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QUALIFICAÇÃO
Ministério da Saúde realiza oficina para atualizar profissionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste no cuidado de pessoas vivendo com HIV ou aids
Foto: Wanderson Pereira
Nos dias 13 e 14 de junho, o Ministério da Saúde realizou, em Brasília, a Oficina Macrorregional de Atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo do HIV e Aids em Adultos (PCDT). O evento contou com profissionais e gestores de saúde das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Durante a abertura, o diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), Draurio Barreira, abordou a importância de um trabalho conjunto com todos os níveis de gestão para alcançar a meta de controle da epidemia da aids.
“Por meio do Programa Brasil Saudável, nós estamos trabalhando para, até 2030, alcançar as metas propostas pela OMS [Organização Mundial da Saúde], de ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, destas 95% em tratamento e das em tratamento 95% com carga viral controlada. Para isso, precisamos contar com a ajuda de todos”, afirmou.
O infectologista e consultor do Dathi, Ronaldo Hallal, discorreu a respeito das populações-chave para o controle da epidemia e as perspectivas programáticas. Segundo ele, no Brasil, a epidemia é concentrada em populações vulnerabilizadas como homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e mulheres trans. Hallal também exprimiu a importância de garantir tratamento para todas as pessoas que precisam. Em 2023, 65.838 pessoas iniciaram o tratamento antirretroviral. E reforçou, ainda, a necessidade de profissionais de saúde realizarem a migração da terapia dupla para apresentação em dose fixa combinada (lamivudina 300 mg + dolutegravir 50 mg) para pessoas que se encaixam nos critérios definidos pelo Ministério da Saúde.
A oficina também contou com palestra da infectologista Denize Lotufo, gerente da Assistência Integral à Saúde do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo. Utilizando o recurso de casos clínicos, Denize apresentou orientações para a prescrição e acompanhamento de pessoas para a utilização da profilaxia pré exposição ao HIV (PrEP). Ela explicou que a PrEP está inserida na estratégia de prevenção combinada, recomendada pelo Ministério da Saúde. “Há alguns anos, estávamos perdendo para o HIV. No início da epidemia, a única forma de prevenção que tínhamos era o preservativo. Mas percebemos que a gente precisava ampliar as formas de prevenção, e considerar o comportamento das pessoas”.
A infectologista discorreu sobre a importância de adotar estratégias que facilitem o acesso à PrEP, e citou o exemplo do município de São Paulo (SP) que, em parceria com a companhia de metrô, oferta a profilaxia dentro da estação. Denize explicou, ainda, sobre a necessidade de realização de testes para HIV e infecções sexualmente transmissíveis para o início e acompanhamento da PrEP por usuários(as) de PrEP. “O risco de adquirir HIV aumenta de 3 a 10 vezes na presença de ISTs não ulcerativas, e acima de 18 vezes na presença de ulcera genital.”
Já o infectologista Demétrius Montenegro, da Universidade Federal de Pernambuco, dialogou sobre conferir autonomia às pessoas que vivem com HIV no início do tratamento. Segundo ele, o uso de antirretrovirais não é só uma ferramenta para prevenir infecções oportunistas, mas também uma forma de diminuir a transmissão do vírus e oferecer qualidade de vida. “No manejo clínico, precisamos observar as pessoas de maneira ampla. Não é apenas controlar o HIV e aumentar o CD4. Devemos ter uma relação com a pessoa, entender seu comportamento e necessidades. Isso é muito importante para a adesão ao tratamento”.
Durante a mesa, a consultora técnica do Dathi, Luciana Lopes, reforçou o conceito de indetectável = intransmissível = zero risco de transmissão do HIV, incorporado pela primeira vez ao PCDT. Segundo a consultora, é fundamental informar à população que pessoas com HIV em tratamento com a carga viral indetectável não transmitem o vírus para suas parcerias sexuais. Para Luciana, a mensagem é fundamental para diminuir o estigma e incentivar a adesão ao tratamento.
Participante do evento, o coordenador de ISTs da Secretaria de Saúde do Acre, Jozadaque da Silva Beserra, falou da importância da troca de experiência com outros gestores. “Momentos como esses, com o suporte do Ministério da Saúde, são enriquecedores. Essa troca de informações com os outros estados, descobrindo ações que eles fizeram e deram certo nos incentiva a voltar para nossos territórios renovados, com muitos planos e ideias para colocar em prática”.
Lorany Silva
Ministério da Saúde