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EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
Pesquisadores se reúnem para dialogar sobre avaliação de alternativa à penicilina para tratamento de sífilis em mulheres
O Ministério da Saúde – por meio do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/MS) – realizou nesta quinta-feira (21), uma reunião cientifica de acompanhamento do “Ensaio clínico avaliando a eficácia da cefixima no tratamento da sífilis ativa em mulheres não grávidas no Brasil”, o Estudo CeBra.
A pesquisa é liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a pasta ministerial, e conta com a colaboração de pesquisadores(as) das universidades de Fortaleza, de Pelotas e do Espírito Santo, com o objetivo de verificar a eficácia do antibiótico cefixima em mulheres não grávidas com sífilis ativa.
No encontro, Edna Kara, pesquisadora da OMS, informou que se estima um aumento da incidência de sífilis de 7,1 milhões em 2020 para 8 milhões em 2022 em todo mundo. Destes, 1 milhão de casos ocorreu em gestantes. Ela destacou que, atualmente, a penicilina G benzatina é a única capaz de atravessar a barreira placentária e tratar o bebê. “Há uma necessidade urgente de garantir estoques de penicilina e encontrar alternativas para o tratamento, especialmente para pessoas grávidas”, alertou.
Por sua vez, Melanie Taylor, pesquisadora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, apresentou uma revisão de literatura científica sobre a cefixima. Ela informou que o antibiótico á aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) no país há mais de 20 anos para tratamento da gonorreia. “Não queremos substituir a penicilina, pois ela é a melhor opção, principalmente na gravidez, mas precisamos ter outras opções, pois ainda há resistência de uso por parte das pessoas afetadas e dos profissionais de saúde, além do risco de falta do antibiótico, como já ocorreu anos atrás”.
Em consonância, Pâmela Gaspar, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, explicou que o uso do medicamento injetável é uma das barreiras no cuidado de gestantes com sífilis. Para ela, esse estudo é uma esperança para uma opção de tratamento oral que facilite a adesão das pessoas.
A coordenadora também informou que o Brasil conseguiu evitar 71% dos casos de sífilis congênita em 2023. “Estamos avançando na prevenção da transmissão vertical de sífilis ao longo dos anos, em parceria com estados, municípios, gestores, profissionais de saúde, academia, instituições parceiras e sociedade civil. Uma das provas é a certificação subnacional de eliminação das infecções de transmissão vertical, sendo a sífilis congênita uma delas. Vários municípios e estados brasileiros já alcançaram as metas de eliminação ou de selo de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical da sífilis”.
Para Maria Alix Leite Araújo, pesquisadora principal do estudo da Universidade de Fortaleza, os resultados do CeBra serão importantes para informar futuros ensaios clínicos com o objetivo de avaliar o uso da cefixima em gestantes.
Lorany Silva
Ministério da Saúde