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PREVENÇÃO
Ministério da Saúde volta a distribuir gel lubrificante
Após mais de dois anos, estados e municípios de capitais voltarão a receber o gel lubrificante do Ministério da Saúde. A última vez que a pasta adquiriu e distribuiu o insumo foi no início do ano de 2019. Com a nova gestão, cerca de oito milhões de unidades do insumo de prevenção devem chegar aos diversos locais do Brasil até o final de novembro. Outras 32 milhões devem ser distribuídas em 2024.
De acordo com o coordenador-geral de Vigilância de HIV, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o médico Artur Olhovetchi Kalichman, doutor em Medicina Preventiva, o gel lubrificante tem importante papel na prevenção da transmissão sexual de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “A utilização do gel lubrificante nas relações sexuais diminui o atrito e a possibilidade do rompimento do preservativo ou ainda de ocorrerem microlesões das mucosas genitais e anais. Esse cuidado é importante porque essas eventuais lesões podem ser porta de entrada para o HIV e outras ISTs. Por isso, a recomendação é que o lubrificante seja utilizado de forma associada ao preservativo ou ao uso da profilaxia pré-exposição de risco ao HIV (PrEP)”.
O produto, assim como os preservativos externo e interno e as profilaxias pré e pós-exposição de risco ao HIV (PrEP e PEP) fazem parte da prevenção combinada ao HIV e outras ISTs e são distribuídos gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde e Serviços de Atenção Especializada (SAEs) do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs, Draurio Barreira, até o 15º dia de cada mês, estados e municípios de capitais podem realizar os pedidos desses insumos por meio do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom). “A nossa intenção é ampliar radicalmente a oferta de insumos para a prevenção do HIV e de outras ISTs. Para tanto, temos mobilizado estados e municípios, além da sociedade civil, para que todas as pessoas tenham acesso”, afirma o diretor.
Especialista afirma que é preciso promover a prevenção combinada
Os cuidados relacionados à prevenção da infecção pelo HIV ou outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) devem ser escolhidos e planejados pela pessoa com o auxílio de profissionais de saúde, quando necessário. Nesse sentido, a recomendação do Ministério da Saúde é utilizar a estratégia da prevenção combinada. As ações podem estar combinadas de acordo com as características individuais e o momento de vida de cada pessoa e com suas necessidades culturais e sociais.
De acordo com a analista de políticas sociais do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs, Tatianna Alencar, a premissa básica da prevenção combinada é a de que estratégias de prevenção sejam acessíveis às pessoas e dialoguem com as especificidades de cada uma delas e seus contextos. “A estratégia da prevenção combinada inclui ações como o incentivo ao uso de preservativos e gel lubrificante; as testagens regulares para HIV, hepatites virais e sífilis; a PrEP e a PEP; a prevenção da transmissão vertical durante a gestação; a imunização para as hepatites A e B; a redução de danos para pessoas em uso de álcool e outras drogas; e, o tratamento para as ISTs e para todas as pessoas que vivem com HIV ou aids”.
Tatianna destaca ainda a necessidade de acolhimento sem julgamentos ou atitudes de estigma e discriminação. “O papel dos profissionais de saúde é cuidar das pessoas e não julgar as suas formas de vida ou comportamentos. Infelizmente, muitas pessoas, em particular as populações-chave e prioritárias ao HIV e outras ISTs, não buscam os serviços de saúde por medo do estigma e da discriminação. É preciso enfrentar esses obstáculos no próprio acesso aos serviços de saúde”.