Notícias
BRASIL SAUDÁVEL
Acessibilidade de medicamentos para o cuidado de pessoas é tema de maior evento internacional sobre aids
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princípios a universalidade, a equidade e a integralidade. Ou seja, é necessário garantir não apenas a saúde, mas também a qualidade de vida das pessoas. No entanto, os altos preços dos antirretrovirais podem ser um obstáculo para essa garantia entre pessoas vivendo com HIV ou aids. Essa é a conclusão de pesquisa apresentada durante a 25ª Conferência Internacional de Aids, em Munique, Alemanha.
Na última semana, Luciana Lopes, consultora técnica do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS), mostrou que, embora existam poucas pessoas utilizando antirretrovirais de terceira linha – para tratamento dos casos de resistência a outros medicamentos –, essas medicações têm um alto impacto no orçamento brasileiro.
Para Draurio Barreira, diretor do Dathi, é preciso pressionar por medicamentos acessíveis, pois a saúde é um direito de todas as pessoas. “Os valores elevados dessas medicações funcionam como barreiras ao acesso universal e sustentável, prejudicando quem mais precisa delas, como países emergentes. Não podemos aceitar que o dinheiro nos impeça de cuidar das pessoas”, afirmou.
Também na área de medicamentos, Ronaldo Hallal, consultor técnico do Dathi/MS, informou resultados de estudo que mostrou que pessoas com coinfecção de tuberculose e HIV apresentaram melhor resposta imunológica e virológica com a dose dupla diária de dolutegravir e raltegravir do que com o uso de efavirenz.
Profilaxia pré-exposição
Muito comentada durante todos os dias da Conferência, a profilaxia pré-exposição (PrEP) também foi tema de dois trabalhos apresentados na última semana. Isabela Ornelas, servidora do Dathi/MS, avaliou a influência da PrEP na incidência de HIV no Brasil como um indicador simples para a elaboração de políticas estratégicas de saúde pública. A pesquisa calculou a correlação entre o número de pessoas utilizando a profilaxia e os novos casos identificados de HIV em cidades com mais de 50 mil habitantes.
Os resultados sugerem que o uso extensivo de PrEP nessas cidades é um indicador de uma implementação eficaz da prevenção combinada ao HIV. Uma proporção de uso de PrEP por novos casos de HIV superior a 3:1 aponta uma rede eficaz de cuidados e prevenção, levando a menores taxas de incidência de HIV.
Já Alisson França, consultor técnico do Dathi/MS, apresentou o painel PrEP, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, como uma ferramenta on-line para a gestão nacional e local e para o monitoramento liderado pelas comunidades, com base em dados precisos e atualizados que podem colaborar com gestores locais e a sociedade civil para expandir equitativamente o acesso e o uso da PrEP no Brasil.
Brasil Saudável
As desigualdades no acesso ao tratamento e no alcance da supressão viral entre pessoas vulneráveis vivendo com HIV ou aids no Brasil também foi tema de apresentação no evento. Um estudo apresentado por Ana Roberta Pascom, consultora técnica do Dathi/MS, revelou que apesar das melhorias nas metas 95-95-95 (ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; destas, 95% em tratamento; e, destas, 95% com carga viral controlada) no Brasil, os avanços não foram evidentes entre as populações vulneráveis.
Além do estigma e da discriminação, a falta de direitos essenciais como alimentação, educação, habitação e saneamento representam barreiras significativas à melhoria da saúde dessas pessoas. Para superar esses obstáculos, é essencial implementar intervenções intersetoriais.
Dessa forma, o Brasil lançou, em fevereiro deste ano, o Programa Brasil Saudável. Composto por 14 ministérios e com auxílio da sociedade civil, o Programa visa mitigar determinantes sociais que condicionam infecções e doenças, com ações que vão além do setor da saúde.
Lorany Silva, Angela Martinazzo e Ádria Albarado
Ministério da Saúde