Notícias
TUBERCULOSE
Panorama epidemiológico da TB é tema de miniconferência em congresso internacional
O Brasil concentra um terço dos casos de tuberculose (TB) notificados nas Américas e é o único país do mundo presente em duas listas de países prioritários da Organização Mundial da Saúde (OMS): a de tuberculose e a de coinfecção por TB e HIV. Em 2022, 80 mil novos casos da doença foram registrados no território brasileiro. No mesmo ano, houve um aumento de 22% de mortes em relação a 2019 com a TB como causa. Isso corresponde a 5,6 mil vidas perdidas anualmente e a 15 por dia.
Os referidos dados foram apresentados pela coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias Não Tuberculosas do Ministério da Saúde (CGTM/Dathi/MS), Fernanda Dockhorn, durante miniconferência realizada no Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – Medtrop 2023. Ela explicou que, em 2020 e 2021, o número de pessoas diagnosticadas com TB diminuiu em consequência das interrupções causadas pela pandemia de covid-19, o que ocasionou o aumento dos casos registrados em 2022.
De acordo com a apresentação, Amazonas (83,7 casos por 100 mil habitantes), Roraima (76,1 casos por 100 mil habitantes) e Rio de Janeiro (71,5 casos por 100 mil habitantes) foram os estados com maior risco de adoecimento pela doença. Os dados apontam que a população negra – pretos e pardos – é a mais afetada, representando 68,9% do total de casos no ano passado. Além disso, homens possuem mais que o dobro de risco de adoecer e três vezes o de morrer devido à tuberculose.
A coordenadora-geral chamou a atenção para os casos em populações vulnerabilizadas, em particular, pessoas privadas de liberdade e pessoas vivendo com HIV ou aids (PVHA), que concentram 9% e 8,5% do total de casos, respectivamente. “No Brasil, no ano passado, do total de pessoas que morreram com TB, quase 20% eram pessoas vivendo com HIV ou aids. Foram 1.724 mortes pela coinfecção, ou seja, uma média de cinco óbitos por dia. A situação em relação às pessoas privadas de liberdade também é preocupante, pois a incidência nesses ambientes chega a ser 30 vezes maior que a da população geral. Foram registrados 7.326 novos casos entre a população privada de liberdade. Desses, 77,7% foram curados e 2,5% vieram a óbito”, destacou Fernanda Dockhorn.
Ações governamentais para a resposta acelerada à tuberculose no Brasil
Além do panorama epidemiológico, a coordenadora-geral da CGTM/MS apresentou informações sobre as ações do Ministério da Saúde para prevenir a tuberculose. Em 2022, quase 70% das pessoas que tiveram contato com pessoas com tuberculose ativa foram examinadas com o objetivo de identificar novos casos de doença ativa ou infecção latente. No que se refere aos tratamentos preventivos para tuberculose (TPT), entre 2018 e 2022 foram iniciados 120.426 TPT em pessoas com indicação de tratamento. Desses tratamentos, 56,5% foram realizados em contatos de pessoas com TB e 16% em pessoas vivendo com HIV ou aids. Segundo Fernanda, a meta da nova gestão é aumentar exponencialmente a investigação da infecção latente e a oferta do TPT.
No intuito de auxiliar gestores de saúde de todo o país, o Ministério da Saúde elaborou o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública , que visa reduzir o número de casos para menos de 10 por 100 mil habitantes e limitar o número de óbitos para menos de 230 ao ano até 2035. Com a implantação do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), ocorrida em abril deste ano por meio do Decreto presidencial n.º 11.494, o objetivo da atual gestão é atingir essa meta ainda em 2030. No Plano pelo Fim da TB, podem ser encontradas as atividades-chave para o alcance dessas metas.
MEDTROP
O Medtrop é um congresso realizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, com mais de 60 anos de história. Trata-se do maior congresso de medicina tropical da América Latina. Em sua 58ª edição, trouxe como tema central os “Desafios da medicina tropical no século XXI: como enfrentá-los?”.
Realizado entre 10 e 13 de setembro deste ano em Salvador-BA, reuniu profissionais, gestores, pesquisadores e estudantes que se dedicam às doenças tropicais, em geral determinadas socialmente e negligenciadas pela sociedade. Sua programação contou com a participação nacional e internacional de cerca de 3 mil pessoas em conferências, palestras, cursos, oficinas e mesas redondas, bem como em eventos paralelos, a exemplo do X Workshop da Rede de Tuberculose, o ChagasLeish e o Fórum de Doenças Negligenciadas.