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COOPERAÇÃO BRASIL-FRANÇA
Pesquisadores brasileiros e franceses compartilham experiências na eliminação de doenças socialmente determinadas
- Foto: Laudemiro Bezerra
Nesta segunda-feira, 09, foi iniciada a 8ª Jornada Cientifica e o 29º Seminário Técnico-científico da Agência Nacional Francesa de Pesquisa em Doenças Infecciosas Emergentes da França (ANRS|MIE), marcando o 33º aniversário da Cooperação Técnico-Científica Brasil-França. Na ocasião, o diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (Dathi/SVSA/MS), Draurio Barreira, asseverou a importância do fortalecimento de colaborações estratégicas para o alcance da eliminação de doenças determinadas socialmente, inclusive porque “nós estamos saindo de um processo traumático de pandemia e da praga do negacionismo”, declarou.
O evento aconteceu entre os dias 9 e 11 de outubro, de forma híbrida, no hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, e transmitido de forma on-line neste site. Também estiveram presentes na mesa de abertura o diretor da ANRS|MIE, Yazdan Yazdanpanah; a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Sheila Rodovalho; e a conselheira adjunta de cooperação e ação cultural da embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel.
O diretor da ANRS|MIE reforçou o papel da agência em financiar e ouvir os pesquisadores para identificar as novidades e necessidades nas áreas de HIV, aids, hepatites virais, infecções sexualmente transmissíveis, tuberculose, bem como de doenças infecciosas emergentes e reemergentes, como covid-19, febres hemorrágicas virais ou arboviroses. Já Sheila Rodovalho apresentou um panorama histórico da agenda de eliminação da Opas. Ela explicou que para reduzir a transmissão das doenças, é preciso utilizar uma abordagem multissetorial, focando não apenas na saúde, mas também em todo o contexto ambiental.
Em consonância com essa perspectiva, o diretor do Dathi exaltou o Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), criado em abril deste ano. Coordenado pelo Ministério da Saúde, o comitê é composto também por mais oito ministérios, entre eles, o da Igualdade Racial, o dos Direitos Humanos e da Cidadania e o dos Povos Indígenas, considerando a necessidade de uma atuação plural. “A curva do HIV no Brasil está estável há alguns anos, no entanto, a taxa entre pessoas brancas com escolaridade alta está em queda, enquanto entre pretos e pardos de baixa renda está aumentando. Por isso a importância de lidar com os determinantes sociais”, completou Draurio Barreira.
Cooperação Técnico-Científica Brasil-França
O programa de cooperação foi estabelecido em 1990, na mesma época de criação do Programa de Aids no Brasil. No entanto, a colaboração com a França é ainda mais antiga. O Acordo de Cooperação Técnica e Científica Brasil-França foi assinado em 1967, em Paris, seguido do Decreto Legislativo nº 3, de 1968, e promulgado pelo Decreto nº 63.404, de 1968. Em 1989, Bernard Larouzé, da agência francesa, e Stephane Legros, adido de cooperação do consulado da França no Rio de Janeiro, estruturaram a primeira missão do país ao Brasil. Junto com Lair Guerra de Macedo, primeira diretora do Programa de Aids, definiram um protocolo de cooperação com programa de estágios, missão de especialistas aos dois países e realização de seminários técnico-científicos.
Atualmente, o programa é dividido em quatro eixos: estágios de profissionais brasileiros na França; seminários técnico-científicos; cooperação em pesquisa com a ANRS; e cooperação transfronteiriça entre Brasil e Guiana Francesa. Durante as três décadas, já foram realizados 28 seminários técnico-científicos, sete jornadas científicas, e aproximadamente 224 estágios.