Café no Brasil e Ementário do Café
Devido à diversidade de regiões ocupadas pela cultura do café, a variedade de climas, relevos, altitudes e latitudes, o País produz tipos variados de grãos, o que possibilita atender às diferentes demandas de paladar e preços dos consumidores brasileiros e estrangeiros. Essa diversidade também permite o desenvolvimento de vários blends (misturas de tipos), tendo como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos e especiais. As duas principais espécies plantadas são o arábica (80% da área) e, o conilon ou robusta.
O País é o maior produtor e exportador de café e segundo maior consumidor da bebida no mundo. É o 5º produto na pauta de exportação brasileira, movimentando US$ 5,2 bilhões em 2017.
Ocupa uma área de 2 milhões de hectares com cerca de 300 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900 municípios, distribuídos nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rondônia, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Amazonas e Pará.
Atualmente a produção da espécie arábica está concentrada nos Estados de Minas Gerais, como maior produtor, seguido por São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Esses quatros estados concentram 85% da produção nacional dessa espécie, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab. O Conilon é cultivado principalmente no Espírito Santo, Bahia e Rondônia, concentrando 95% da produção nacional
A cafeicultura brasileira é, no mundo, uma das mais atentas às questões sociais e ambientais, havendo uma preocupação em garantir a produção de um café sustentável. A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais. São leis que respeitam a biodiversidade e os trabalhadores envolvidos na cafeicultura, com rigorosa restrição a qualquer tipo de trabalho análogo à escravidão ou infantil. Os produtores brasileiros preservam florestas e fauna nativa, controlam a erosão e protegem as fontes de água. A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo. As leis trabalhistas e ambientais brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.
Atualmente, o café é relevante fonte de receita para centenas de municípios, além de ser um importante setor na criação de postos de trabalho na agropecuária nacional. Os expressivos desempenhos da exportação e do consumo interno conferem sustentabilidade econômica ao produtor e sua atividade.
A cada ano aumentam os investimentos em certificações, que promovem a preservação ambiental, melhores condições de vida para os trabalhadores, melhor aproveitamento das terras, além de técnicas gerenciais mais eficientes das propriedades, com uso racional de recursos. O volume expressivo de cafés sustentáveis produzidos anualmente e a alta qualidade e diversidade das safras brasileiras fazem do Brasil um fornecedor confiável e capaz de atender às necessidades dos compradores nacionais e internacionais mais exigentes.
FUNCAFÉ
O setor cafeeiro conta com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé, criado pelo Decreto-Lei nº 2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e produção, à qualificação da mão de obra, à publicidade e promoção dos cafés brasileiros, apoiando a competitividade ao negócio café, com linhas de crédito para financiamentos do custeio, estocagem, e aquisição de café, e capital de giro para cooperativas, indústrias de torrefação solúvel e exportadores.
A organização do setor está estruturada no Conselho Deliberativo da Política do Café - CDPC, instância colegiada e deliberativa, presidido pelo Ministro do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA e, conta com assessoramento de quatro Comitês Diretores. As entidades privadas são representadas pelo Conselho Nacional do Café - CNC, que representa os produtores e cooperativas do setor cafeeiro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, representante dos produtores, a Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC, congregando as indústrias de torrefação e moagem, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel - ABICS, agregando as indústrias de café solúvel e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - CECAFE, reunindo as empresas exportadoras de café.
Para a safra 2018, as linhas de crédito para financiamento com recursos do Funcafé, são de R$ 4,9 bilhões para as finalidades de Custeio, Estocagem da produção, Aquisição de Café, Capital de Giro para Indústrias de Torrefação, de Solúvel, Cooperativas de Produção e, também para Recuperação de Cafezais Danificados.
Com essas linhas de crédito o Funcafé atende, anualmente, a certa de 8.000 produtores e cooperativas.
Dados estatísticos
Segundo a Conab, a safra brasileira, em 2018 é de 59,90 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, cultivados em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso, Amazonas e Pará.
A produção de café arábica tem uma característica vegetativa de bienalidade com um ano de safra mais elevada, positiva, e redução na seguinte, negativa. Em 2018 a produção de arábica é estimada em 45,94 milhões de sacos, sendo ano de bienalidade positiva. Já a de conilon ficou na marca de 13,97 milhões de sacos. A área plantada em produção (conilon e arábica) totaliza 1,86 milhão de hectares e a produtividade média é de 32,17 sacas por hectare, o melhor nível quando comparado à média histórica dos últimos 10 anos.
De 2012 a 2017 as exportações do complexo café – verde, solúvel, torrado e moído, totalizaram 200 milhões de sacas, trazendo US$ 35 bilhões de divisas para o Pais. Em 2017 as exportações foram de 30,9 milhões de sacas e a receita de US$ 5,24 bilhões, ocupando a 5ª posição entre os produtos mais exportados pelo agronegócio brasileiro.
