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Projeto brasileiro que promove acesso à prevenção combinada por pessoas trans e não binárias é tema na Conferência Internacional de Aids
Créditos: Oliver Kornblihtt/Mídia Ninja
Com o tema “Colocar as pessoas em primeiro lugar”, a 25ª Conferência Internacional de Aids tem reunido diversos exemplos positivos de todo o mundo sobre modelos de prevenção ao HIV. Nessa quarta-feira (24), o Brasil teve a oportunidade de mostrar os resultados de projeto voltado para a promoção de acesso à prevenção combinada em serviços de saúde para pessoas trans e não binárias.
Em Munique/Alemanha, a assessora de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS), Alícia Krüger explicou o projeto e ressaltou a importância de farmacêuticos(as) poderem prescrever as profilaxias pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP), facilitando o acesso a essas estratégias de prevenção.
Em sua fala, Alícia Krüger destacou que, no Brasil, 2% das pessoas se identificam como trans ou não binárias. O projeto mapeou 130 serviços voltados para essa população, disponibilizou equipamentos e qualificou profissionais na elaboração de estratégias para oferta de tecnologias de prevenção ao HIV junto a esse público.
A assessora ressaltou, ainda, que a elaboração da resposta ao HIV precisa estar centrada nas pessoas. “Essa apresentação não foi sobre PrEP, nem sobre farmacêuticos(as). Foi sobre colocar as pessoas em primeiro lugar. Esse é o modelo brasileiro: ‘nada sobre nós, sem nós”.
Impacto do racismo no acesso à prevenção e ao tratamento de HIV
Gregorio Millet, pesquisador da Fundação para a Pesquisa da Aids (amFAR), abordou como o racismo estrutural impacta o acesso de homens negros à prevenção e ao tratamento nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, ele alertou que essa é uma questão que vai além das fronteiras geográficas. “Temos falado sobre raça e racismo, mas esse problema não afeta apenas o cuidado em relação ao HIV. Estudos mostram que a raça é determinante no acesso ao cuidado de outras infecções, inclusive fora dos EUA e da Europa”.
Além disso, de acordo com as pesquisas apresentadas por Millet, homens negros que fazem sexo com outros homens são afetados não apenas pelo racismo, como também pela homofobia. “Ambos são formas de opressão estrutural”, afirmou.
Estratégias de prevenção em outros países
O painel “Serviços centrados nas pessoas: concepção e implementação de prevenção e cuidados eficazes na resposta ao HIV” também contou com palestras do pesquisador Fakhriddin Nizamov, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef Suíça), que apresentou a experiência ucraniana de integração de cuidados ao HIV em serviços de saúde voltados para jovens.
A pesquisadora Angela Tembo, do Centro de Pesquisa Ezintsha, da África do Sul, também exibiu os resultados de projeto que utilizou farmácias comunitárias para alcançar pessoas vulneráveis ao HIV, com o objetivo de iniciar o uso da PrEP naquele país.
Lorany Silva, Angela Martinazzo e Ádria Albarado
Ministério da Saúde