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CUIDADO INTEGRAL
Saúde realiza curso sobre cuidados na coinfecção TB-HIV
Dados do Ministério da Saúde apontam que 8,5% dos casos de tuberculose (TB) no Brasil em 2022 ocorreram em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). A TB é a principal causa de mortes de PVHA no país. Ainda em 2022, 1.724 pessoas com a coinfecção TB-HIV vieram a óbito.
Essas informações foram apresentadas durante o curso “Como fortalecer as ações colaborativas e os serviços de saúde para o manejo da coinfecção TB-HIV”, realizado como atividade prévia ao 58º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – Medtrop 2023, realizado entre os dias 10 e 13 de setembro em Salvador-BA. A Coordenação-Geral de Vigilância da Tuberculose e Micoses Endêmicas do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs (CGTM/Dathi) integrou a atividade com as palestras das consultoras técnicas Denise Arakaki e Liliana Romero. O curso também contou com a participação da médica infectologista Rossana Brito.
A iniciativa abordou aspectos gerais da coinfecção, dados epidemiológicos nacionais e internacionais, ações governamentais, metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) das quais o Brasil é signatário e outras iniciativas para a resposta ao problema de saúde pública. Conforme as informações destacadas durante o curso, o trabalho colaborativo para o cuidado da coinfecção TB-HIV vai muito além de reunir diretrizes de cada uma das infecções e disponibilizá-las para que serviços e profissionais de saúde façam o cuidado integrado.
As palestrantes afirmaram que é necessário um olhar diferenciado de todos os atores envolvidos para, de maneira efetiva, diminuir barreiras de acesso ao cuidado integral em saúde. De acordo com as palestras, é preciso reforçar as atividades de prevenção ao HIV nos serviços de TB e vice-versa.
Ainda segundo as palestrantes, o cuidado multissetorial também é fundamental para a resposta adequada à coinfecção TB-HIV, pois muitas pessoas precisam da atenção da Assistência Social em relação a alimentação e mobilidade, dentre outros. Aos gestores, foi demonstrada a importância de aumentar a captação de recursos específicos para o cuidado da coinfecção, a garantia da notificação e a distribuição de tratamentos preventivos aos usuários.
Helen Medeiros, bioquímica do Laboratório Central do Amazonas, onde trabalha com micobacteriologia na investigação de casos de tuberculose, diz que o curso despertou nela a necessidade de ter um olhar mais integral para a coinfecção TB-HIV. “A gente olha para o paciente só com HIV e para o paciente só com tuberculose, perdendo um pouco o olhar para esse paciente [com TB-HIV], que precisa ser visto com muito cuidado, mais que a doença isoladamente, pois quem tem HIV e se descobre com tuberculose, ou tem tuberculose e se descobre com HIV, precisa muito de assistência social e médica e do cuidado redobrado dos demais profissionais”.
MEDTROP
O Medtrop é um congresso realizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, com mais de 60 anos de história. Trata-se do maior congresso de medicina tropical da América Latina. Em sua 58ª edição, trouxe como tema central os “Desafios da medicina tropical no século XXl: como enfrentá-los?”. Realizado entre 10 e 13 de setembro deste ano em Salvador-BA, reuniu profissionais, gestores, pesquisadores e estudantes que se dedicam às doenças tropicais, em geral determinadas socialmente e negligenciadas pela sociedade. Sua programação contou com a participação nacional e internacional de cerca de 3 mil pessoas em conferências, palestras, cursos, oficinas e mesas redondas, bem como em eventos paralelos, a exemplo do Workshop da Rede de Tuberculose, o ChagasLeish e o Fórum de Doenças Negligenciadas