ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Introdução
As Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET) são doenças neurodegenerativas que acometem toda a estrutura do Sistema Nervoso Central (SNC). Ocorrem em muitas espécies e, após a instalação do quadro clínico, é invariavelmente fatal.
No grupo das EET, as enfermidades de destaque são:
• Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB): acomete bovinos e bubalinos, popularmente chamada de “doença da vaca louca”. Foi diagnosticada pela primeira vez em 1986, no Reino Unido. Há fortes evidências de que o surto foi amplificado e espalhado por toda a indústria pecuária do Reino Unido por meio da alimentação de bezerros jovens com farinha de carne e ossos bovinos infectados por príons.
• Scrapie ou Paraplexia enzoótica dos ovinos: afeta ovinos e caprinos.
• Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD): acomete humanos, na maioria das vezes pessoas idosas (média de 65 anos de idade), tem distribuição mundial e com incidência de cerca de um caso por milhão de pessoas.
• Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD): também acomete humanos, porém em contraste à forma clássica da CJD, afeta pessoas jovens (média de 29 anos de idade) e está associada à ingestão de alimentos contaminados com o agente da Encefalopatia Espongiforme Bovina clássica.
A EEB é uma enfermidade neurodegenerativa fatal e transmissível do SNC de bovinos e possui longo período de incubação (2 a 8 anos, média de 5 anos).
O príon é derivado de uma proteína normal da membrana celular encontrada na maioria das células do hospedeiro, mas com predominância no SNC. Essa proteína normal sofre uma alteração da conformação espacial, se torna infecciosa e se replica nas células do SNC, causando a doença.
O agente da EEB possui três tipificações conforme o peso molecular: o príon de peso molecular considerado padrão, sendo o causador da EEB clássica (tipo C); o príon de peso molecular alto, causador da EEB atípica tipo H (high) e o príon de peso molecular baixo, causador da EEB atípica tipo L (low).
Transmissão
A transmissão da EEB clássica (tipo C) ocorre por via oral através da ingestão de subprodutos de origem de ruminantes, principalmente farinhas de carne e ossos provenientes de animais infectados pelo príon. Já a EEB atípica (tipo H e L) ocorre de forma esporádica e espontânea.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos da EEB geralmente progridem ao longo de algumas semanas ou meses. Na EEB clássica ocorre alterações neurológicas e alterações comportamentais, agressividade, dificuldade em manter-se em pé ou levantar-se, andar em círculos, movimentos oculares assimétricos. Sinais inespecíficos também podem ocorrer, como: perda de peso corporal, bruxismo, queda da produção leiteira e bradicardia.
A EEB atípica normalmente é assintomática, associada a bovinos caídos ou com dificuldade de se levantar. Na maioria dos casos descritos, os animais acometidos possuíam mais de 8 anos de idade.
Diagnóstico diferencial
Os sinais clínicos neurológicos podem ser apresentados por várias doenças, como raiva, infecção por herpesvírus, encefalites, doença de Aujeszky, febre catarral maligna ou agravos não infecciosos como hipocalcemia, intoxicações, tumores, traumatismos, poliencefalomalácia, entre outros.
Diagnóstico da EEB
Não há método de detecção da infecção em animais vivos. O diagnóstico confirmatório é baseado na demonstração da proteína e alterações histopatológicas no sistema nervoso central de animais suspeitos. O material de escolha para o diagnóstico da EEB é o tronco encefálico contendo o óbex, conforme figura 1.
Os testes recomendados pela Organização Mundial de Saúde Animal – OMSA para detecção do PrPsc são:
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ELISA (triagem de casos suspeitos);
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Imunohistoquímica - IHQ (teste confirmatório);
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Western Blot - WB (teste confirmatório e tipificação do príon PrPsc).
No Brasil, são têm sido adotados os testes de ELISA e IHQ. O laboratório oficial de referência no país para o diagnóstico da EEB é o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pernambuco (LFDA-PE). A tipificação do príon é realizada em laboratório de referência da OMSA.
Foto cedida pela AFFA Paula Letícia Campello
Figura 1 –Tronco encefálico com o óbex