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Produto de Mato Grosso do Sul é feito com carne bovina e suco de laranja azeda
Linguiça de Maracaju recebe certificado de Indicação Geográfica
- Foto: Divulgação/Mapa
Mais um dos sabores da agropecuária brasileira recebe o certificado de registro de Indicação Geográfica (IG). É a linguiça de Maracaju, município de Mato Grosso do Sul com quase 50 mil habitantes, a 164 quilômetros de Campo Grande. A produção da iguaria – preparada com carne nobre bovina, temperos e suco de laranja azeda – remonta a 1890, duas décadas após o fim da Guerra do Paraguai. Hoje, o produto é reconhecido dentro e fora de Mato Grosso do Sul, conquistando cada vez mais apreciadores, por causa do sabor inigualável, e contribui para movimentar a economia local.
A linguiça de Maracaju recebe o certificado, na modalidade de indicação de procedência, durante seminário sobre IG, que começou nesta terça (5) e vai até quinta-feira (7), na sede do Sebrae, em Brasília. O selo, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), pode ser colocado no rótulo do produto fabricado pelos 12 integrantes da Associação dos Produtores da Tradicional Linguiça de Maracaju (Aptralmar). “Essa indicação geográfica está delimitada aos estabelecimentos do município”, esclarece o fiscal federal agropecuário Márcio Menegazzo.
Durante todo o processo para a obtenção do certificado, que começou em 2009, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apoiou os produtores locais, como faz com diferentes setores agrícolas há cerca de 10 anos.
O presidente da Aptralmar, Gilson Marcondes, destaca a importância cultural e econômica da linguiça para o município. Segundo ele, o produto deu origem, há 22 anos, ao maior encontro gastronômico de MS, a Festa da Tradicional Linguiça de Maracaju, realizada sempre em abril. O evento atrai turistas e gera empregos temporários, ajudando a fortalecer a agroindústria e o comércio do município.
Atualmente, os 12 produtores associados à Aptralmar, que seguem o regulamento de uso da produção, geram 70 empregos diretos. A produção da iguaria é de cerca de 240 mil quilos/ano. O preço do quilo varia, hoje, entre R$ 30 e R$ 40.
Para Marcondes, o recebimento do registro de indicação geográfica é a realização de um sonho. “Para concretizá-lo, tivemos uma força enorme do Mapa.” Além do Ministério da Agricultura, diz ele, o governo de MS, a prefeitura de Maracaju e o Sebrae ajudaram os produtores a obter o selo de IG. “Esse reconhecimento mostra que nossa região tem uma representação gastronômica e cultural, que é a linguiça de Maracaju.” O próximo passo, adianta, é ampliar as vendas dentro e fora do país. “Até já enviamos um dos nossos sócios a Dubai para conhecer aquele mercado.
Valor intrínseco e identidade
O INPI concede a IG apenas a produtos ou serviços característicos do seu local de origem. Isso lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade, além de distingui-los em relação aos seus similares no mercado.
A laranja azeda dá um sabor especial à linguiça, que só leva ingrediente naturais
Responsável pela área de Indicação Geográfica da Superintendência Federal de Agricultura de MS, Menegazzo destaca que a linguiça de Maracaju é um símbolo da cultura gastronômica do estado. “Desde a época do início da tradição da produção artesanal dos sabores da iguaria – baseada na cultura e nos costumes que preservou até hoje –, o produto vem ganhando reputação pelo sabor e pela maneira simples e rústica como é feito.” O alimento, assinala, é produzido com ingredientes naturais e sem aditivos químicos.
A indicação geográfica de linguiça de Maracaju, observa Menegazzo, não é só o reconhecimento a um produto de uma coletividade, mas é uma proteção jurídica contra falsas indicações de procedência. “Esse selo é um instrumento de garantia da preservação da qualidade vinculada à origem, impedindo a perda de sua especificidade ao longo do tempo. O registro contribui também para o desenvolvimento local e a diversidade alimentar, como resultado da conservação e promoção dos recursos naturais, culturais e sociais da Maracaju.”
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