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TUBERCULOSE
Ministério da Saúde organiza webinares para discutir doenças causadas por microbactérias
As doenças causadas por micobactérias não tuberculosas (MNT) foram pauta de três webinares realizados pelo Ministério da Saúde, durante o mês de setembro. Organizadas pela Coordenadoria-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas (CGDR/DCCI/SVS/MS), as reuniões virtuais tiveram como objetivo principal apresentar diretrizes para o manejo das MNT com diagnóstico diferencial à tuberculose no Brasil. Os três seminários contaram com mais de 600 acessos e aconteceram nos dias 15, 22 e 29 de setembro.
A médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margareth Pretti, falou sobre a importância das MNT em saúde pública. “Existe um decréscimo na curva de TB, e um crescimento das MNT nos países em desenvolvimento, o que implica em uma relevância médica das MNT, sendo, portanto, o diagnóstico diferencial, por meio da anamnese, à TB fundamental”, disse.
Margareth Pretti afirmou que é preciso reconhecer as formas pulmonares subdiagnosticadas. “Precisamos levar em conta que os laboratórios precisam de condições de passar esses diagnósticos para métodos moleculares. Como há risco de recidivas, as doenças causadas por MNT podem ser incuráveis”.
A tecnologista da CGDR, Patrícia Bartholomay, abordou o tema: epidemiologia e sistema de informação das MNT no Brasil. Patrícia esclareceu que as MNT não são doenças de notificação compulsória. “Essas doenças somente são notificadas no sistema em caso de surto. Os casos não detectados a partir do diagnóstico diferencial à tuberculose devem ser incluídos no site TB para dispensação de medicamentos em nível federal”, concluiu.
Ainda, durante o encontro, a coordenadora-geral da CGDR, Fernanda Dockhorn, apresentou o Guia de Recomendações para o diagnóstico e tratamento das doenças causadas por microbactérias não tuberculosas no Brasil.
Diretrizes e tratamentos
A diretora do Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios da Fiocruz, Cristina Lourenço, esclareceu as diretrizes para o diagnóstico laboratorial dessas doenças. ”Hoje são 190 espécies de MNT já identificadas. Mas é importante destacar que a presença de MNT em um espécime clínico não significa, obrigatoriamente, que esses microorganismos estejam causando doenças. Por isso a importância da comunicação entre a equipe técnica para que seja viabilizado o correto processamento de mostras nos laboratórios e os tipos de testes de microbactérias existentes no Brasil”, explicou.
Sidney Bombarda, médico pneumologista da Divisão de Tuberculose da Secretaria de Saúde de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, palestrou sobre o diagnóstico por imagem das MNT. Fernanda Mello, professora titular de tisiopneumologia da UFRJ, abordou o tema: Diagnóstico Clínico das MNT. Artemir Coelho, técnico da CGDR, foi o moderador do encontro.
A médica do ambulatório referência de TB e MNT do Rio Grande do Sul (Hospital Sanatório Partenon SES/RS), Gisela Unis, falou sobre os tipos de micobacterioses, as virulências, os perfis dos pacientes, os sintomas, as formas de diagnóstico e as indicações de tratamentos.
O médico pneumologista do Centro de Referência Hélio Fraga (Fiocruz), Jorge Luiz, abordou os tratamentos das MNT. “A decisão de iniciar o tratamento medicamentoso para MNT deve levar em consideração a apresentação da doença, a possibilidade de colonização e o risco versus benefício do tratamento, considerando a condição clínica apresentada, o tempo de tratamento, a possibilidade de cura e a toxicidade dos fármacos”, explicou.
O médico deu detalhes sobre os esquemas padronizados de tratamentos das MNT e abordou as orientações sobre esquemas individualizados. Também aproveitou a oportunidade para reforçar a necessidade de inclusão de especificação no SITE-TB, destacando a importância do diagnóstico diferencial à tuberculose.
O último Webinar ocorreu nesta quarta-feira, 29, e teve como moderadora a técnica da CGDR/DCCI/SVS/MS, Liliana Romero.
Micobactérias não tuberculosas (MNT)
As doenças causadas por MNT são emergentes, fato que tem sido relacionado à melhoria dos métodos diagnósticos, ao envelhecimento populacional, aumento do uso de imunobiológicos e à presença de doenças imunossupressoras associadas, como a infecção pelo HIV. Nos últimos anos, houve um aumento da conscientização dos profissionais de saúde sobre essas doenças.
As MNT não são doenças de notificação obrigatória na maioria dos países, inclusive no Brasil, exceto quando ocorrem após procedimentos invasivos.
A partir da implantação do Sistema de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITE-TB), em 2013, iniciou-se a notificação de casos de doença por MNT com diagnóstico diferencial à tuberculose, para os quais foram disponibilizados medicamentos pelo Ministério da Saúde.
Certificados e materiais de apoio
As apresentações dos palestrantes e os certificados de participação estão disponíveis na plataforma Webinar, em webinar.aids.gov.br.
O guia de Recomendações para o diagnóstico e tratamento das doenças causadas por micobactérias não tuberculosas no Brasil está disponível aqui.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis