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SEMINÁRIO
Criadores de conteúdo dialogam sobre uso de redes sociais para divulgar informações de prevenção do HIV
O Ministério da Saúde (MS) promoveu o seminário “Caminhos para a prevenção do HIV” para compartilhar experiências, estudos e ações em saúde, com objetivo de aperfeiçoar a prevenção ao HIV. O HIV e a aids são problemas de saúde pública em vários lugares no mundo e o Brasil tem participado dos esforços globais para o controle da transmissão da infecção.
O evento reuniu gestores(as), trabalhadores(as) de saúde, acadêmicos(as), sociedade civil, além de criadores de conteúdo. Foram realizadas cinco mesas temáticas, todas voltadas para a utilização de novas tecnologias e novas formas de comunicação que estão agregando resultados na resposta à aids.
Para o diretor substituto do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/SVSA/MS), Artur Kalichman, o seminário “foi um momento de compartilhar as experiências para avaliar e reavaliar os caminhos da prevenção na perspectiva da eliminação da aids enquanto problema de saúde pública no Brasil até 2030”. “Estamos aqui juntos para aprimorar a nossa estratégia de prevenção, pois só assim alcançaremos a nossa meta”, conclui.
Na parte da manhã, a primeira mesa “Encontros, trocas e sexo na era das mídias sociais” contou com a participação do pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Alexandre Grangeiro, como debatedor, e teve como foco as novas interações sociais que têm modificado a forma como as pessoas se relacionam sexualmente, com o uso de drogas e aplicativos digitais, por exemplo. A colaboradora do Centro de Ensino e Pesquisa do Centro de Convivência É de Lei, Karin Di Monteiro, trouxe o termo chemsex – consumo de drogas para facilitar ou aumentar a atividade sexual - para o debate.
A pesquisadora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Larissa Pelúcio, destacou que os avanços nas tecnologias preventivas não diminuíram o estigma e a discriminação em relação às pessoas vivendo com HIV ou aids e que os likes podem reiterar preconceitos presentes no off-line. “Esse cenário de interações plataformizadas e de ambiguidades frente à gestão dos nossos afetos me parecem determinantes para os processos de formulação e implementação, monitoramento de políticas voltadas para prevenção e para os cuidados em saúde”, ressalta.
Já o trabalho sexual no contexto das mídias sociais e aplicativos foi discutido pela pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas e Universidade Federal do Amazonas, Carolina Bonomi, que mostrou uma linha do tempo das transformações do trabalho sexual que passou a estar presente também no ambiente virtual. “Nós precisamos entender essa nova classe de trabalho, que é totalmente diversa, para sabermos como podemos dialogar com elas e ajudar nos cuidados necessários com a saúde”, destaca.
Uma das formas de incentivar a conscientização da população sobre as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é por meio das redes sociais, visando dialogar com o público mais jovem. E, para discutir a forma que deve ser feita essa comunicação digital, o seminário também abordou o tema “Mídias sociais como ferramenta para a oferta de prevenção do HIV”. A mesa contou com criadores de conteúdo que utilizam as redes sociais para informar públicos diversos sobre o tema.
Os criadores do podcast Preto Positivo, Emer Conatus e Raul Nunes, utilizam o stream para destacar as narrativas de pessoas pretas LGBTQIAPN+ que vivem com HIV ou aids. Os podcasters, que vivem com HIV, perceberam a dificuldade de encontrar pessoas pretas relatando suas vivencias com a infecção e sentiam falta da representatividade, por isso se juntaram para a criação do Preto Positivo. De acordo com a segunda edição do Boletim Epidemiológico da População Negra, lançado em outubro de 2023 pelo Ministério da Saúde, as pessoas negras são as mais impactadas pelas novas infecções por HIV e evolução para aids.
O revezamento entre o consultório e as redes sociais, principalmente o Instagram, é feito pelo médico infectologista, Ricardo Kores, que utiliza ambos para disseminar informações sobre a prevenção do HIV para os jovens. E, para se comunicar com a população jovem nas redes sociais sem que o algoritmo identifique o conteúdo como pornografia, Kores começou a utilizar analogias, como: “rosquinha” para o ânus, “pirulito” para o pênis e “bruschetta” para a vagina. “Eu acho que a adaptação do conteúdo com analogias faz com que a pessoa ache o conteúdo engraçado e, ao mesmo tempo, aprenda e melhore o diálogo de prevenção e tratamento”, afirma.
Outro comunicador em saúde que participou da mesa foi o criador do canal Super Indetectável, João Geraldo Netto, que divulga informações sobre sexualidade, comportamento e saúde sexual e reprodutiva com foco na população LGBTQIAPN+. “A gente precisa ficar atento as inovações tecnológicas e usar isso ao nosso favor, por que já tem gente utilizando essas tecnologias para desinformar sobre as ISTs”, destacou o criador do Super Indetectável.
Na parte da tarde houve mais três mesas temáticas: Prevenção combinada pelo olhar das populações mais afetadas pelo HIV; Como inovar no acesso à prevenção combinada do HIV; e Caminhos em construção: entregas para a prevenção do HIV.
João Vitor Moura
Ministério da Saúde