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Cooperação técnica entre Brasil e França fortalece ações para reduzir a mortalidade por hepatites virais até 2030
O Brasil e a França atuam com Cooperação Técnico Científica desde 1990, permitindo o compartilhamento de experiências quanto à prevenção, o diagnóstico e o tratamento de pessoas vivendo com HIV ou aids, bem como às pessoas acometidas por tuberculose, hepatites virais ou outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Nessas três décadas, já foram realizados mais de 225 estágios de trabalhadores da saúde brasileiros na França.
Recentemente, o consultor técnico do Departamento HIV, Aids, Tuberculose, hepatites virais e infecções sexualmente transmissíveis (Dathi/SVSA/MS), Elton Carlos Almeida, retornou do estágio com expertises para contribuir na discussão, elaboração e implementação de ações para a ampliação da prevenção e da promoção da saúde, além do diagnóstico e do tratamento de pessoas com infecção pelos vírus das hepatites virais, promovidos pelo Ministério da Saúde.
Para o coordenador-geral de Vigilância de HIV, Aids e Hepatites Virais, Artur Kalichman, esse intercâmbio abre espaço para visitas técnicas ao Brasil, possibilitando uma aproximação de profissionais franceses dos serviços de saúde nacionais. “A expectativa é que um dos resultados dessa parceria seja a construção de um projeto que considere as peculiaridades brasileiras, com adaptações nas implementações de novas estratégias aqui que se mostraram eficazes no exterior”, explicou.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais publicado pelo Ministério da Saúde, entre 2000 e 2022 o Brasil teve 750.651 casos confirmados de hepatites virais, dos quais 39,8% são referentes a hepatite C, 36,9% a hepatite B e 22,5% à hepatite A. Durante o estágio, o consultor do Dathi (SVSA/MS) atuou junto aos serviços de saúde voltados aos cuidados com hepatites virais nas cidades de Bordeaux e Perpignan, ambas da França.
Além de gestores de saúde da França e do Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) contribuiu para as das ações realizadas por Elton Almeida. Como resultado, em breve será divulgada uma nota técnica assinada pelo Ministério da Saúde e o Cofen para orientar profissionais da Enfermagem dos serviços de saúde brasileiros na realização de exames de carga viral usando GeneXpert, de elastografia transitória (um tipo de ultrassonografia) e de prescrição do tratamento para pessoas com hepatite C que não tenham comprometimento hepático.
Outro destaque do intercâmbio, foi a criação do Institute LivNurse, espaço para discutir diferentes estratégias a nível global de como eliminar as hepatites virais como problema de saúde pública, até 2030. Essa iniciativa será composta por profissionais do Brasil, da França e da Austrália.
O programa de estágios Brasil-França é um produto do acordo bilateral do Ministério da Saúde, implementado por meio do Dathi, com o Ministério das Relações Exteriores da França. Faz parte da Cooperação Técnica a oferta de vagas para projetos com foco na prevenção, vigilância, assistência, economia da saúde e laboratório, direcionadas à profissionais de saúde que atuam nos serviços de saúde brasileiros. O próximo edital para o programa de estágio será lançado em abril de 2024.
A ação dialoga diretamente com o Programa Brasil Saudável, lançado em fevereiro deste ano com o objetivo de acelerar a eliminação de 14 doenças como problemas de saúde pública. Entre as metas, está a eliminação da transmissão vertical da hepatite B, e, até 2030, diagnosticar 90% das pessoas com infecção pelas hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% as novas infecções, além de reduzir em 65% a mortalidade pelas infecções.