Estatísticas do Setor
O Brasil vem presenciando nos últimos anos um forte aumento nas importações de fertilizantes. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA, 2021), em 2020, a importação de fertilizantes totalizou 32.872.543 toneladas, volume 11% superior ao volume registrado no ano de 2019. A Figura 4 a seguir representa o crescimento das importações ao longo dos anos, partindo de aproximadamente 7,4 milhões de toneladas em 1998 para quase 33 milhões em 2020, um crescimento de 445% em pouco mais de duas décadas. No mesmo período, a produção nacional teve queda de 13,5%, passando de 7,4 milhões de toneladas para 6,4 milhões.
A dependência se agrava quando se verifica que o Brasil deverá responder por quase metade da produção mundial de alimentos nos próximos anos, aumentando proporcionalmente a demanda por fertilizantes. Atualmente, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% desse volume. Aumentos nos preços desses insumos impactam negativamente nas exportações do agronegócio brasileiro, tornando o produto nacional menos competitivo, uma vez que a maior parte do custo de produção deriva do preço do fertilizante importado.
A queda de competitividade se traduz em menores saldos na balança comercial brasileira e na tendência de queda no PIB, ambos muito sensíveis ao desempenho das commodities agrícolas. A partir da expectativa de produção para as principais culturas brasileiras consumidoras de fertilizantes e com o auxílio de métodos estatísticos de modelos Statespace, foram elaborados 3 cenários de possível demanda de nutrientes para o Brasil no horizonte de 2030, 2040 e 2050 (Figura 5).
O principal nutriente aplicado no Brasil é o potássio, com 38%, seguido por fósforo, com 33%, e nitrogênio, com 29%. Em 2020, soja, milho e cana-de-açúcar responderam por 72% do consumo de fertilizantes no País (Figura 6).
Segundo a Conab, os dez países que lideram o ranking de maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil são Rússia, China, Canadá, Marrocos, Bielorússia, Catar, Estados Unidos, Alemanha e Holanda. A importância do Brasil no mercado mundial reside não só em seu volume, mas também no fato de que a sua demanda por fertilizantes se apresenta concentrada no segundo semestre, diferente de outros grandes consumidores, como China e Estados Unidos, que concentram o seu consumo no primeiro semestre.o consumo nacional depende, principalmente, do preço recebido pelos agricultores (renda), sendo influenciado também pelo preço relativo dos fertilizantes (relação de troca), política agrícola (crédito de custeio, preços mínimos etc.), expectativa de preços futuros e evolução da tecnologia agrícola. A relação de troca favorável permitiu que, em 2020, a importação de fertilizantes fosse 15% superior à média dos últimos 3 anos, totalizando, aproximadamente, 29,4 milhões de toneladas.
A Figura 07 apresenta, em termos monetários, a evolução do peso dos fertilizantes na balança comercial brasileira, por tipo de insumo. Nota-se o aumento expressivo a partir de 2006/2007 que, apesar da queda de demanda de 2009 por conta da crise econômica mundial de 2008, se estabelece em um patamar alto nos anos seguintes.
No ano de 2021, segundo a Conab, cresceu a movimentação portuária de fertilizantes nos principais portos do País: Paranaguá, Santos, Rio Grande e São Francisco do Sul, com destaque para a inclusão do porto de Itaqui, sobretudo pela infraestrutura existente para receber navios de maior porte e atender os estados do Centro-Oeste.
No período de janeiro a abril de 2021, os portos de Paranaguá e Santos foram responsáveis por 54% das importações recebidas no Brasil. As questões de infraestrutura são relevantes para a indústria de fertilizantes. A excessiva dependência do modal rodoviário, o alto custo da navegação de cabotagem e a baixa eficiência das operações portuárias são recorrentes queixas do setor. O transporte ferroviário é subutilizado. A utilização da intermodalidade traz vantagens econômicas e ambientais, especialmente para longas distâncias (VURAL et al., 2020).
A consolidação de um sistema logístico de distribuição integrado aliado à utilização dos modais de transporte baseados na sua vocação econômica e racionalidade operacional, é capaz de promover a redução dos custos de escoamento e distribuição de mercadorias. Resultando em maior competitividade para o agronegócio brasileiro no cenário internacional.