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Ministério da Saúde homenageia Jacqueline Rocha Côrtes
Jacqueline Rocha Côrtes, ativista referência dos direitos das pessoas vivendo com HIV no Brasil e das pessoas trans, faleceu na última quarta-feira (14), em São Paulo, aos 64 anos. Fundadora do grupo que originou a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+Brasil), Jacqueline é homenageada pelo Ministério da Saúde e por movimentos sociais do Brasil, da América Latina e do Caribe.
A trajetória da ativista na luta contra a aids começa nos anos 1990, ao receber o diagnóstico de HIV. Ao entrar em contato com o Grupo de Incentivo à Vida (GIV), Jacque – como era conhecida – passou a encontrar apoio em outros pessoas que também viviam com a doença.
Mulher trans, ainda na década de 1990, Jacqueline ajudou a fundar o grupo que originou a RNP+Brasil e elaborou e captou recursos para o Projeto Horizontes. Já nos anos 2000, atuou no Programa Nacional de Aids, no Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) – onde foi a primeira consultora transsexual – e no Movimento Nacional de Cidadãs PositHIVas (MNCP).
O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS), Draurio Barreira, aponta que o papel de Jacque na resposta à aids e na defesa dos direitos das pessoas trans é inspiração para as gerações futuras.
“Conheço Jacque desde os tempos do Programa Nacional de DST/Aids. Sua luta foi incansável, primeiro lutando por sua identidade nos anos 70 e 80 e, depois, lutando contra a aids e pelos direitos humanos. Sua determinação é uma enorme referência para nós, no Brasil, e para todo o mundo”, declara o diretor. “Mãe, professora, militante, ela impactou a todos por onde passou com o caráter humano e social da sua atuação”.
Relatos de amigos e colegas na internet destacam a sensibilidade da trajetória da ativista junto à sociedade civil organizada e à Organização das Nações Unidas. Em 2016, foi lançado o documentário Meu Nome é Jacque, que conta a história de lutas e revoluções de Jacqueline Côrtes.
Ao lembrar da amiga, o presidente do Conselho da Ação da Cidadania e produtor do documentário, Daniel Souza – filho de Hebert de Souza, o Betinho – celebra o legado de Jacque. “Ela foi uma das pessoas mais impressionantes que eu já conheci, não só pela sua atuação no combate à aids, mas por conservar uma ternura e total dignidade em todas as lutas que ela travou”, diz.
Junio Silva e Ádria Albarado
Ministério da Saúde