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QUALIFICAÇÃO
Mpox é tema de webinar com representantes do Ministério da Saúde e especialistas
Na última sexta-feira (2), assessores técnicos da Coordenação Geral de Vigilância de HIV, Aids e Hepatites Virais (CGAHV/Dathi/SVSA/MS) e especialistas da saúde se reuniram em evento para dialogar a respeito de recomendações técnicas e manejo clínico da Mpox, doença incorporada ao Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi).
O webinar Mpox: Atualizações e Recomendações para a Rede Assistencial contou com a participação das assessoras técnicas Maria Clara Gianna e Romina do Socorro Marques – responsáveis pela abertura e moderação, respectivamente – o infectologista do Hospital Universitário Oswald Cruz e da Universidade de Pernambuco/PE Demetrius Montenegro, e a oftalmologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/SP) Luciana Finamor.
A doença, que ganhou destaque após o aumento de casos em 2022, é causada pelo vírus mpox, pertencente à família do vírus causador da varíola. Os sintomas geralmente envolvem lesões na pele, podendo aparecer nas mãos, rosto, boca ou região genital. Febre, dores musculares, gânglios linfáticos inchados são alguns dos outros sintomas comuns.
Ao iniciar a apresentação, Maria Clara apontou que o Brasil não se encontra atualmente em um cenário de surto de Mpox, porém o Ministério da Saúde está atento à situação da doença em território nacional. Sobre a incorporação da doença ao Dathi, a assessora destaca que a totalidade de óbitos (16) que ocorreram em pacientes com Mpox até 30 de janeiro, acometeu pessoas imunossuprimidas, parte delas entre Pessoas Vivendo com o HIV (PVHA), o que justifica a articulação das ações do Departamento na resposta a ambos os vírus.
O infectologista Demetrius Montenegro lembrou o histórico da Mpox, desde sua descoberta na África Ocidental e Central durante a segunda metade do século XX até os casos de infecção epidêmica em 2022. Ao destacar as diferenças entre os casos de infecção endêmica – ou seja, com incidência em um espaço limitado – em regiões isoladas da África e a situação enfrentada recentemente em grandes áreas urbanas, o infectologista destacou que ainda há muitas perguntas sem resposta sobre a doença (como evolução de mutações virais, todas as formas de transmissão e tratamento).
Em meio às orientações de diagnóstico e tratamento, Demetrius lembro que há uma “via de mão dupla” entre a prevenção do HIV e demais ISTs e da Mpox. Como estratégia em serviços de Saúde na rede, o mesmo reforçou a importância do momento de atendimento de um paciente com suspeita de infecção por Mpox como uma oportunidade de incentivo aos métodos de prevenção de outras ISTs, como a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), como estratégia de Prevenção Combinada às ISTs.
O combate aos estigmas e ao preconceito também foi destaque durante a apresentação do infectologista. Segundo Demetrius, os profissionais de saúde têm o papel de desmitificar as infecções sexualmente transmissíveis, pois esses estigmas criam barreiras para o acesso da população aos serviços de saúde.
Já a oftalmologista Luciana Finamor destacou a conexão entre a oftalmologia e a pesquisa de doenças infecciosas, citando casos em que pacientes com Mpox apresentaram lesões oculares como sintomas que precediam, inclusive, as lesões na pele características da doença.
Luciana explica que o olho é um órgão com imunoprivilégio, o que permite que agentes infecciosos estabeleçam latência nos tecidos oculares, transformando-os em reservatórios potenciais para infecções latentes. Órgãos com essas características não são facilmente acessados pelo sistema imunológico, tornando-se esconderijos para alguns vírus.
A especialista destaca a vigilância epidemiológica e a cultura viral como fortes aliados no controle da Mpox e demais doenças infecciosas. Assim como Demetrius, Luciana Finamor trouxe recomendações para o diagnóstico de pacientes e chamou a atenção para a importância das notificações em âmbito municipal, estadual e federal; assim como o reconhecimento dos sinais de gravidade clínica para o manejo adequado dos casos.
Para informações/solicitações das coordenações/gestões estaduais e municipais de IST/HIV, as equipes Assistenciais e de Vigilância Epidemiológica estaduais, o Dathi reforça o seguinte e-mail de contato: mpox@aids.gov.br