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HIV E AIDS
Países dialogam sobre desafios e progressos no alcance das metas 95-95-95 do Unaids
Com o objetivo de eliminar a aids como problema de saúde pública no mundo, o Brasil está entre os países signatários das metas 95-95-95 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids). Essas metas significam ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; destas, 95% em tratamento; e das pessoas em tratamento, 95% com carga viral em supressão. O progresso e os desafios dos países no alcance desses objetivos, foi tema da mesa “Antes do tempo! Alcançar as metas para 2025” durante a 25ª Conferência Internacional de Aids realizada na última semana em Munique, na Alemanha.
O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS), Draurio Barreira, mediou a mesa e abordou o cenário brasileiro. “No Brasil, perdermos quatro anos para o alcance das metas 95-95-95 devido a um governo conservador e que não acreditava na ciência. Mas estamos novamente no caminho e, com o Programa Brasil Saudável, acredito que iremos atingir nossos objetivos”.
Durante a sessão, representantes de diversos países destacaram o papel dos determinantes sociais como barreiras ao cuidado de pessoas vivendo com HIV ou aids. Murugesan Sivasubramanian, diretor de operações da Humsafar Trust – organização não governamental que promove os direitos LGBT –, abordou as chamadas metas 10-10-10. Ou seja, reduzir para menos de 10% o número de mulheres e outras pessoas vivendo com HIV que experimentam desigualdades e violências baseadas em gênero; garantir que menos de 10% dos países tenham ambientes legais e políticos restritivos, que negam ou limitam acesso aos serviços de HIV; e garantir que menos de 10% das pessoas que vivem ou convivem com o HIV sofram estigma e discriminação. “Se as pessoas são criminalizadas por sua sexualidade, elas não terão acesso às ferramentas de prevenção ou tratamento para o HIV”, afirma Murugesan Sivasubramanian.
A médica infectologista Edwina Wright, do Hospital Alfred, na Austrália, exprimiu a perspectiva da iniciativa Fast-Track Cities como exemplo de direcionamento de prevenção ao HIV. De acordo com ela, aderir ao movimento é uma forma de as cidades conseguirem acelerar o processo para alcançar as metas 95-95-95. Já a diretora-executiva do Conselho Nacional de Controle de Doenças Sindêmicas do Quênia, Ruth Masha, informou que, embora o seu país, de forma geral, tenha alcançado as metas da OMS, populações específicas como crianças e homens ficam para trás, o que reforça a necessidade de redefinir as metas e integrar o apoio à saúde mental para abordar as desigualdades.
Por sua vez, a primeira ministra substituta da Saúde da República da Armênia, Lena Nanushyan, discorreu sobre a exacerbação de um conflito militar como principal causa de uma epidemia oculta de HIV no país. Segundo ela, a Armênia tem enfrentado problemas sociopolíticos e econômicos, que acarretam ônus no orçamento destinado à saúde e atrasam o alcance das metas planejadas.
Doença avançada pelo HIV
Também durante a Conferência, o responsável pela área de cuidado e qualidade de vida na Coordenação-Geral de HIV e Aids do Dathi, Ronaldo Hallal, participou da mesa “Desbloqueando soluções: como lidar com a complexidade da doença avançada por HIV a partir do uso de ferramentas inovadoras para melhorar a qualidade de vida”.
Na ocasião, Ronaldo Hallal informou que o Brasil teve recentemente um período de retrocesso na resposta programática e de invisibilidade de populações vulnerabilizadas ao HIV e à aids. Ele explicou que, atualmente, mais de 800 mil pessoas recebem tratamento antirretroviral. O coordenador também ressaltou o cuidado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que proporciona acesso universal aos antirretrovirais e ao tratamento de infecções oportunistas.
Lorany Silva, Angela Martinazzo e Ádria Albarado
Ministério da Saúde