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Transferência de tecnologia permite o desenvolvimento na indústria nacional de sistema de propulsão para satélites
Foto: Sistema de propulsão monopropelente para microssatélites, desenvolvido pela empresa brasileira Fibraforte, durante testes de vibração no Laboratório de Integração e Testes, no INPE, em maio de 2020.
O plano de absorção e transferência de tecnologia espacial para a indústria nacional, no âmbito do contrato de aquisição e desenvolvimento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), lançado em 2017, permitiu, à Fibraforte Indústria e Comércio, uma das seis empresas brasileiras selecionadas por meio de edital de seleção pública do MCTI/AEB/Finep/FNDCT, concluir, em junho de 2020, o ciclo completo de design, desenvolvimento, produção e entrega de um sistema de propulsão monopropelente para satélites. No caso específico da Fibraforte, o estado-da-arte em equipamentos de propulsão monopropelente (hidrazina) foi transferido ao nosso País.
O Acordo de Transferência de Tecnologia Espacial, firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao MCTI, e a empresa Thales Alenia Space (TAS), com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), iniciou-se em 2015 e, desde então, possibilitou o fortalecimento da competência técnica de empresas nacionais no desenvolvimento e fornecimento de soluções, produtos e serviços espaciais.
A AEB é a instituição responsável pela coordenação, monitoramento e avaliação dos resultados do plano de absorção e transferência de tecnologia do SGDC. De acordo com o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Paulo Barros, o processo de transferência de tecnologia permitiu às empresas selecionadas adquirir todo o know-how e a competência tecnológica necessária para projetar, desenvolver, fabricar, testar e qualificar produtos espaciais de excelência.
“O processo de transferência de tecnologia proporcionou às empresas partícipes, além da garantia de manutenção de sua planta industrial e geração de novos empregos, a possibilidade de se capacitar em tecnologias avançadas, estando aptas a atender não só o mercado interno como também o externo, ofertando produtos competitivos e de alta confiabilidade desenvolvidos no Brasil”, afirmou Barros.
Quinze profissionais da Fibraforte, 13 engenheiros, um técnico e um administrador, estiveram diretamente envolvidos no processo de transferência de tecnologia, por meio de treinamentos realizados na França e no Brasil. A capacitação desses profissionais foi conduzida em acordo com os exigentes padrões e requisitos do mercado internacional e culminou no desenvolvimento de um propulsor monopropelente de 1N de empuxo, tanque de propelente de 40l e um sistema de propulsão monopropelente para microssatélites.
Foto: Sistema de propulsão monopropelente para microssatélites – MPS Unit, projetado, desenvolvido, fabricado, testado e entregue pela Fibraforte em abril de 2020.
“O processo de aquisição de tecnologia foi bem-sucedido graças ao esforço harmônico da TAS e Fibraforte sob coordenação da AEB. Por um lado, a TAS foi eficaz no ensinamento de regras de projeto, e requisitos para qualificação, e a Fibraforte foi diligente nas tarefas de projeto, fabricação e testes durante a concretização do desenvolvimento dos equipamentos” explica Jadir Nogueira Gonçalves, sócio-diretor e um dos fundadores da Fibraforte.
O sistema de propulsão é um equipamento importante para modificar a velocidade de um satélite e garantir a correta inserção em órbita, além de ajudar a manter uma espaçonave na órbita e na atitude desejadas. O sócio-diretor da Fibraforte, Jadir Nogueira Gonçalves, destacou que a empresa adquiriu novas habilidades e considerável progresso técnico no ciclo completo de produção desse tipo de sistema, após a participação no processo de transferência de tecnologia do SGDC.
“O sistema de propulsão desenvolvido tem potencial aplicação em projetos nacionais como, por exemplo, uma eventual industrialização da Plataforma Multimissão (PMM) e futuros projetos de satélites e lançadores”, afirmou Jadir.
Além de uma sequência extensa de testes realizados na Fibraforte, todos os equipamentos foram testados no Laboratórios de Propulsão e no Laboratório de Integração e Testes, ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Cachoeira Paulista e São José dos Campos (SP), respectivamente. Os propulsores passaram recentemente por testes de vibração e teste de tiro.
As seis empresas nacionais selecionadas para participar do plano de absorção e transferência das tecnologias do SGDC foram AEL Sistemas, Cenic Engenharia, Equatorial Sistemas, Fibraforte, Opto Eletrônica e Orbital Engenharia. Os resultados e realizações dessas outras empresas no marco do Acordo de Transferência de Tecnologia Espacial firmado entre a AEB e a TAS também serão apresentados por meio de uma série de matérias a serem publicadas nos canais de comunicação da AEB.
Foto: Engenheiro da Fibraforte durante treinamento de soldagem da tubulação de Sistema de Propulsão, em setembro de 2016, nas instalações da TAS, na França.
Sobre a Fibraforte
A Fibraforte foi criada em 1994, época do início do envolvimento das indústrias no Programa Espacial Brasileiro. Atua no segmento espacial fornecendo estruturas, mecanismos e sistemas de propulsão para satélites.
A Fibraforte iniciou sua atuação na área de propulsão em 1998, com o desenvolvimento de propulsores de 2N, projetados pelo INPE, que foram integrados numa plataforma suborbital fazendo parte de um experimento tecnológico de sistema de controle de atitude.
Em 2002 a empresa assumiu o fornecimento do Subsistema de Propulsão da PMM, que hoje está integrado no satélite Amazonia-1. A Fibraforte desenvolveu para esse sistema as válvulas de enchimento e dreno (FDVs) e os Propulsores de 5N. As tecnologias anteriormente desenvolvidas foram determinantes para a escolha da Fibraforte no processo de seleção para o Programa de Transferência de Tecnologias do SGDC e foram fundamentais para o sucesso de sua participação no Programa.
Sobre o SGDC
O SGDC fornece cobertura de serviços de internet a 100% do território nacional de forma a promover a inclusão digital para todos os cidadãos, além de fornecer um meio seguro e soberano para as comunicações estratégicas do Governo Federal. O satélite opera nas bandas X e Ka, destinadas respectivamente ao uso de comunicações de defesa – que representa 30% da capacidade do equipamento – e ao uso cívico social, provendo banda larga às regiões mais remotas do Brasil – que corresponde a 70% da capacidade.
Hoje o satélite brasileiro provê conexão em banda larga para mais de 9 mil escolas, com mais de 12.500 pontos instalados, beneficiando cerca de 2,5 milhões de alunos da rede pública de ensino, áreas indígenas e Unidades Básicas de Saúde.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira é uma autarquia vinculada ao MCTI, responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira. Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
Coordenação de Comunicação Social – CCS