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Miniconferência aborda a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis em populações vulnerabilizadas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de um milhão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) curáveis e não virais ocorrem diariamente no mundo em pessoas com idade entre 15 e 49 anos. Os estudos e as pesquisas mais recentes sobre o tema apontam que a concentração de casos em pessoas em contextos de vulnerabilidades sociais, ou seja, econômicas, de gênero, raça/cor e etnia é muito maior quando em comparação à população geral.
O assunto foi tema de uma miniconferência apresentada no Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – Medtrop 2023 pela bioquímica e doutora em saúde coletiva Pâmela Cristina Gaspar, corresponsável pela Coordenação-Geral de Vigilância das ISTs do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs (Cgist/Dathi).
A miniconferência destacou mudanças conceituais importantes relacionadas às pessoas em situação de vulnerabilidade, que são denominadas “pessoas vulnerabilizadas” e não “pessoas vulneráveis”. De acordo com a palestrante, o termo adotado afasta a culpabilização das pessoas quanto às situações de vulnerabilidade a elas impostas.
Além de aspectos conceituais, a atividade apresentou inúmeros estudos que demonstram a concentração de casos de ISTs em pessoas vulnerabilizadas, bem como ratificam a necessidade de implementar políticas públicas para essas pessoas. Os exemplos utilizados foram os das populações-chave e prioritárias para a resposta acelerada ao HIV no Brasil e no mundo, além do enfrentamento às demais ISTs, como sífilis, clamídia, gonococo, HTLV e hepatites virais.
O público presente pôde, ainda, refletir sobre a importância da imunização para a prevenção da infecção pelo HPV e o processo de certificação para a eliminação da transmissão vertical de HIV e sífilis, que irá incluir no escopo da iniciativa a eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas, da hepatite B e do HTLV. Além disso, a miniconferência também abordou a criação do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds) como exemplo de iniciativa em resposta à epidemia de ISTs.
MEDTROP
O Medtrop é um congresso realizado pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, com mais de 60 anos de história. Trata-se do maior congresso de medicina tropical da América Latina. Em sua 58ª edição, trouxe como tema central os “Desafios da medicina tropical no século XXl: como enfrentá-los?”. Realizado entre 10 e 13 de setembro deste ano em Salvador-BA, reuniu profissionais, gestores, pesquisadores e estudantes que se dedicam às doenças tropicais, em geral determinadas socialmente e negligenciadas pela sociedade. Sua programação contou com a participação nacional e internacional de cerca de 3 mil pessoas em conferências, palestras, cursos, oficinas e mesas redondas, bem como em eventos paralelos, a exemplo do Workshop da Rede de Tuberculose, o ChagasLeish e o Fórum de Doenças Negligenciadas.