Operação Fruto Proibido: análises realizadas pelo LFDA-RS detectam fraudes em sucos de maçãs
O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA-RS), o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal de São Paulo (SIPOV/SP) e a Coordenação-Geral de Vinhos e Bebidas (CGVB/DIPOV) participaram, no período entre novembro de 2020 a janeiro de 2021, da Operação Fruto Proibido. A Operação foi promovida em decorrência de denúncia de adulteração em sucos de maçã concentrados, vendidos diretamente para indústrias de bebidas não alcoólicas.
Foi possível demonstrar que o produto em questão era majoritariamente uma mistura de água e açúcar de cana, podendo conter aditivos como corantes ou aromatizantes. Todo produto produzido a partir dele (sucos mistos, néctares, refrescos etc.) estaria em desacordo com a regulamentação vigente, colocando em risco a credibilidade de uma cadeia de produção inteira.
As amostras analisadas pelo LFDA-RS foram coletadas pela fiscalização em ambas as fábricas no dia da operação fiscal. Além disso, foram detectadas unidades do produto apreendido sendo revendidas em outros estados, cujos serviços responsáveis atuaram na apreensão, coleta e envio das amostras ao laboratório.
As análises foram realizadas empregando um espectrômetro de massas de razão isotópica, único na Rede.
A espectrometria de massas de razão isotópica é uma técnica analítica utilizada para confirmar a autenticidade de alimentos e bebidas, tendo diferentes aplicações de acordo com o isótopo avaliado. A razão isotópica de carbono é utilizada com base nos ciclos de assimilação de carbono das plantas. A técnica de análise elementar acoplada a espectrometria de massas de razão isotópica (EA-IRMS) é a mais robusta das formas de análise isotópica, pois exige preparo de amostra mínimo e é aplicável a quase todas as matrizes; ela consiste na queima integral da amostra bruta, transformando os compostos orgânicos em gases elementares. Após a queima, os gases provenientes da amostra são ionizados, separados pela razão massa/carga e registrados nos detectores do espectrômetro de massas. Os valores obtidos são comparados com os valores de referência, estabelecidos durante a construção do banco de dados de cada matriz, para determinar se a amostra é autêntica.
O LFDA-RS já possuía um banco de dados robusto para a matriz maçã devido ao trabalho prévio de validação da análise de vinagre de maçã. Através desse banco de dados, obtiveram-se os valores de referência para a razão isotópica de carbono de produtos de maçã, já levando em consideração as diversas etapas de processamento industrial.
A técnica é utilizada para determinação de autenticidade em diversos produtos, até mesmo em matrizes mais complexas como leite em pó, bebidas destiladas e produtos cárneos. Ademais, pode ser utilizada como ferramenta-chave na caracterização da identidade de produtos com Denominação de Origem registrada.
De acordo com Artur Rocha, técnico de laboratório do IQA/LFDA-RS, “a operação foi uma demonstração do quanto a análise de razão isotópica é robusta e eficiente, técnica com ampla aplicabilidade, motivo pelo qual recebemos novas demandas diariamente. Os consumidores têm direito de acessar produtos autênticos, e esse monitoramento é parte de nosso trabalho."