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JULHO AMARELO
Especialistas em hepatites virais discutem ações na Atenção Primária à Saúde
Na última segunda-feira (22), o webinar “HepatoSUS: a Atenção Primária à Saúde na eliminação das hepatites virais até 2030” reuniu profissionais e gestores da saúde que atuam com a temáticas das hepatites virais para discutir o acesso da população à linha de cuidados na saúde pública.
No primeiro evento desde a nomeação como coordenador-geral de Vigilância das Hepatites Virais do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (CGHV/Dathi/MS), Mario Gonzalez, enfatizou a importância da integração das ações de Atenção Primária à Saúde (APS). “Temos regiões onde não há especialistas para tratar as pessoas com hepatites. Mesmo em regiões onde temos esses profissionais, as populações estão muito espalhadas. Para que possamos ir ao encontro delas, precisaremos qualificar ações com a APS”.
A diretora do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Deppros/Saps), Gilmara Santos, também esteve presente na abertura do evento e reforçou o potencial da APS na conscientização sobre a saúde pública. “Devemos oportunizar os encontros da população com as equipes de saúde para ofertar o teste rápido e avançar na qualificação do diagnóstico”, aponta.
As palestras do webinar foram apresentadas pelo infectologista do Centro de Testagem e Aconselhamento de Guaianases/SP e divulgador científico, Artur Henrique Vaz de Oliveira; o coordenador de Apoio à Imunização e ao Monitoramento das Coberturas Vacinais na Atenção Primária, Ricardo Gadelha; a coordenadora de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Clarice Gdalevici Miodownik; e pelo consultor técnico do Dathi, Bruno de Jesus Daloy.
O acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), a ampliação da cobertura vacinal, a dispensação de medicamentos e o papel da Enfermagem para a eliminação das hepatites virais como problemas de saúde pública até 2030 foram temas das apresentações.
Segundo Ricardo Gadelha, durante 2023 e 2024 o Brasil não alcançou a meta de 95% da cobertura vacinal contra as hepatites B e A, como preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações. O desafio das ações de imunização é ainda maior com a recente onda de notícias falsas envolvendo as vacinas. Para Ricardo, reforçar a importância da confiança da população na ciência, na segurança e na eficácia das vacinas é essencial.
O infectologista Artur Henrique complementa afirmando que essas ações, junto às demais estratégias de prevenção, devem ir ao encontro de populações-chave como as pessoas privadas de liberdade, pessoas trans, entre outras e as populações prioritárias, ou seja, pessoas negras, indígenas, jovens etc. Ele realiza ações de divulgação científica nas redes sociais e afirma que a estratégia para a APS deve ser guiada pela Constituição Federal, que aponta a saúde como um direito de todos e dever do estado. Ainda segundo ele, erradicar o preconceito no cuidado às populações com maior número de casos é um dos primeiros passos para alcançar a equidade no SUS.
Clarice Gdalevici relata que a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro foi bem sucedida ao facilitar o acesso ao tratamento das hepatites virais por meio da descentralização da dispensação de medicamentos para as hepatites B e C. A coordenadora afirma que o processo relevou que, o controle social nas discussões das redes locais de saúde, bem como o envolvimento de todas as esferas de gestão do SUS e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) nos processos de pactuação, são potencializadores do acesso aos serviços de saúde.
Sobre a atuação dos profissionais de Enfermagem na estratégia de eliminação das hepatites virais, Bruno de Jesus, destaca a Nota Técnica nº 369/2020 que traz orientações voltadas à ampliação estratégica do acesso da população ao diagnóstico das hepatites B e C, além de encaminhamentos de casos detectados para o tratamento. O consultor técnico do Dathi também apresentou o Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), por meio do qual profissionais de Enfermagem podem realizar registros e gerenciamento dos testes laboratoriais para as hepatites virais. A ferramenta faz parte da estratégia que visa dar maior autonomia para que profissionais da Atenção Primária possam ter acesso à prevenção, ao rastreio, ao diagnóstico, ao tratamento e ao acompanhamento das pessoas.
O webinar realizado pelo Dathi faz parte da programação dos eventos alusivos ao Julho Amarelo, mês temático de prevenção contra as hepatites virais. Ao longo do mês, seminários, debates e discussões entre profissionais da saúde e representantes da sociedade civil organizada serão realizados para atualizar as estratégias e boas práticas voltadas à eliminação das hepatites.
Junio Silva e Ádria Albarado
Ministério da Saúde