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Saúde dialoga sobre resultados de projeto de avaliação de Centros de Testagem e Aconselhamento
Na última semana, o Ministério da Saúde promoveu um evento on-line para apresentação do projeto “Rede de Prevenção e Cuidado Integral de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis”. Executado no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), o projeto é uma parceria entre o Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/MS) e o Hospital Albert Einstein.
O projeto, realizado durante o triênio 2021-2023, envolveu a avaliação do funcionamento interno dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Para isso, foi efetuado um censo com 535 CTA para obter um diagnóstico da carteira de serviços ofertadas, além de identificar os pontos fortes e outros que podem ser potencializados. Agora, com as informações coletadas, o objetivo é realizar uma reestruturação dos CTA, desenvolvendo técnicas de operação e gestão de serviços de saúde, com vistas a melhorar a qualidade do serviço oferecido à população.
Para Artur Kalichman, diretor-substituto do Dathi/MS, o projeto é muito importante por analisar tanto as atividades internas dos CTA como a articulação destes nas Redes de Atenção à Saúde. “O projeto conseguiu avaliar o funcionamento não só do ponto de vista interno, das capacidades e das competências dos CTA, mas também trabalhar na integração e na articulação dos Centros, seja com a atenção primária, seja com a rede especializada”.
Na abertura do evento, Maiko Tonini, consultor técnico do Dathi/MS, ressaltou que o projeto teve um importante envolvimento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além disso, ele informou que, além da avaliação dos CTA, já foram realizados pilotos de implementação de tecnologias inovadoras no contexto do projeto, como a detecção rápida de HIV com testes de 4ª geração e o diagnóstico molecular rápido de clamídia e gonorreia.
Resultados da análise situacional dos CTA
No encontro on-line, o epidemiologista Cesar Augusto Inoue (Hospital Albert Einstein) apresentou os dados do “Censo CTA”, realizado por meio de questionário on-line. A pesquisa mostrou que a maioria dos CTA (89%) está conectada a outros serviços de saúde. No entanto, o censo também identificou desafios como a falta de salas de vacina próprias em 62% dos centros e a ausência de Unidades de Dispensação de Medicamentos (UDM) ou farmácias em 47% deles.
Em relação aos serviços oferecidos, os dados indicam que a testagem para HIV é universal, enquanto as taxas de testagem para hepatites B e C e sífilis também são altas, atingindo 99,1% e 95%, respectivamente. A oferta de profilaxias pré e pós-exposição (PrEP e PEP), ferramentas importantes para a prevenção do HIV, é realizada apenas em 50% dos CTA. Além disso, a maioria dos centros distribui preservativos externos (98%) e internos (89%).
Sobre o cuidado após o diagnóstico, o estudo mostrou que a maioria dos CTA solicita exames de avaliação inicial para pessoas com HIV (77%) e prescreve terapia antirretroviral em 71% dos casos. O Ministério da Saúde recomenda o início do tratamento em até sete dias após o diagnóstico. Para as hepatites B e C, a pesquisa mostrou que 66% e 65% dos CTA, respectivamente, solicitam exames complementares, e 62% realizam tratamento para sífilis. Além disso, 53% dos centros realizam rastreamento de tuberculose em pessoas vivendo com HIV ou aids.
Por sua vez, a pesquisadora Maria Cecília Sucupira (Hospital Albert Einstein) informou sobre a implementação da carteira de serviços mínima e ampliada da prevenção combinada nos CTA, no contexto do projeto. “Os CTA precisam ir além do diagnóstico, orientação e aconselhamento sobre HIV, hepatites virais e infecções sexualmente transmissíveis. Eles precisam incorporar ações da prevenção combinada e uma melhor integração com outros serviços da rede de saúde SUS, em especial a Atenção Primária à Saúde”, afirmou.
A reunião contou também com debate da coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Dathi, Pâmela Gaspar, e da responsável pela área de prevenção do Dathi, Tatianna Alencar; com moderação da consultora técnica do Dathi, Flávia Moreno; além de participação de técnicos(as) do Dathi e do médico do Hospital Albert Einstein João Renato Pinho.
Lorany Silva
Ministério da Saúde