Doença de Aujeszky (DA)
Situação epidemiológica:
Doença presente no Brasil (última ocorrência: 2018, no PR).
Documentos de referência:
Instrução Normativa MAPA nº 08/2007
A Doença de Aujeszky é de notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito (Categoria 2 da IN nº 50/2013). É uma doença causada por um vírus da família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae, e pode acometer os suínos (Sus scrofa) domésticos, silvestres e asselvajados, além de uma grande variedade de mamíferos: bovinos, ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres, todos considerados hospedeiros finais.
O vírus é encontrado em todas as secreções e excreções do animal infectado e pode ser transmitido pelas vias direta (contato entre animais, aerossóis e suas secreções e excreções, sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos, alimentos de origem animal), entrando no organismo por via oral e oro nasal. Transmissão transplacentária (vertical) e via inseminação artificial (sêmen contaminado) são previstas.
Reservatórios: suínos portadores assintomáticos (infecção latente). O vírus tem a capacidade de estabelecer infecções latentes no hospedeiro que podem ser reativadas por condições estressantes. Suínos infectados tornam-se portadores assintomáticos do vírus e fonte de infecção para outros animais.
Período de Incubação: 2 a 6 dias.
Sinais clínicos e lesões
Dependem da faixa etária dos suínos acometidos, estado imune do rebanho, via de infecção e cepa viral.
Leitões de maternidade: Febre (42ºC), apatia, anorexia, hipersalivação, predomínio de sinais nervosos como tremores, convulsões, incoordenação de membros posteriores (posição de cão sentado), andar em círculos, movimentos de pedalagem, decúbito, opistótono, pêlos eriçados, inapetência e morte de 1 a 5 dias. Mortalidade pode chegar a 100%.
Leitões em crescimento e terminação: Febre (42ºC), apatia, anorexia, atraso no crescimento, predomínio de sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia. Sinais nervosos podem ser observados. Recuperação em 5 a 10 dias. Mortalidade de 1 a 2% ou maior se houver infecções secundárias.
Suínos reprodutores: Febre (42ºC), anorexia, constipação, hipersalivação, falsa mastigação, agalaxia, infertilidade e sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia. Incoordenação leve e paralisia de posterior são raros. Mortalidade de 1 a 2%. Matrizes infectadas durante a gestação: retorno ao cio, abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos.
Suínos asselvajados: normalmente assintomáticos, podendo apresentar sinais respiratórios leves.
Sinais clínicos em outros mamíferos: Sintomatologia nervosa associada a prurido intenso e automutilação, motivo pelo o qual a doença também é conhecida como “peste de coçar”. É letal, com óbito de 2 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos.
Vigilância
Objetivos da vigilância:
• Detecção precoce e erradicação da Doença de Aujeszky;
• Demonstração da ausência de circulação do vírus da DA e permitir o reconhecimento de estados como livres de DA (IN 08/2007).
População-alvo da Vigilância: suínos de criações comerciais, de subsistência e asselvajados.
O diagnóstico diferencial para DA deve ser realizado para as seguintes doenças: Peste Suína Clássica (PSC), Peste Suína Africana (PSA), influenza suína, circovirose, pasteurelose, meningite estreptocócica, pneumonia enzoótica, raiva, leptospirose, hipoglicemia neonatal, intoxicação por sal e outras doenças que afetam o sistema nervoso, respiratório ou reprodutivo dos suídeos. As provas para diagnóstico laboratorial são: detecção de anticorpos pelo ensaio de neutralização viral; detecção do RNA viral por RT-PCR em tempo real; e isolamento viral em linhagem celular. O laboratório recomendado é o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pedro Leopoldo - LFDA/MG.
Orientação para colheita de amostra
Eutanasiar o (s) animal (ais) doente (s) e colher cérebro, baço, tonsilas, pulmão e fetos abortados, sendo 50 gramas de cada órgão. Acondicionar separadamente em frascos ou sacos plásticos, identificados.
Colher amostras de soro de suínos doentes ou convalescentes, no mínimo 2 ml por animal, límpidas após centrifugação e acondicionar em tubos tipo Eppendorf.
Remeter as amostras congeladas.
Em nenhuma hipótese deve ser colhido e enviado um órgão de um só animal. Quanto maior o número de animais coletados, maior a chance de um diagnóstico correto.
Definição de caso
Caso suspeito: qualquer suíno que apresente sinais clínicos ou lesões compatíveis com DA, notificado ao SVO.
Caso provável: constatação pelo SVO de suíno apresentando sinais clínicos ou lesões compatíveis com a DA, ou com reação a teste laboratorial que indique a possível presença do vírus da DA, exigindo adoção imediata de medidas de biossegurança e de providências para o diagnóstico laboratorial.
Caso ou foco confirmado: registro, em uma unidade epidemiológica, de pelo menos um caso que atenda a um ou mais dos seguintes critérios:
1) isolamento e identificação do vírus da DA em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos;
2) detecção de antígeno viral ou ácido ribonucleico específico do vírus da DA em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos da doença;
3) detecção de anticorpos específicos do vírus da DA, que não sejam consequência da vacinação, em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos da doença.
Suspeita Descartada: caso suspeito cuja investigação do SVO demonstrou não ser compatível com DA.
Caso Descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de caso.
Medidas a serem aplicadas
Medidas aplicáveis em investigação de suspeitas/casos prováveis de Doença de Aujeszky: interdição da unidade epidemiológica, rastreamento de ingresso e egresso, investigação de vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para diagnóstico laboratorial, isolamento dos animais.
Medidas aplicáveis em focos de Doença de Aujeszky: despovoamento imediato, despovoamento gradual ou erradicação por sorologia, a ser avaliado de acordo com a situação epidemiológica. Desinfecção, vazio sanitário, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral.
Estratégia de vacinação em resposta a foco somente após avaliação do DSA de acordo com a situação epidemiológica.
Vacinação preventiva proibida.
Medidas detalhadas no Plano de Contingência para DA (IN MAPA 08/2007).
Prazo para encerramento/conclusão das investigações
Nas suspeitas descartadas a investigação pode ser concluída imediatamente.
Nos casos prováveis de DA a investigação pode ser encerrada após diagnóstico final negativo de DA.
Um foco de DA somente será encerrado após a eliminação dos animais positivos e comprovação de ausência de circulação viral, conforme Plano de Contingência para DA (IN MAPA 08/2007).