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VI JORNADA ESPACIAL
Em uma época que o país importava bicicletas, um teimoso grupo de militares e civis, liderados pelo brigadeiro Casimiro Montenegro Filho, resolveu, há sessenta anos, instalar a indústria aeronáutica no Brasil. A partir da criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), a cidade, que era conhecida como um bom lugar para se curar de tuberculose desenvolveu, tornando-se uma das mais prósperas cidades do Brasil e motivo de orgulho para aqueles que aqui residem e colaboram para esta prosperidade.
Quando do início do programa espacial brasileiro, em 1961, São José dos Campos foi a escolha natural para sediar o grupo de organização da comissão nacional de atividades espaciais. Afinal de contas era aqui que se encontravam os profissionais mais qualificados nessa área.
Em 2010 o resultado dessas ações salta aos olhos. A população de São José dos Campos, que era de 40 mil pessoas há sessenta anos, hoje ultrapassa os seiscentos mil habitantes. A economia, que era predominante rural e agrícola, hoje propicia um orçamento anual de um bilhão e quatrocentos milhões de reais.
Foi do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) que surgiu a embraer, ao final da década de 1960. Foi também de lá um dos maiores feitos tecnológicos do Brasil, o motor a álcool. Cabe também aos técnicos e engenheiros do DCTA contribuir para a manutenção dos aviões da força aérea brasileira, além de participarem de investigações de acidentes aéreos.
Engenhos espaciais desenvolvidos no instituto de aeronáutica e espaço são hoje vendidos à agência espacial européia, demonstrando a capacidade dos nossos técnicos e engenheiros. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), desde o início, é uma instituição cuja excelência é reconhecida internacionalmente. São José dos Campos também sedia o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Apesar de todos os benefícios trazidos ao país, o conhecimento do programa espacial brasileiro era restrito a uma pequena parcela da população. Foi a partir da criação do programa AEB escola, iniciativa da Agência Espacial Brasileira (AEB), que essa situação começou a mudar. Um dos objetivos do programa AEB escola é levar a temática espacial para as salas de aula de milhares de escolas brasileiras. Neste contexto, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) constitui instrumento singular. A oba é realizada anualmente pela sociedade astronômica brasileira em parceria com a AEB, o Inpe e o DCTA, representado pelo instituto de aeronáutica e espaço e pelo instituto tecnológico de aeronáutica. Em 2010 mais de setecentos e oitenta mil estudantes participaram da oba, levando à divulgação do programa espacial brasileiro como nunca antes ocorrida.
A VI Jornada Espacial, que ocorrerá entre o dia 26 de setembro e 1o de outubro, é fruto do programa AEB escola e da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, tendo sido instituída com o intuito de oferecer, a alunos e professores do ensino fundamental e médio, a oportunidade de conhecerem o pólo de tecnologia aeroespacial do país, bem como os pesquisadores e técnicos que nele atuam. Das cinco jornadas anteriores participaram 298 estudantes representando todas as regiões do país. Alguns desses alunos ingressaram no ita, no curso de engenharia espacial.
Nas atividades da vi jornada espacial estão previstas palestras, visitas a laboratórios e oficinas (vide programação em anexo). Dessa forma, a comissão organizadora da jornada espacial espera criar um ambiente propício à troca de experiências entre alunos e professores.
Participam da vi jornada espacial os 60 estudantes com melhor desempenho nas questões de astronáutica da OBA, aqui representando vinte e três estados da federação mais o distrito federal. Esses alunos serão acompanhados dos professores representantes da oba em suas escolas. Da jornada também participam estudantes ganhadores da quarta olimpíada brasileira de foguetes, que consistiu na construção e lançamento de foguetes em milhares de escolas brasileiras. Estudantes da rede municipal de ensino de São José dos Campos, que se destacaram na olimpíada brasileira de astronomia e astronáutica, também participarão da VI Jornada Espacial.
Os alunos conquistaram o direito de participar da vi jornada espacial em função da motivação para se aprofundarem em temas ligados a áreas do conhecimento, que vão além da grade curricular tradicional. No entanto, não custa lembrar que o interesse pela temática de astronomia e astronáutica foi induzido pelos seus professores, que por iniciativa própria e de modo voluntário assumiram, além das suas atividades didáticas de rotina, a responsabilidade adicional de conduzirem as atividades da oba em suas escolas.
Ao realizarem a VI Jornada Espacial o DCTA, INPE e AEB acreditam estar investindo no futuro do Brasil.