abordar educação sexual e promoção à saúde considerando as culturas e saberes locais. “Nossa estratégia é levar prevenção para quem precisa, em ações itinerantes, garantindo que as questões geográficas não sejam empecilhos”.
Lorany Silva
Ministério da Saúde