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Nesta semana, saúde reforça a conscientização sobre resistência aos antimicrobianos
Com o tema “Eduque. Colabore. Faça agora”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde – por meio do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) – destacam a importância da resposta à resistência aos antimicrobianos. Entre 18 e 25 de novembro, várias ações marcaram a Semana Mundial de Conscientização da Resistência aos Antimicrobianos.
Para a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Cgist/Dathi/MS), Pâmela Gaspar, a compreensão da resistência antimicrobiana — quando bactérias, vírus, fungos e parasitas não respondem mais aos medicamentos antimicrobianos — é fundamental para elaborar estratégias que sejam eficazes no contexto brasileiro.
“Esta é uma ação que demoramos mais de 20 anos para conseguir emplacar no Brasil e que hoje temos muito orgulho por ter conseguido, em colaboração com tantos parceiros engajados. Nosso atual tratamento de gonorreia é totalmente embasado no perfil de sensibilidade das cepas circulantes no Brasil, pautado por evidências nacionais. Isto traz mais efetividade ao tratamento, aumenta a chance de cura e também a qualidade de vida das pessoas”, ressalta Pâmela Gaspar.
O uso racional de antimicrobianos que envolvem a gonorreia e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) compreende o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno, o monitoramento da resistência do gonococo (popularmente conhecido como gonorreia) e das demais ISTs – como a Mycoplasma genitalium, e a introdução de novas tecnologias terapêuticas no Brasil. “Estamos avançando na Vigilância de Resistência de M. genitalium aos antimicrobianos para que, assim como ocorre com o gonococo, embasarmos nosso protocolo de acordo com o perfil das cepas circulantes no Brasil”, informa Pâmela Gaspar.
Resposta brasileira à resistência aos antimicrobianos
A Cgist, por meio do Dathi, em parceria com estados, municípios e serviços de atenção à saúde (sítios sentinela), Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) e laboratórios locais distribuídos pelo Brasil realiza periodicamente a vigilância da sensibilidade do gonococo aos antimicrobianos (SenGono – Sentinela do Gonococo). A parceria conta também com o Laboratório de Referência Nacional (Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia/Universidade Federal de Santa Catarina) coordenado pela Dra Maria Luiza Bazzo.
A primeira edição do SenGono ocorreu entre 2015-2016, cujos resultados demonstraram elevada resistência do gonococo ao antimicrobiano ciprofloxacino. Após esses resultados, o Ministério da Saúde alterou o protocolo nacional, substituindo o medicamento pela ceftriaxona, que apresentou 100% de sensibilidade, em terapia dupla com azitromicina.
O SenGono foi realizado novamente entre 2018 e 2020, em que se evidenciou o aumento da resistência do gonococo à azitromicina e a permanência de elevada sensibilidade da bactéria às cefalosporinas de terceira geração permanecendo a recomendação nacional de tratamento duplo com ceftriaxona e azitromicina. Os resultados podem ser encontrados no Relatório de Monitoramento da Sensibilidade do Gonococo aos Antimicrobianos no Brasil. A terceira edição encontra-se em andamento, com previsão de emissão dos resultados em 2025.
De acordo com a coordenadora da Cgist/MS, o enfrentamento da resistência do gonococo aos antimicrobianos no Brasil, bem como das demais ISTs, como Mycoplasma genitalium, envolve o uso racional dos antimicrobianos, a realização do rastreio de populações com mais vulnerabilidades às ISTs, a testagem de pessoas sintomáticas, o tratamento correto e oportuno e o monitoramento dos casos.
Ela também destaca que o Brasil vem priorizando ações para mudança da abordagem do manejo das ISTs, de sindrômico para etiológico, investindo na identificação, por meio de testes diagnósticos, dos patógenos causadores da infecção. Em 2023, a Rede Nacional de Laboratórios do Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ofertar de maneira definitiva, pela primeira vez, testes para detecção de clamídia e da bactéria causadora da gonorreia. No total, foram investidos R$ 3,3 milhões no contrato para a realização dos serviços pelos 82 laboratórios da rede. Encontra-se em andamento o projeto piloto de implementação de testes rápidos moleculares, permitindo a testagem e a instituição do tratamento conforme resultado em uma mesma consulta. Os resultados deste piloto subsidiarão a implantação definita no próximo ano.
Lorany Silva
Ministério da Saúde