Notícias
Julho Amarelo
Representantes da sociedade civil debatem medidas de saúde para população em situação de vulnerabilidade no mês da luta contra as hepatites virais
Na última semana, o webinar “Tecnologias sociais como ferramenta de eliminação das hepatites virais e de enfrentamento das iniquidades em saúde na população em situação de rua” reuniu profissionais da saúde e representantes de organizações da sociedade civil para debater estratégias de saúde voltadas a população em situação de vulnerabilidade.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a prevalência das hepatites virais na população de rua é, no mínimo, dez vezes maior do que na população geral. O coordenador-geral de Vigilância das Hepatites Virais, Mario Gonzalez, alertou para o impacto do agravo em grupos prioritários. “Temos uma epidemia concentrada nas populações-chave”.
Segundo o coordenador, a estimativa é que o Brasil tenha mais de 500 mil pessoas com hepatite C e mais de 700 mil com hepatite B que ainda não foram diagnosticadas e tratadas. Para ele, eventos como o webinar reafirmam que os movimentos sociais e o acesso a tecnologias de diagnóstico e tratamento são ferramentas essenciais para encontrar, diagnosticar e oferecer a linha de cuidado a essa população.
Verônica Marx, coordenadora regional do Movimento Nacional da População de Rua em Santa Catarina; Putira Sacuena, diretoria do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (Dapsi/Sesai); e Jair Santos, coordenador do Movimento Brasileiro de Luta Contra as Hepatites Virais (MBHV), foram os convidados da atividade.
Em suas apresentações, Verônica Marx e Putira Sacuena cobraram maior integração nas ações de saúde voltadas a populações em vulnerabilidade. “Muitas das pessoas que não são diagnosticadas e tratadas estão na rua. Temos que aumentar o número de consultórios e profissionais na rua que disponibilizem profilaxias e tragam maior acolhimento ao SUS [Sistema Único de Saúde]”, ressaltou Verônica.
Sobre os povos indígenas, Putira Sacuena alertou que é necessário criar metodologias diferenciais para profissionais de saúde que atendem populações-chave. “De 2019 a 2023, foram 574 casos de hepatites virais em territórios indígenas. Só no estado do Amazonas, foram 222 casos de infecção e 24 óbitos causados por hepatites”, pontuou.
O evento ocorre no mês temático da luta contra as hepatites virais, em que são debatidas estratégias de eliminação das infecções como problemas de saúde pública até 2030. Jair Santos reforçou que a união entre governantes, academia, pesquisadores e organizações da sociedade civil são o pilar para alcançar os objetivos e as metas de eliminação.
“É papel de todos intensificar as ações para simplificar o diagnóstico, ampliar testagens, estimular a busca ativa de casos diagnosticados e ainda não vinculados ao SUS, estimular a imunização para as hepatites A e B, fortalecer as linhas de cuidado, monitorar e divulgar os avanços do plano de eliminação”, elencou Jair.
O evento on-line foi realizado pela recém criada Coordenação-Geral de Vigilância das Hepatites Virais do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (CGHV/Dathi) e integrou as atividades alusivas ao Julho Amarelo.
Junio Silva e Ádria Albarado
Ministério da Saúde