Notícias
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Desafios para a resposta à sífilis é tema de conferência de abertura de congresso brasileiro de ISTs
Os desafios e a resposta brasileira à infecção pela sífilis foram tema da conferência de abertura do conjunto de congressos sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e aids que ocorre até sábado (7), em Florianópolis-SC. A diretora de programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda, foi a responsável pela abordagem do tema com a conferência: “Eliminação da sífilis congênita no Brasil: quais compromissos precisam ser implementados?”
A conferencista apresentou o histórico sobre a doença, uma série com o número de casos e os marcos da resposta brasileira a esse problema de saúde pública, bem como campanhas de comunicação, protocolos, cursos, publicações e outros documentos sobre o manejo clínico e outros cuidados relacionados à sífilis, disponibilizados pelo Ministério da Saúde para auxiliar serviços e profissionais de saúde.
Questionamentos e comparações com outras ISTs (como o HIV e as hepatites virais) realizados pela diretora levaram o público a refletir sobre o que falta para o Brasil ter avanços efetivos em relação à sífilis, apesar de tantos esforços e de um sistema de saúde como o SUS. Espinosa também apresentou dados que demonstram que a verdadeira carga de sífilis é desconhecida no Brasil, além de estimativas que apontam que somente 40% dos casos de pessoas com ISTs são notificados, o que, segundo ela, é o principal problema da doença.
Ainda de acordo com Angélica Espinosa, as dificuldades de diagnóstico e tratamento na realidade dos serviços acabam prejudicando a resposta à sífilis, bem como tabus e questões relacionadas ao comportamento sexual das pessoas. “Vivemos numa democracia; quem quiser, transa a hora que quiser, inclusive gestantes. Precisamos nos despir dos nossos preconceitos, pois, na hora que vestimos a camisa de profissional de saúde, não estamos ali para julgar, mas para trocar experiência com as pessoas e trabalhar a prevenção”.
A atuação da sociedade civil também foi citada por Angélica, que, mais uma vez, comparou a situação da sífilis com as conquistas alcançadas em HIV. Segundo ela, muitos dos avanços na prevenção e no cuidado do HIV vieram por meio da atuação dos movimentos sociais. “Então, afinal, quais compromissos e ações precisam ser implementados no Brasil para o controle da sífilis congênita?”, perguntou e, em seguida, respondeu: “Valorização dos profissionais de saúde; implementação de sistemas de informação; maior aproximação com a sociedade civil; cidadania; novas tecnologias de diagnóstico e novos medicamentos. Precisamos de novas ideias”.
O final da conferência elencou planos e iniciativas da pasta ministerial que podem acelerar a resposta brasileira à sífilis, como a implantação de um sistema integrado de dados de diferentes áreas da saúde; o processo de certificação da eliminação da transmissão vertical – que este ano conta com mais de 90 municípios e estados; a criação do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente; e a organização do Complexo Econômico Industrial da Saúde.