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CONGRESSO DE ENFERMAGEM
Dathi reúne representantes de movimentos sociais e pesquisadoras da comunidade trans para falar sobre acesso à saúde durante Seminário
Durante o segundo dia do III Seminário de Enfermagem, em Recife/PE, técnicos do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) receberam uma mesa majoritariamente formada por mulheres trans para debater o papel da Enfermagem no acesso de pessoas em situação de vulnerabilidade à serviços de saúde.
A mesa redonda foi composta por Helena Cortes, da Universidade Federal de Santa Catarina e Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas (Inamur/RS); Micaela Reis, representante do Casarão Brasil de São Paulo (SP); Aline Pilon, técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de HIV e Aids do Dathi (CGHA); e Camille Eaisch, da Associação La Case, de Bourdeaux (França).
O respeito ao nome social e um acolhimento qualificado durante o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, identidade de gênero e sexualidade, além dos impactos das vulnerabilidades sociais impostas às pessoas trans e travestis foram temas do debate.
Helena Cortês, recém ganhadora do Prêmio Anna Nery durante o 26º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF) pela sua trajetória na Enfermagem brasileira, lembrou o histórico de violência direcionada às mulheres trans no Brasil e que estigmas e preconceitos afastam dos serviços de saúde esse público já em situação vulnerável.
“Nas gerações passadas, minhas companheiras travestis preferiam que terceiros fossem até os serviços de saúde relatarem os seus sintomas a ter que comparecer pessoalmente a um posto médico por temer violências”, lembra.
As representantes dos movimentos sociais também destacaram o momento simbólico de uma mesa formada por três mulheres trans para falar sobre acesso à saúde durante o Seminário e cobraram maior representatividade nas ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e infecções.
O diretor do Dathi, Draurio Barreira, avalia como positivas às discussões no âmbito da Enfermagem e das ações do Departamento. “O papel da Enfermagem é tornar o acesso à saúde um direito universal”, enfatiza. “Os profissionais da ponta devem estar qualificados para garantir que populações-chave da nossa estratégia de eliminação de doenças sejam atendidas e tenham seus direitos respeitados”.
Junio Silva
Ministério da Saúde