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HIV E AIDS
Risco zero da transmissão sexual do HIV é tema de webinar do Ministério da Saúde
Com o objetivo de disseminar o emprego das evidências que o conceito indetectável é igual a intransmissível e representa risco zero de transmissão do HIV, o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (Dathi/SVSA/MS) realizou, esta semana, o webinar “Indetectável = zero: quando o HIV não é transmissível”. Voltado para profissionais de saúde, pessoas vivendo com HIV ou aids (PVHA) e demais pessoas interessadas no tema, o evento teve como objetivo fortalecer a adesão ao tratamento antirretroviral, os direitos sexuais e reprodutivos das PVHA, bem como reduzir estigma e discriminação, em consonância ao posicionamento da Organização Mundial da Saúde.
Durante a abertura, o diretor do Dathi, Draurio Barreira, afirmou a importância de reforçar a mensagem que carga viral indetectável é igual a risco zero de transmissão do HIV. “Fiquei muito feliz com o destaque que a campanha do Dia Mundial de Luta contra a Epidemia de Aids traz em relação ao I=I. Saíram vários artigos na imprensa no dia seguinte reconhecendo que, pela primeira vez, o Ministério da Saúde coloca de forma inequívoca, em alto e bom som, que indetectável é igual a intransmissível”, informou. Para ele, priorizar essa estratégia é também uma forma de assumir que a nova gestão do Dathi é pautada pela ciência.
A pesquisadora Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), foi uma das palestrantes da atividade e destacou que em 2022 foram registradas 39 milhões de pessoas vivendo com HIV e Aids no mundo, sendo 1,3 milhões de novas infecções. “Não temos como discutir as questões relacionadas à epidemia sem entender, de forma profunda, quais são as populações mais vulnerabilizadas e que isso depende de onde estamos falando. Em cada região a epidemia tem suas próprias características e é fundamental que haja entendimento sobre isso para que as ações de diagnóstico, prevenção e tratamento possam ser adaptadas à situação real das populações vulnerabilizadas em cada local onde se encontram”, asseverou a infectologista. Grinsztejn demonstrou preocupação com o fato de na América Latina, 25% dos diagnósticos ocorrerem de forma tardia, isto é, quando já existe uma imunossupressão avançada.
Indetectável = intransmissível = liberdade
O evento foi moderado pelo médico infectologista e consultor técnico da Coordenação-Geral de Vigilância de HIV, Aids e Hepatites Virais (CGAHV/Dathi/SVSA/MS), Ronaldo Hallal. Ele reforçou que os objetivos de diagnosticar e tratar pessoas vivendo com HIV ou aids não é apenas com a finalidade de alcançar a supressão viral, mas promover qualidade de vida, direitos e felicidade. Em consonância, o assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Juan Carlos Raxach, afirmou que a descoberta do “indetectável = intransmissível” foi uma grande conquista não só do ponto de vista epidemiológico, mas também para a vida da pessoa vivendo com HIV ou aids. “O I=I permite tirar as pessoas que vivem com HIV ou aids do lugar de transmissor, da categoria de acusação, da exclusão e da culpa da responsabilidade pela transmissão do vírus”.
Vivendo com HIV há 15 anos, Rafael Arcanjo, representante da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV ou Aids, contou que o grande fator da intransmissibilidade é a liberdade. “O movimento social foi um dos primeiros a levantar a bandeira do I=I, tanto de maneira nacional quanto global e, desde que começou a falar sobre isso, as pessoas passaram a quebrar o estigma. Uma palavra que sempre nos acompanhou em todas as décadas de aids e HIV foi ‘vergonha’. O problema é que quando a gente não consegue se expressar sobre o assunto, vem o silêncio”. Para ele, a certeza de não transmitir o vírus permite que as pessoas possam finalmente falar abertamente, e sem medo, que vivem com HIV.