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Produtores rurais comemoram aumento da produtividade com o Programa ABC Cerrado
Autoridades e produtores durante apresentação dos resultados do Projeto ABC Cerrado - Foto: Wenderson Araújo/CNA
Em São Gabriel do Oeste (MS), o produtor de gado para genética Renê Miranda Alves decidiu ousar e mudou o paradigma de produção da Fazenda Guavirá Poty. Situada em um importante polo agrícola da região, a propriedade enfrentava o desafio de apresentar produtividade em terra arenosa.
Depois de tentar várias alternativas para aumentar a capacidade de suporte da fazenda, Alves deixou o sistema de produção antigo, que demandava arrendamento de novas terras, para aderir ao projeto ABC Cerrado.
“O projeto pra mim foi divisor de águas, apesar de eu ser veterinário há mais de 20 anos, a assistência técnica que o Senar trouxe pra nós fez uma diferença muito grande”, diz.
Alves é um dos mais de 7 mil produtores rurais que aderiram ao ABC Cerrado nos últimos cinco anos. Ele participou da apresentação dos resultados do programa nesta quarta-feira, em Brasília, onde relatou a transformação da sua atividade depois da assistência que recebeu do projeto.
Segundo o produtor, as tecnologias de baixo carbono facilitaram o manejo do gado em diferentes estações, principalmente na seca, período em que é difícil manter a engorda dos animais. “Muitas vezes no período das águas eu passava com uma acomodação grande de animais e no período da seca eu tinha que retirar os animais, porque não tinha onde colocar. Às vezes, tinha que levar para um pasto arrendado”, relatou.
O produtor rural iniciou o uso das tecnologias do ABC em uma área experimental pequena com plantio de sorgo e milho, usados na alimentação dos animais. “Os produtores da região diziam que a gente ia dar um tiro no pé, porque com uma terra com 11% de argila, seria muito difícil ter uma produção de milho compatível com a necessidade que a gente tinha de fazer essa suplementação alimentar na época da seca”.
Contudo, em apenas seis meses de implantação do projeto, o produtor aproveitou diferentes soluções apresentadas pelo programa e viu a capacidade de suporte de sua fazenda crescer, o que refletiu no aumento de peso do gado. “Hoje, no setor onde entrou o programa, saltei de 1,5 para 5 a 7 unidades e não preciso mais trabalhar com arrendamento”, comemora.
Alves acrescenta que em 2019 foram superadas todas as expectativas de produção. Diante dos resultados, ele destaca que a assistência técnica é imprescindível em qualquer sistema de produção no meio rural. E acredita que o programa ABC pode elevar o Brasil à condição de maior fornecedor de carne sustentável do mundo.
“Conseguimos produzir em terras próprias a custo baixo. Com esse programa, a gente pode desfrutar do máximo da nutrição e do potencial genético do animal. O projeto mostra que o Brasil hoje é capaz de produzir a carne mais saudável do mundo porque ela vem direto do capim”, afirmou.
Na mesma região, outro produtor alcançou resultados expressivos. André Luís Toniasso Leandro, médico veterinário e produtor do município de Rochedo (MS), entrou no ABC Cerrado há 4 anos para melhorar a produção de sua fazenda.
“Nós tínhamos intuito de triplicar produção de arrobas por hectare e através de conhecimento do sindicato rural do município vizinho fiquei sabendo do projeto ABC. Onde a gente tinha um uso de 0,85 por hectare, chegamos a bater de 5 a 6 arrobas por hectare no primeiro ano já com intervenções do projeto ABC”, conta.
A tecnologia utilizada por Leandro é recuperação de pastagens degradadas. “Só com a recuperação de pastagens a gente conseguiu de 0,85 para 2,88, combate a infestação de pragas e do segundo ano em diante foi feita intervenção mecânica na adubação, foi onde nós chegamos nesses resultados de 5 até 6 arroubas por hectare”, explicou.
O produtor rural André Luís Toniasso Leandro entrou no ABC Cerrado há 4 anos para melhorar a produção de sua fazenda. Wenderson Araújo/CNA
Mais conhecimento
Para o agricultor Antônio Luiz de Lima Andrade, do interior do Maranhão, o ABC Cerrado veio para inovar e trazer mais conhecimento agrícola, principalmente para pequenos produtores, que representam mais de 85% dos assistidos pelo projeto.
“Quando comecei, fazia meus plantios com conhecimento próprio. E hoje fazemos toda a análise e correção do solo de acordo com a necessidade. Para nós, pequenos produtores, o programa ABC foi de grande valia. Só temos a agradecer à assistência técnica”.
Andrade, que também trabalha com pecuária de corte, conta que em sua propriedade percebeu aumento na produtividade de grãos e no número de animais abatidos por ano. “Dos grãos dobrou a quantidade e triplicou número de animais para abate, passei de 100 para mais de 300. Utilizei recuperação de pastagem degradada e recuperei em torno de 200 hectares”, disse.
De Brejolândia, Bahia, o produtor de leite Rodrigo Almeida Passos também celebra o conhecimento que recebeu da assistência técnica e os resultados que alcançou. “O programa veio para abrir nossos olhos. Em qualquer atividade que a gente vai realizar na nossa propriedade sempre tem alguma coisa que pode ser implantada", diz.
Para Passos, a participação nos cursos abriu a possibilidade para um desenvolvimento mais amplo. "Eu produzia com vacas cruzadas. Depois do incentivo do ABC, a gente acabou adquirindo matrizes e a produção aumentou. A gente produzia em torno de 20, 30 litros e hoje a gente consegue atingir 100, 120 litros, um avanço muito grande”, resume.
ABC Cerrado
O ABC Cerrado foi criado para difundir e incentivar a adoção de práticas sustentáveis nas propriedades rurais visando à redução das emissões de gases de efeito estufa nas atividades agropecuárias. A iniciativa também sensibilizou produtores rurais a investirem nas boas práticas para terem retorno econômico com conservação do meio ambiente.
O produtor que participa do Projeto tem benefícios sociais, ambientais e econômicos, que vão desde o aumento da fertilidade do solo até o aumento da produtividade.
O Projeto atende sete Estados (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais) do Bioma Cerrado e o Distrito Federal com a promoção de quatro processos tecnológicos de baixa emissão de carbono: Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto e Florestas Plantadas.
A iniciativa capacitou 7,8 mil produtores rurais e promoveu Assistência Técnica e Gerencial para 1.957. Desde o início do projeto, foram recuperadas mais 193 mil hectares.
Segundo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a união entre capacitação e assistência técnica proporcionou aumento de 34% no número de produtores que adotaram tecnologias de baixa emissão de carbono e uma área 16% maior utilizando essas tecnologias, quando se compara com produtores que não foram beneficiados com o projeto.
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