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INTERNACIONAL
Brasil participa de encontro de alto nível da OMS
Neste 28 de julho, Dia Mundial de Luta contra as Hepatite Virais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um “talk show” Global com o tema “As Hepatites Virais Não Podem Esperar”. Com a participação de líderes globais da área da saúde de diferentes países, o encontro apresentou os principais desafios e ações desenvolvidas para eliminar a doença como ameaça à saúde pública até 2030.
Após dar boas-vindas aos participantes, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, alertou que as hepatites ainda geram cerca de 8 mil novas infecções por dia e disse que para reverter esse quadro é preciso “expandir os tratamentos, investir na prevenção, para evitar novas contaminações, e na vacinação contra a hepatite B”. O diretor-geral da OMS finalizou sua fala salientando que a hepatite C (HCV) é uma epidemia global e é responsável pela morte de milhares de pessoas anualmente.
Carisse Etiene, diretora-geral da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), reforçou a necessidade urgente de ação e a relevância de discutir oportunidades para acelerar a resposta às hepatites. Citou que novos dados indicam que há 1,5 milhão de novas infecções por hepatite B no mundo a cada ano e cerca de 820 mil mortes. Na Região das Américas estima-se que 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e dessas, apenas 3% estão recebendo o tratamento. “Além disso, novas estimativas da OMS para a hepatite C mostram que, a cada ano, há 1,5 milhão de novas infecções e 290 mil mortes. Cerca de 22% das pessoas cronicamente infectadas por hepatite C foram diagnosticadas, sendo que 18% delas tiveram acesso ao tratamento”.
O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, que na oportunidade representou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apresentou as lições aprendidas sobre a resposta às hepatites virais no Brasil e o papel central do SUS, um sistema de acesso universal à saúde. Lembrou que, desde 2016, o país oferta vacina universal contra a hepatite B e que, desde 2020, o modelo de oferta dos medicamentos para hepatites virais foi simplificado, para garantir a expansão do acesso. “O cenário desafiador da pandemia de Covid-19 não impediu a manutenção da oferta oportuna de teste rápido para hepatite B e C no país, tratamento para casos confirmados e vacinação contra hepatite A e hepatite B”, salientou Medeiros, ao informar que o MS vem desenvolvendo ações para a eliminação da hepatite C em populações prioritárias, como todas as pessoas com 40 anos ou mais e aquelas com maior risco de exposição ou vulnerabilidade à infecção pelo HCV, como pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993 e pessoas em presídios.
“O mundo está enfrentando profundos desafios de saúde, sociais e econômicos causados pela pandemia covid-19. Essas circunstâncias sem precedentes apresentam imensas dificuldades para muitos outros problemas de saúde pública que, de longe, ainda não superamos, como as hepatites B e C”, lamentou o secretário de Vigilância em Saúde que manifestou seu apreço à OMS por trazer este assunto urgente em um dia tão importante para a resposta global à hepatite viral.
Conquistas brasileiras
Ao longo da última década, o Brasil incorporou gradativamente as ferramentas mais inovadoras de prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites B e C às políticas públicas de saúde. Dentre elas, destacam-se:
- A oferta do teste rápido para hepatites B e C, em 2011;
- A incorporação dos antivirais de ação direta para hepatite C, em 2015 (de 2015 a 2021, o Brasil ofereceu tratamento para 140 mil pessoas, aproximadamente);
- A universalização da vacina contra hepatite B, em 2016;
- A universalização do tratamento da hepatite C, em 2019;
- A simplificação do tratamento e redução das barreiras administrativas e assistenciais de acesso aos medicamentos para hepatites (B, C e D), por meio de ajustes de fluxos logísticos, em 2020.
Desafios
Um dos nossos maiores desafios no enfrentamento das hepatites B e C virais ainda diz respeito aos novos diagnósticos. “Recentemente, notamos uma queda relevante no número de novos diagnósticos de hepatites virais, possivelmente atribuída à carga de casos de Covid-19 em serviços de doenças infecciosas”, observou Medeiros, ao informar que, para reverter o quadro, o MS publicou, em 2020, recomendações que fortalecem e amparam a atuação do enfermeiro, principalmente nos serviços de atenção primária à saúde, confirmando a possibilidade do diagnóstico das hepatites virais B e C por esses profissionais.
Além disso, o secretário de Vigilância em Saúde realçou que protocolo nacional de tratamento para hepatite C e coinfecções possui um capítulo dedicado ao manejo clínico da coinfecção HCV-HIV. O documento também recomenda testes anuais para hepatite C para todas as pessoas que vivem com HIV e trimestralmente para todas as pessoas que usam profilaxia pré-exposição para HIV (PrEP).
“A hepatite B também tem seu manejo clínico estabelecido por um protocolo nacional. Recomendamos o rastreamento e o diagnóstico com foco em pessoas com maior vulnerabilidade, como aquelas que vivem em comunidades tradicionais (comunidades indígenas e ribeirinhas), populações-chave para o HIV, entre outras”, pontuou Medeiros, ao falar que o SUS é fundamental para enfrentar esses desafios, bem como para o sucesso, até o momento, no combate às hepatites virais.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis