Hepatite C
Qual o agente causador da hepatite C?
O vírus da hepatite C (HCV) pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae. É um RNA vírus, de fita simples e polaridade positiva.
Hepatite C, o que é?
É um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (HCV) e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum.
A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 70% (55-85%) dos casos agudos se tornam crônicos e, entre os casos crônicos, o risco de desenvolvimento de cirrose varia entre 15% a 30% em 20 anos. O risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC) em pacientes infectados pelo HCV aumenta de 15 a 20 vezes, com a incidência anual de CHC estimada em 1% a 4% em pacientes cirróticos ao longo de um período de 30 anos. O risco anual de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20%.
Formas de transmissão
A transmissão do HCV pode acontecer por:
- Contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas (cachimbos);
- Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos;
- Falha de esterilização de equipamentos de manicure;
- Reutilização de material para realização de tatuagem;
- Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
- Uso de sangue e seus derivados contaminados;
- Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
- Transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).
A hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada.
Quais são os sinais e sintomas?
Aproximadamente 80% das pessoas com hepatite C não apresentam sintomas. Para os 20% sintomáticos, o período entre a infecção e o início dos sintomas varia de 2 a 12 semanas. Os sintomas incluem principalmente febre, fadiga, náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, urina escura e icterícia. Como os sintomas são geralmente leves e inespecíficos, o diagnóstico da hepatite C aguda pode passar despercebido. Assim, a testagem espontânea da população prioritária é imprescindível no combate à hepatite C.
Como é o diagnóstico?
Em geral, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Esse fato reitera a importância da realização dos testes rápidos ou sorológicos, que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. Se o teste de anti-HCV for positivo, é necessário realizar um exame de carga viral (HCV-RNA) para confirmar a infecção ativa pelo vírus. Após esses exames, o paciente poderá ser encaminhado para o tratamento, ofertado gratuitamente pelo SUS, com medicamentos capazes de curar a infecção e impedir a progressão da doença.
O Ministério da Saúde mantém, em parceria com as Unidades da Federação, a Rede Nacional de Laboratórios/Serviços de Saúde para a Quantificação da Carga Viral do HCV, com a finalidade de ofertar os exames para diagnóstico e monitoramento das pessoas infectadas com o vírus da hepatite C. O Ministério da Saúde promove a contratação de prestação de serviços e aquisição de insumos, bem como monitora as Redes de Laboratórios/Serviços de Saúde que executam os testes, a fim de garantir a qualidade dos exames ofertados no âmbito do SUS.
O Ministério da Saúde também atua na contratação de prestação de serviço de testagem para os exames de Genotipagem do HCV. O Ministério da Saúde atua na gestão dos serviços laboratoriais centralizados, de modo a assegurar a oferta dos serviços nas 27 UF do Brasil, garantir a agilidade na realização dos exames e o acesso aos resultados nos sistemas de informação do Ministério da Saúde.
O documento intitulado “Manual da Rede Nacional de Laboratórios/Serviços de Saúde de Carga Viral do HIV/HBV/HCV, Detecção de Clamídia/Gonococo e Contagem de Linfócitos T-CD4+” foi construído com a finalidade de apoiar a gestão local e os profissionais executores da Rede. O documento intitulado “Orientações para apoio à gestão dos testes laboratoriais para IST ofertados pelo Ministério da Saúde” tem como objetivo apoiar a gestão das Redes de Laboratórios/Serviços de Saúde (Carga Viral do HCV) e dos exames ofertados no modelo de prestação de serviço de testagem (Genotipagem do HCV). Ambos documentos apresentam as principais atividades desenvolvidas, os sistemas utilizados, os documentos de referência e os papéis e responsabilidades dos atores envolvidos.
Procure uma unidade de saúde e faça o teste!
Hepatite C tem cura!
Como é o tratamento?
O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 12 ou 24 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a cura da infecção na maioria dos casos.
Todas as pessoas com infecção pelo HCV podem receber o tratamento pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções (PCDT Hepatite C). Os pacientes na fase inicial da infecção podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento.
Como se prevenir?
Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção, é importante:
- Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente etc.);
- Usar preservativo nas relações sexuais;
- Não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas;
- Toda mulher grávida precisa fazer, no pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.
Alguns cuidados também devem ser observados nos casos em que se sabe que o indivíduo tem infecção ativa pelo HCV, para minimizar as chances de transmissão para outras pessoas. As pessoas com infecção devem: i) ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau testados para hepatite C; ii) não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal ou outros itens que possam conter sangue; iii) cobrir feridas e cortes abertos na pele; iv) limpar respingos de sangue com solução clorada; v) não doar sangue ou esperma.
Pessoas com hepatite C podem participar de todas atividades, incluindo esportes de contato. Também podem compartilhar alimentos e beijar outras pessoas.