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The Lancet destaca visibilidade do Brasil junto à OMS
A edição nº 23 do The Lancet Infectious Diseases, lançada esta semana, destaca o elogio da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao Brasil pela criação do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de outras Doenças Determinadas Socialmente (Cieds), ocorrida em abril deste ano por meio do Decreto presidencial nº 11.494. Na notícia “Brazil tackles its tuberculosis burden” ou “Brasil enfrenta sua carga de tuberculose” em tradução livre, o renomado periódico internacional traz falas da diretora do Programa Global de Tuberculose (TB) da OMS e de diversos experts na temática que enfatizam a relevância da iniciativa brasileira.
O Comitê citado na notícia do The Lancet tem a finalidade de promover ações que contribuam para a eliminação da tuberculose e de outras doenças determinadas socialmente (HIV, sífilis, hepatite B, hanseníase etc) como problemas de saúde pública no Brasil até 2030. Liderado pelo Ministério da Saúde – por meio dos Departamentos de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) e de Doenças Transmissíveis (DEDT) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVSA) – o Cieds tem a participação de outros oito ministérios. “Além do MS, o Comitê é composto pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; dos Direitos Humanos e da Cidadania; da Educação; da Igualdade Racial; da Integração e do Desenvolvimento Regional; da Justiça e Segurança Pública e dos Povos Indígenas. Trata-se, portanto, de uma política de governo, e não somente do Ministério da Saúde”, afirma o diretor do Dathi, Draurio Barreira.
Em entrevista ao The Lancet, o professor e pesquisador da Johns Hopkins School of Medicine (Estados Unidos), Petros Karakousis, destacou a atuação do Comitê para o alcance das metas relacionadas à tuberculose. “Essa ousada e louvável iniciativa de priorizar os investimentos para a eliminação da tuberculose é altamente significativa, uma vez que o Brasil contabiliza um terço dos casos de tuberculose nas Américas e é um dos 30 países com a maior carga de TB no mundo. O foco deve estar em testar ao máximo grupos vulneráveis, incluindo aqueles com o maior risco de exposição, como populações desabrigadas e encarceradas, e aqueles com imunidade enfraquecida, como pessoas vivendo com HIV, diabetes e desnutrição”.
Richard Chaisson, também professor e pesquisador da Johns Hopkins, ressaltou a liderança brasileira na pauta. “Essa iniciativa não só contribui para aliviar a enorme carga de tuberculose do país, mas serve como um exemplo global de liderança política para o controle da TB com uma abordagem multissetorial, abrangendo questões sociais e clínicas e fatores do sistema de saúde que ajudam a propagar a doença”.
O também expert em TB, Madhukar Pai, do McGill International TB Centre (Canadá), afirmou ao The Lancet que a epidemia de tuberculose é alimentada por determinantes como pobreza, desnutrição, tabagismo, diabetes e poluição ambiental; por isso, a OMS tem defendido uma maior intersetorialidade e cooperação multissetorial para eliminar a doença. “É bom ver o Brasil mostrando que isso é realmente possível. Espero que a iniciativa possa inspirar outros países a fazerem o mesmo. Por exemplo, uma necessidade urgente é de que os setores de alimentos e agricultura trabalhem com os ministérios da saúde sobre como abordar o enorme problema da subnutrição, que é um condutor muito poderoso da TB”.
Ainda segundo a notícia internacional, a diretora do Programa Global de TB da OMS, Tereza Kasaeva, afirma que o Brasil avançou rapidamente nos últimos seis meses para incluir nove ministérios na ação rumo ao fim da tuberculose e dar respostas mais efetivas aos principais impulsionadores da epidemia. Ela defendeu que outros países também promovam esforços para aumentar a colaboração multissetorial e desenvolver um sistema de prestação de contas eficaz para eliminar a tuberculose.