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JULHO AMARELO
Coordenadores de HIV, aids, hepatites virais e ISTs de estados e capitais se reúnem em Brasília
Esta semana ocorreu em Brasília, a Reunião Nacional de Coordenadores Estaduais e de Capitais de HIV, Aids, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. No âmbito das ações de visibilidade do Julho Amarelo, o encontro é uma iniciativa do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi).
Na ocasião, o diretor do Departamento, Draurio Barreira, explicou que a atual gestão retomou o compromisso brasileiro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, firmado em 2015, que visa a eliminação de diversas infecções e doenças. Dentre os ODS, ressalta-se o objetivo três que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar, em todas as idades, tendo como meta eliminar as epidemias de HIV, aids, tuberculose, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), até o ano de 2030.
Além disso, por meio do Programa Brasil Saudável, o Brasil objetiva, até 2030, alcançar as metas para as hepatites propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de diagnosticar 90% das pessoas, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% as novas infecções e reduzir em 65% a mortalidade. O Brasil Saudável propõe eliminar, enquanto problema de saúde pública, a transmissão vertical de cinco infecções, entre elas o HIV, a hepatite B e a sífilis, bem como a eliminação de doenças como a malária e a doença de Chagas. “Cada pessoa que está contribuindo para a eliminação dessas infecções e doenças também está deixando um legado para a história”, afirmou Draurio Barreira.
Durante a reunião, o consultor técnico da Coordenação-Geral das Hepatites Virais (CGHV/Dathi), Mário Gonzalez, ressaltou a importância do trabalho em conjunto com gestores das áreas de HIV, aids e ISTs, uma vez que há convergência nas ações em resposta e também nas populações mais vulnerabilizadas a essas infecções e doenças. Ele alertou para o fato de que a mortalidade por hepatites tem aumentado em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados de 187 países estimam que mortes por hepatite viral aumentou de 1,1 milhão em 2019 para 1,3 milhão em 2022, das quais 83% foram causadas pela hepatite B e 17% pela hepatite C. A OMS informa, ainda, que 3.500 pessoas morrem, por dia, em todo o mundo devido às hepatites B e C. Diante desse cenário, a OMS recomenda uma série de ações para acabar com a epidemia até 2030, como descentralizar e compartilhar o cuidado com a Atenção Primária à Saúde no intuito de ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, fortalecendo ações de prevenção e promoção da saúde.
Gonzalez também apresentou para os(as) coordenadores(as) as fases para elaboração do caminho para a eliminação das hepatites virais no Brasil. O documento está sendo construído pelo Grupo de Trabalho para Eliminação das Hepatites Virais (GTEHV), composto por técnicos do Dathi, representantes de outras pastas do Ministério da Saúde e a sociedade civil. Após a versão finalizada, o documento será submetido à consulta pública para receber contribuições. Ele ressaltou também a recente criação do Comitê Técnico Assessor em Hepatites Virais que irá prestar apoio no debate técnico e científico na implementação e avaliação dos aspectos relacionados à Política Nacional de Vigilância em Saúde.
Já a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist/Dathi), Pâmela Gaspar, dialogou a respeito da certificação de eliminação da transmissão vertical. Em 2023, quatro estados e 73 municípios brasileiros foram certificados e/ou receberam selos de boas práticas para a eliminação da transmissão vertical de HIV e/ou sífilis. Neste ano, a hepatite B também foi incorporada ao processo, e os gestores presentes no evento puderam tirar dúvidas sobre os critérios e indicadores para certificação.
A coordenadora informou sobre as dificuldades e novidades na resposta às infecções sexualmente transmissíveis. Ela lembrou que, este ano, houve a incorporação do rastreio de HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas) em gestantes durante o pré-natal do SUS pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Outro avanço na vigilância foi a inclusão na Lista de Notificação Compulsória da infecção pelo HTLV, HTLV em gestantes, parturientes ou puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical da infecção.
Pâmela Gaspar reforçou, ainda, a importância de realização de testes de biologia molecular para detecção de clamídia e gonorreia, cuja rede foi implantada no SUS no ano passado e está disponível em todos os estados do país com priorização das populações de maior vulnerabilidade às ISTs. Por fim, destacou na sua fala a necessidade de expansão da cobertura vacinal de HPV em pessoas vivendo com HIV ou aids, bem como informou sobre a ampliação do acesso à vacinação para pessoas que usam profilaxia pré-exposição (PrEP).
Também durante o evento, Artur Kalichman, coordenador-geral de vigilância de HIV e aids, em conjunto com os(as) técnicos(as) da área – Maria Clara Gianna, Ronaldo Hallal e Tatianna Alencar – apresentaram o Plano de Eliminação da aids até 2030 enquanto problema de saúde pública. Também houve diálogo sobre o Monitoramento para a Melhoria da Qualidade do cuidado de pessoas vivendo com HIV ou aids por meio do Projeto Qualiaids e um panorama de ressuprimento de medicamentos e insumos, com espaço para dúvidas e debates.
Para a enfermeira e coordenadora de HIV em adultos em Macapá/Amapá, Virgínia Moreira, a realização do evento no contexto do Julho Amarelo é muito significante para a resposta brasileira às hepatites virais. “O conhecimento é a principal ferramenta com a qual trabalhamos no nosso dia a dia. Buscar o aprimoramento, e aprender com as experiências de colegas de todo o Brasil é muito importante. E eu irei compartilhar esse aprendizado no meu estado”.
Lorany Silva, Ádria Albarado
Ministério da Saúde