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Brasil participa de evento da OMS sobre estratégias para eliminação da hepatite B
Profissionais e gestores da saúde de todo o mundo estão alinhados em um esforço conjunto para a eliminação da hepatite B como problema de saúde pública. Esta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou um webinar para dialogar a respeito do briefing técnico sobre as diretrizes de 2024 para hepatite B sobre diagnóstico, tratamento e prestação de serviços publicadas recentemente pela instituição. O evento contou com participantes de diversos países. O Ministério da Saúde esteve presente para relatar a experiência brasileira na resposta à infecção.
No início deste ano, o Governo Federal lançou o programa Brasil Saudável: unir para cuidar visando a eliminação de doenças determinadas socialmente. Para as hepatites, o Programa adotou a meta da OMS de diagnosticar 90% das pessoas, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% as novas infecções e reduzir em 65% a mortalidade até 2030.
O consultor técnico Mario Gonzalez representou o Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde brasileiro (Dathi/MS) e afirmou que as diretrizes apresentadas pela OMS serão adaptadas para a realidade nacional para a eliminação da hepatite B. Além disso, destacou a importância de reforçar os cuidados e fortalecer a Atenção Primária à Saúde.
Para o diretor do Dathi, Draurio Barreira, o esforço para alcançar a eliminação da hepatite B como problema de saúde pública deve ser conjunto. “Possuímos as tecnologias de saúde necessárias para prevenir, diagnosticar e tratar as hepatites, incluindo vacina para hepatite B e a cura para a hepatite C. Entretanto, precisamos ir além da resposta biomédica para reduzir a transmissão e evitar mortes por hepatites”.
Além do Ministério da Saúde, o Brasil Saudável reúne outros 13 ministérios do Governo Federal para que as ações do Programa façam frente aos determinantes sociais e dialoguem com outros setores relacionados à moradia, à renda, ao acesso ao saneamento básico e à educação, entre outras políticas públicas.
Na abertura do webinário, Meg Doherty, diretora do Programa Global de HIV, Hepatite e ISTs da OMS, informou que cerca de 304 milhões de pessoas vivem com hepatites B e C no mundo. No entanto, alguns países têm mais casos que outros. Ela explicou que a região da África concentra 63% das novas infecções. A diretora também chamou atenção para o fato de que apenas 13% das pessoas vivendo com hepatite B crônica foram diagnosticadas e, destas, somente 3% estão em tratamento.
Também da sede da OMS, a cientista Philippa Easterbrook apresentou o Policy brief das diretrizes. Direcionado a gestores de programas nacionais de hepatite e outros decisores políticos nos ministérios de saúde, especialmente em países em desenvolvimento, o documento fornece informações para o desenvolvimento de planos, políticas e diretrizes nacionais de testes e tratamento da infecção. Ela salientou a importância de atualização das diretrizes, desde a publicação do documento em 2015.
De acordo com o Policy brief, globalmente, o maior problema de hepatite B crônica se deve à transmissão vertical (da gestante para o bebê), uma vez que crianças são mais vulneráveis a essa forma da doença. Embora tenham sido feitos avanços na eliminação por meio da imunização infantil, a cobertura vacinal é de apenas 45% a nível mundial.
Os participantes também levantaram a importância de disponibilizar tratamento acessível. Oriel Fernandes, diretora associada de Apoio ao País, Planejamento e Operações para o Programa de Hepatite Viral da Clinton Health Access Initiative (Chai), ressaltou a necessidade de adotar uma estratégia de ampla comunicação entre gestores de todos os países a respeito dos valores e acordos na aquisição do tenofovir para garantir acesso a todas as pessoas que necessitam.
Já a diretora associada de Pesquisa em Saúde Pública da Fundação de Hepatite B apresentou dados do “Levantamento de experiências vividas e desafios no manejo e tratamento da hepatite B”. Reunindo informações de 560 pessoas de 76 países, a pesquisa foi realizada em anonimato. Entre as pessoas que não haviam iniciado o tratamento, 23% responderam que não conseguiam arcar com os custos da medicação.
No Brasil, é possível ter acesso a métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento para as hepatites B e C de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A vacinação é a principal medida de prevenção contra hepatite B e está prevista no calendário da vacinação infantil. O SUS também disponibiliza a imunização nas unidades básicas de saúde para todas as pessoas.