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DEZEMBRO VERMELHO
Combater o estigma e a discriminação é fundamental para eliminar o HIV como problema de saúde pública
Para o diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (Dathi/SVSA/MS), Draurio Barreira, o Brasil tem condições de alcançar a meta 95-95-95 proposta pelo Programa das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids) até 2030. A declaração foi feita esta semana durante o seminário da Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais do Congresso Nacional.
O seminário integrou as ações do projeto HIVida, uma iniciativa do Unaids, em parceria com o Ministério da Saúde, com o objetivo de promover debates, exposições, expressões artísticas, entre outras atividades, que ocorreu entre os dias 1º e 10 de dezembro, visando promover os direitos humanos e combater o estigma e a discriminação associados ao HIV e à aids.
Segundo Draurio, o país avançou bastante em termos biomédicos, no entanto, ainda precisa enfrentar o estigma e a discriminação. “Tivemos uma notícia positiva e impactante nas últimas semanas: a certificação do município e do estado de São Paulo pela eliminação da transmissão vertical do HIV, provando que se a maior cidade e o estado mais populoso do país conseguem esse feito, todos os outros também têm essa possibilidade. Isso se aplica também para hepatite B, sífilis e HTLV”, afirmou Draurio Barreira.
Na ocasião, a diretora e representante do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Claudia Velasquez, também falou do potencial brasileiro na resposta ao HIV e à aids. “O Brasil tem uma história de sucesso em termos de acesso a medicamentos, tratamento e prevenção de HIV e aids, sendo um ator internacional relevante no que diz respeito aos cuidados da pessoa vivendo com HIV ou aids”, afirmou. Ela também falou da relevância de pautar novamente o tema na agenda pública.
O evento contou ainda com a participação da representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids) no Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), Carla Diana. Ela ressaltou a importância de considerar os fatores que vulnerabilizam as populações afetadas pelas infecções e doenças. “Às vezes usamos o discurso de que a pessoa precisa se tratar, entender e tomar a medicação, mas não garantimos que ela tenha acesso a outros pontos da vida que também são importantes. Não podemos ignorar a inseguridade alimentar, a falta de moradia, o sofrimento mental e social, e a violência, que deixam essas pessoas mais suscetíveis à mortalidade por aids”, falou.
Considerando essa necessidade de integralidade nas respostas a doenças como a aids, a tuberculose, a hanseníase e às infecções por hepatites virais, o Ciedds é composto por nove ministérios. Atualmente, a meta do Comitê é eliminar 11 doenças e cinco infecções de transmissão vertical como problemas de saúde pública. “Como signatários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), temos o compromisso de cumprir com as metas estabelecidas, em especial, o terceiro objetivo que versa sobre saúde e bem-estar: acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária, combater a hepatite e outras doenças transmissíveis” reforçou o diretor do Dathi.
Projeto HIVida
O HIVida ocorreu entre os dias 1º e 10 de dezembro no Espaço Cultural Renato Russo e em outros locais estratégicos de Brasília. A programação ofereceu uma variedade de atividades gratuitas, incluindo a mostra "A potência em imagens", do fotógrafo americano Sean Black; exibição de filmes premiados sobre HIV e aids; rodas de conversa sobre acesso ao mercado de trabalho e uso de inteligência artificial para combater o estigma; além de uma homenagem aos 65 anos de Cazuza, com a leitura de seus poemas e canções; entre outras atrações.