Emprego
A cadeia produtiva de café é responsável pela geração de mais de 8 milhões de empregos no País, proporcionando renda, acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e suas famílias. Em algumas regiões cafeeiras, programas de inclusão digital capacitam jovens e adultos, ensinando noções básicas de computação e acesso à Internet.
Características das espécies cultivadas
O Brasil tem condições climáticas que favorecem o cultivo do café em 15 regiões produtoras. Essa diversidade garante cafés variados de Norte a Sul do País. Diante de diversos climas, altitudes e tipos de solo, os produtores brasileiros obtêm variados padrões de qualidades e aromas, entre as duas espécies cultivadas, arábica e robusta, os quais apresentam uma grande variedade de linhagens.
O café arábica (Coffea arabica L.) permite ao consumidor degustar um produto mais fino, requintado e de melhor qualidade. Esse tipo de café é cultivado em altitudes acima de 800 metros. Predomina nas lavouras de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e em parte do Espírito Santo.
O café robusta ou conilon (Coffea Canephora) é usado principalmente para a fabricação de cafés solúveis e em algumas misturas com o arábica. Apresenta um sabor único, menos acidez e teor de cafeína maior. Predomina nas lavouras do Espírito Santo, em Rondônia e em parte da Bahia e de Minas Gerais.
Pesquisas
O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café. Avanços significativos da cafeicultura brasileira estão relacionados a pesados investimentos em pesquisas em áreas importantes, como o melhoramento genético, biotecnologia, manejo de pragas, irrigação, qualidade da produção, biotecnologia, com preocupação na sustentabilidade econômica e na preservação ambiental, desenvolvidas anualmente pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café - CBP&D/Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, integrando uma rede de instituições brasileiras de pesquisa.
O Consórcio contempla cerca de 50 instituições de ensino, pesquisa e extensão rural para fomentar a pesquisa cafeeira no país. Contando com investimentos do Funcafé e de fontes federais e estaduais, o Consórcio Pesquisa Café, desde a criação em 1997, executou diversos planos de pesquisa nas mais diversas etapas da cadeia produtiva do café, inclusive com a preocupação na transferência da tecnologia gerada e organização das informações acumuladas, fazendo com que os resultados alcancem o setor produtivo e sejam percebidos pelos consumidores de café.
Histórico do Café
Conta uma lenda que, por volta do ano 800, um pastor de cabras da Abissínia (atual Etiópia) resolveu levar até um monge o fruto de uma planta que, segundo ele, deixava o rebanho alegre e bem-disposto quando a ingeria. O monge experimentou uma infusão daqueles frutos amarelos-avermelhados e percebeu que realmente o ajudava a ficar mais tempo acordado durante as suas meditações. O conhecimento do efeito do café chegou então ao Norte da África e entrou no mundo árabe em meados do século 15.
Apesar dos árabes terem tomado medidas para manter o monopólio da produção de café, os holandeses conseguiram contrabandear os frutos frescos para as suas colônias asiáticas (Java, Ceilão e Sumatra) e, depois, para as Antilhas Holandesas, na América Central. Na Europa, inicialmente, era consumido como remédio para combater vários males. Só a partir do século 17 começou a ser adotado como bebida.
O café chegou ao Brasil, por Belém no Pará, em 1727, vindo da Guiana Francesa, trazida pelo Sargento-Mor Francisco e Mello Palheta em viagem àquele Pais. Em virtude das favoráveis condições edafoclimáticas o cultivo de café espalhou da Região Norte para vários Estados.
Devido às circunstâncias climáticas, de relevo e solo, em meados do século 19 a cultura se estabeleceu mais fortemente no Vale do Rio Paraíba, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, iniciando um novo ciclo econômico no Brasil. Com a inserção da produção no mercado internacional, tornou-se o principal produto das exportações brasileiras. Por quase um século o café foi a principal riqueza nacional e as divisas fomentaram o desenvolvimento, com criação de cidades e ampliação de outros centros urbano no interior do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Em 1850 o Brasil já era o maior produtor mundial com 40% da produção total.
Ferrovias foram construídas para o escoamento da produção, em substituição ao transporte animal. O porto de Santos era o principal canal de saída da produção nacional. Importantes contingentes de imigrantes, principalmente italianos, chegaram para aumentar a mão de obra nos cafezais de São Paulo, principalmente após a abolição da escravidão em 1888.
A riqueza gerada pelos cafezais fortaleceu economicamente os proprietários e muitos imigrantes que saindo das lavouras se tornaram padeiros, alfaiates, ferreiros criando uma classe média e induzindo o crescimento das indústrias, comércio e serviços.
No século 19, São Paulo tornou-se a metrópole do café, com o progresso chegando ao interior, onde surgiram bancos para atender às necessidades financeiras da produção e, apoiando a industrialização do País.
FONTE: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento