Úlceras genitais
As úlceras genitais representam uma síndrome clínica, sendo muitas vezes causadas por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), e se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia (íngua) regional.
Várias IST se manifestam com úlceras genitais em alguma fase da doença, cujos agentes etiológicos infecciosos mais comuns são:
- Treponema pallidum (sífilis);
- HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente);
- Haemophilus ducreyi (cancroide);
- Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV);
- Klebsiella granulomatis (donovanose).
Herpes genital
Existem dois tipos de vírus causadores do herpes genital. Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae. Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais.
As manifestações da infecção pelo HSV podem ser divididas em primeira infecção (primoinfecção) herpética e surtos recorrentes. Sabe-se que muitas pessoas que adquirem a infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações, e que a proporção de infecções sintomáticas é estimada entre 13% e 37%.
Sinais e sintomas
Os primeiros sintomas normalmente surgem após seis dias de contato com o vírus e são:
- Lesões avermelhadas com pequenas bolhas muito dolorosas e de localização variável na região genital, as quais evoluem para pequenas úlceras arredondadas
- Febre, mal-estar, dores no corpo e ardência ao urinar, com ou sem retenção urinária
- Ínguas dolorosas na região da virilha.
Se a infecção atingir o colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre as pessoas com pênis, o acometimento da uretra pode provocar corrimento e raramente é acompanhado de lesões extragenitais. O quadro pode durar de duas a três semanas.
A repetição da infecção deve-se à reativação viral. Essa reativação decorre de quadros infecciosos, exposição à radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação, estresse físico ou emocional, uso prolongado de antibióticos e/ou imunodeficiência.
O quadro clínico das recorrências é menos intenso que o observado na primeira infecção e pode ser precedido de sintomas característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital.
As lesões têm regressão espontânea em sete a dez dias, com ou sem cicatriz. A tendência natural dos surtos é se tornarem menos intensos e menos frequentes com o passar do tempo.
Complicações
As gestantes portadoras de herpes simples apresentam risco acrescido de complicações fetais e neonatais, sobretudo quando a infecção ocorre no final da gestação. O maior risco de transmissão do vírus acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto. A infecção pode ser ativa (em aproximadamente 50% dos casos) ou assintomática. Recomenda-se a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas.
Diagnóstico e tratamento
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, recomenda-se procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antivirais adequado.
Cancro mole (cancroide)
Infecção causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, sendo mais frequente em países tropicais.
Formas de contágio
Transmite-se pela relação sexual com uma pessoa infectada sem o uso da camisinha masculina ou feminina.
Sinais e sintomas
- Feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pus, que aparecem com frequência nos órgãos genitais (ex.: pênis, ânus e vulva).
- Podem aparecer nódulos (caroços ou ínguas) na virilha.
Diagnóstico e tratamento
Ao se observar qualquer sinal e sintoma de cancro mole, a recomendação é procurar um serviço de saúde. O tratamento deverá ser prescrito pelo profissional de saúde.
Linfogranuloma venéreo (LGV)
O que é?
O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que atinge os órgãos genitais e os gânglios da virilha. É popularmente conhecida como “mula”.
Formas de contágio
A transmissão ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Por isso, recomenda-se sempre o uso da camisinha masculina ou feminina e o cuidado com a higiene íntima após a relação sexual.
Sinais e sintomas
- Feridas nos órgãos genitais e outros (pênis, vagina, colo do útero, ânus e boca), as quais, muitas vezes, não são percebidas e desaparecem sem tratamento
- Entre uma a seis semanas após a ferida inicial, surge um inchaço doloroso (caroço ou íngua) na virilha, que, se não for tratado, rompe-se, com a saída de pus
- Pode haver sintomas por todo o corpo, como dores nas articulações, febre e mal-estar
- Quando não tratada adequadamente, a infecção pode agravar-se, causando elefantíase (acúmulo de linfa no pênis, escroto e vulva).
Diagnóstico e tratamento
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, recomenda-se procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado.
As parcerias sexuais também precisam ser tratadas.
Donovanose
O que é?
É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele infectada. É pouco frequente, ocorrendo na maioria das vezes em climas tropicais e subtropicais.
Formas de contágio
A transmissão ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Por isso, recomenda-se sempre o uso da camisinha masculina ou feminina.
Sinais e sintomas
- Após o contágio, aparece uma lesão que se transforma em ferida ou caroço vermelho
- Não dói e não tem íngua
- A ferida vermelha sangra fácil, podendo atingir grandes áreas e comprometer a pele ao redor, facilitando a infecção por outras bactérias.
Diagnóstico e tratamento
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, recomenda-se procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado.
Ao término do tratamento, é necessária consulta de retorno para avaliação de cura da infecção.
Deve-se evitar contato sexual até que os sinais e sintomas tenham desaparecido e o tratamento seja finalizado.